"Plantas - Vegetais - Ervas Medicinais"
"AS ERVAS - PLANTAS - VEGETAIS - FRUTAS - CURAM"
ETNOBOTÂNICA II – HISTÓRIA II
INTRODUÇÃO
O termo Etnobotânica foi empregado pela primeira vez por Harshberger - (John William Harshberger 1886-1929 ), em 1895, para designar o estudo da relação entre os humanos e as plantas utilizadas por eles e da utilização dos vegetais pelos aborígenes, mas na realidade, desde a antiguidade o homem preocupou-se em analisar e catalogar os diversos usos das plantas, que embora não o tenha definido, apontou maneiras pelas quais ele poderia servir à investigação científica (JONES 1941; AMOROZO, 1996).
Quando usado e ligado ao nome de uma disciplina, implica que pesquisadores desses campos buscam as percepções locais dentro desse enfoque acadêmico.
Durante muito tempo, a investigação etnobotânica era conhecida como sinônimo da botânica econômica, tendo sua história paralela à evolução da botânica sistemática e econômica.
Observações relativas ao uso de plantas por culturas diferentes da europeia, aparentemente exóticas, eram feitas por exploradores, comerciantes, missionários, antropólogos e botânicos, constituindo desta forma as raízes da Etnobotânica enquanto disciplina acadêmica (JORGE, 2001).
Inicialmente os estudos se preocupavam apenas em catalogar os usos das plantas utilizadas pelos povos indígenas ao redor do mundo.
Prance (1985) lembra que foi com os trabalhos de Carolus Linnaeus que a história da botânica e da etnobotânica teve inicio; segundo o autor, Linnaeus enviava seus alunos para diversas partes do mundo de onde traziam grande número de espécies novas, como também dados referentes às culturas visitadas, os costumes dos habitantes e o modo como utilizavam as plantas.
Diários de viagem continham riqueza de dados etnobotânicos.
Em 1886, Alphonse De Candolle publica „Origin of cultivated plants‟, onde dados etnobotânicos foram empregados nos estudos sobre a origem e distribuição de plantas cultivadas (ALBUQUERQUE, 2002).
Em 1887, Stephen Powers (1840-1904)usou o termo “Botânica Aborígine” para descrever o estudo de todas as formas do mundo vegetal usadas pelos aborígines.
Em 1887, Stephen Powers (1840-1904)usou o termo “Botânica Aborígine” para descrever o estudo de todas as formas do mundo vegetal usadas pelos aborígines.
Esse campo do conhecimento foi definido como o estudo da utilização das plantas pelas sociedades ocidentais e também como o estudo dos tipos de vegetação que os povos nativos utilizam como commodities, como a medicina, os alimentos, os tecidos e os ornamentos (VIZGIRDAS; REYS-VISGIRDAS, 2006).
Numerosos trabalhos semelhantes a este foram realizados, o que levou aos primeiros estudos de etnobotânica com grupos étnicos individuais (JORGE, 2001).
Segundo Martin (1995), a etnobotânica é parte da etnoecologia que trata das relações com as plantas.
Etnoecologia é o estudo que descreve as interações de populações locais com o ambiente natural.
Com o desenvolvimento das ciências naturais e, posteriormente da antropologia, o estudo das plantas e seus usos por diferentes grupos humanos passou a ter outra visão.
A partir de meados do século XX, o conceito da etnobotânica foi evoluindo, com diversos pesquisadores apresentando suas definições, de acordo com os estudos que realizavam (COTTON, 1996).
Atualmente, esta ciência busca não só registrar o uso dos vegetais, mas também as formas de manejo que a comunidades tradicionais realizam para obter e manter os recursos que necessitam.
Estuda, assim, a total interação entre comunidades tradicionais e a vegetação ao seu redor (MARTIN, 1995); as inter-relações planta,homem, integrados num dinâmico ecossistema de componentes naturais e sociais (ALCORN, 1995); o estudo das relações mútuas entre plantas e culturas humanas, como as plantas são classificadas, nomeadas, usadas e manejadas, e como a sua exploração pelo homem influencia a sua evolução (COTTON, 1996); ou ainda, a totalidade de emprego das plantas numa determinada cultura (FORD, 1986).
Seu significado foi ampliado por Robbins (1916, apud JORGE, 2001) que sugere a inclusão da investigação e avaliação do conhecimento de todas as fases de vida da planta e os efeitos que têm sobre a história de vida deste povo (PLOTKIN, 1995).
Em 1967, Schultes amplia este conceito para as relações entre o homem e a vegetação de seu ambiente.
Em sua pesquisa eram incorporados, sempre que possível, dados botânicos, antropológicos, químicos e farmacêuticos.
Também começou a escrever sobre a importância de conservar os dados etnobotânicos das regiões, visto que as guerras, o aumento dos interesses comerciais, o turismo, entre outros fatores, podiam levar ao desaparecimento dessas culturas (PLOTKIN, 1995).
Xolocotzi (1982) definiu a etnobotânica como o campo científico que estuda as inter-relações que se estabelecem entre o ser humano e as plantas através do tempo e em diferentes ambientes.
Ford (1986) a definiu como o estudo das inter-relações diretas entre homens e plantas.
Ford (1986) a definiu como o estudo das inter-relações diretas entre homens e plantas.
Jain (1987, apud MING; AMARAL JÚNIOR, 1995), ampliou o conceito, abrangendo todos os aspectos da relação do ser humano com as plantas, seja de ordem concreta (uso material, conservação, uso cultural, desuso) ou aberta (símbolos de culto, folclore, tabus, plantas sagradas).
Por causa dessa abrangência, a prática da etnobotânica necessita de uma elaboração e colaboração interdisciplinar.
Prance (1991) enfatiza que a participação de pesquisadores das áreas da botânica, antropologia, ecologia, química, engenharia florestal e agronomia possibilita maiores progressos nas pesquisas etnobotânicas, abordando de maneira múltipla como o homem percebe, classifica e utiliza as plantas.
Segundo Alexíades (1996) a Etnobotânica representa o estudo das sociedades humanas, passadas e presentes, e todos os tipos de inter-relações: ecológicas, evolucionárias e simbólicas
.
Entre muitos outros questionamentos, Alcorn (1995, apud JORGE; MORAIS, 2003) analisa a etnobotânica por intermédio das relações entre os seres humanos e os recursos vegetais, procurando responder a questões como: quais as plantas que estão disponíveis em determinado ambiente; quais plantas são reconhecidas como recursos; como o conhecimento etnobotânico está distribuído na população; como os indivíduos percebem, diferenciam e classificam a vegetação e como esta é utilizada e manejada.
Baseada na definição dada por Dr Darryl Addison Posey (1947-2001), para Etnobiologia, Amorozo (1996) define a Etnobotânica como a disciplina que se ocupa do estudo do conhecimento e das conceituações desenvolvidas por qualquer sociedade a respeito do mundo vegetal, englobando tanto a maneira como um grupo social classifica as plantas, como os usos que dá a elas.
A coleta de informações dessas populações é fundamental para obter e resgatar o conteúdo de aspectos culturais, muitas vezes específicos de cada local e importantes para o uso coerente das plantas (ALVES, 2008).
Por meio da análise qualitativa e cronológica dos trabalhos realizados, pode-se observar que houve uma evolução conceitual e metodológica a respeito da etnobotânica.
Atualmente, a Etnobotânica Quantitativa passa a fazer parte da abordagem, como complementação dos estudos.
Prance (1985) comenta que este tipo de pesquisa se tornará o futuro da etnobotânica.
Também Albuquerque (2000) cita a necessidade de quantificação dos dados nos estudos etnobotânicos e alerta para discussões sobre os direitos de propriedade intelectual e o retorno dos benefícios da investigação etnobotânica para as comunidades estudadas.
No Brasil, considerando a ampla diversidade de espécies vegetais, bem como a riqueza étnico-cultural, o uso popular de plantas medicinais é muito relevante.
Por isso, os estudos etnobotânicos são fundamentais, uma vez que possibilitam o resgate e a preservação dos conhecimentos populares das comunidades envolvidas (GARLET; IRGANG, 2001).
Segundo Souza (1998), em curto prazo outras formas de retorno podem ser previstas pelo pesquisador, como palestras sobre temas de interesse da comunidade; implantação de hortas medicinais; confecção de cartilhas que venham instruir sobre a prática fitoterápica.
Ao longo do trabalho, pode-se orientar a comunidade sobre a importância do seu saber, para que seja universalizada.
A Etnobotânica tem sido objeto de estudo no mundo e no Brasil, onde as diversas áreas de investigação tentam resgatar o conhecimento popular a respeito dos vegetais, seus usos e especialmente ao uso medicinal.
A intensificação dos trabalhos etnobotânicos leva a conhecer as espécies ainda utilizadas e poderá servir como instrumento para delinear estratégias de utilização das espécies nativas e seus potenciais (MING et al., 2000).
O mesmo autor (MING, 1996) refere-se à importância em desenvolver estudos sobre as propriedades farmacológicas das espécies, para que não se tenham de importar fitoterápicos.
A prática etnobotânica recebeu diferentes enfoques com o passar do tempo, cada qual refletindo a formação acadêmica dos pesquisadores envolvidos.
A prática etnobotânica recebeu diferentes enfoques com o passar do tempo, cada qual refletindo a formação acadêmica dos pesquisadores envolvidos.
Sendo de natureza interdisciplinar, permitiu e permite agregar colaboradores de diferentes ciências, com enfoques diversos como o social, cultural, da agricultura, da paisagem, da taxonomia popular, da conservação de recursos genéticos, da linguística e outros (MING; AMARAL Jr., 1985).
Com isto vem ganhando prestígio cada vez maior nos últimos anos e suas implicações ideológicas, biológicas, ecológicas e filosóficas dão respaldo ao seu crescente progresso metodológico e conceitual (JORGE; MORAIS, 2003).
Atualmente, com base nos trabalhos já realizados, pode-se entender a etnobotânica como sendo o estudo das inter-relações (materiais ou simbólicas) entre o ser humano e as plantas, devendo-se somar a este os fatores ambientais e culturais, bem como os conceitos locais que são desenvolvidos com relação às plantas e ao uso que se faz delas (JORGE; MORAIS, 2003).
No Brasil, por exemplo, os alemães J. B. Von Spix e Carl F. P. Von Martius, no século XIX, fizeram notas do uso de plantas pelos indígenas.
Já muito antes (no século XVII) no Nordeste do Brasil, os holandeses Guilherme Piso e Georg Marcgraf, coletaram plantas e registraram usos conhecidos pelos nordestinos (ALBUQUERQUE, 2002).
A obra é dividida em duas partes principais, e ainda conta com um apêndice por João De Laet.
Já muito antes (no século XVII) no Nordeste do Brasil, os holandeses Guilherme Piso e Georg Marcgraf, coletaram plantas e registraram usos conhecidos pelos nordestinos (ALBUQUERQUE, 2002).
A obra é dividida em duas partes principais, e ainda conta com um apêndice por João De Laet.
A primeira, de nome De Medicina Brasiliensi, foi da autoria de Guilherme Piso.
A subdivisão, em quatro livros, foca os seguintes temas:
- Do ar, das águas e dos lugares.
- Das doenças endêmicas.
- Dos venenos e seus antídotos.
- Das propriedades dos símplices.
A segunda parte, de nome Historiae Rerum Naturalium Brasiliae, é composta por oito livros, de autoria de George Marcgraf.
Os livros abordam os seguintes temas:
Os livros abordam os seguintes temas:
- 1º, 2º e 3º - botânica
- 4º - peixes
- 5º - pássaros
- 6º - quadrúpedes e serpentes
- 7º - insetos
- 8º - região do Nordeste brasileiro e suas gentes
GEORG
MARCGRAF - (MARC GRAF , MARCGRAVE)
No
período em que o Conde alemão Maurício de Nassau administrou Recife e boa parte
do Nordeste (1637-1644) como uma possessão holandesa, artistas e naturalistas
estiveram por algum tempo no Brasil para descrever paisagens e animais, fazer
mapas, conhecer o território e prospectar riquezas.
Os
mais conhecidos são os pintores Frans Post, Albert Eckhout e Zacharias Wagner,
o médico Guilherme Piso e o alemão George (Marcgraf, Marc Graf) Marcgrave.
Este
último foi provavelmente o primeiro naturalista e astrônomo a fazer descrições
e estudos científicos no Brasil com uma visão mais moderna, valorizando, no
método, a observação e a experimentação
Em
2010 completam-se 400 anos de seu nascimento.
“Marcgrave foi um polímata às vésperas
da emergência da ciência moderna.
Ele já não era mais o cientista
medieval clássico que procurava o conhecimento apenas no passado”.
“Embora ainda um homem em transição,
diferentemente de seus antecessores que estiveram no Brasil, ele tinha recebido
formação e treinamento específicos para, por meio da observação atenta e
sistemática da natureza, descobrir novos conhecimentos. ”
Os primeiros relatos feitos no Novo
Mundo e o trabalho de Marcgrave são momentos distintos da evolução da ciência.
Marcgrave deixou sua cidade natal,
Liebstadt, aos 17 anos e peregrinou por pelo menos 10 universidades europeias,
onde aprendeu geografia, cartografia, botânica, medicina, matemática e
astronomia na Alemanha, França, Polônia, Suíça e Holanda.
Na Holanda frequentou a Universidade de
Leiden em 1636 e 1637, onde foi aluno do astrônomo Jacob Golius e usuário do
observatório, o primeiro de uma instituição acadêmica no mundo.
Marcgrave foi um dos primeiros
astrônomos a usar luneta para observar o céu de modo sistemático.
De
Leiden veio para o Brasil, provavelmente por influência de Johan de Laet, um
dos diretores da Companhia das Índias Ocidentais, que patrocinava viagens
exploratórias pelo mundo.
Junto
com Piso, integrou a equipe de Nassau, já no Recife.
Chegou
em 1638, aos 28 anos, e fez expedições, descreveu e desenhou animais e plantas
e conheceu índios.
Depois
da morte aos 34 anos(sem fotos da época), em Angola, seus
relatos foram publicados junto com os de Piso em Historia Naturalis Brasiliae.
Carl
Lineu utilizou o trabalho do alemão para fazer suas primeiras classificações.
No Recife, Marcgrave morou no mesmo
casarão em que já vivia Nassau.
Os trabalhos etnobotânicos no Brasil foram em grande maioria, realizados em tribos indígenas, principalmente na Amazônia, dado pela histórica relação dessas comunidades com a floresta tropical.
Por causa dessa riqueza de conhecimento por parte das comunidades indígenas, outros tipos de comunidades ficaram como que desprezadas durante um período, sem interessar aos etnobotânicos.
De alguns anos para cá, estas outras comunidades passaram a ser, também alvo de estudos etnobotânicos, como por exemplo, as rurais, formadas por caboclos, caiçaras e camponeses (BRANCH; SILVA, 1983); comunidades de pescadores e litorâneas (FIGUEIREDO; LEITÃO-FILHO; BEGOSSI, 1993); comunidades e grupos culturais negros (ALBUQUERQUE; CHIAPPETA, 1997; ALBUQUERQUE; ANDRADE, 1998).
Balick & Cox (1999), definem como sendo o campo de estudo que analisa o resultado da manipulação de plantas ou partes vegetais por culturas tradicionais, assim como, o contexto cultural em que cada planta é utilizada.
Balick & Cox (1999), definem como sendo o campo de estudo que analisa o resultado da manipulação de plantas ou partes vegetais por culturas tradicionais, assim como, o contexto cultural em que cada planta é utilizada.
Heinrich, (2004) definem etnobotânica como a ciência que estuda a relação entre humanos e plantas em toda sua complexidade, e é baseada geralmente na observação detalhada e estudo do uso que uma sociedade faz das plantas, incluindo as crenças e práticas culturais associadas com este uso e
foca não somente as plantas medicinais, mas também outros produtos derivados da natureza, como: alimentos, plantas utilizadas em rituais, corantes, fibras, venenos, fertilizantes, materiais de construção para casas, barcos, ornamentos, óleos, etc.”
APLICAÇÕES
Os estudos etnobotânicos podem ter várias aplicações, entre elas:valorização da diversidade cultural e vegetal;resgate, valorização e entendimento sobre as dinâmicas do conhecimento tradicional a respeito da utilização da flora;conservação da flora;desenvolvimento científico e tecnológico baseado na diversidade e potencialidade vegetal;
APLICAÇÕES
Os estudos etnobotânicos podem ter várias aplicações, entre elas:valorização da diversidade cultural e vegetal;resgate, valorização e entendimento sobre as dinâmicas do conhecimento tradicional a respeito da utilização da flora;conservação da flora;desenvolvimento científico e tecnológico baseado na diversidade e potencialidade vegetal;
IMPORTÂNCIA
A etnobotânica possibilita a compreensão da estrutura lógica da relação entre homens e a flora que o cerca.
Por estudar a concepção humana sobre as plantas e suas relações, é uma importante forma de conservação da integridade e conhecimento das comunidades tradicionais.
O Brasil é considerado um dos sete países com os maiores índices de biodiversidade, sendo o primeiro do ranking quanto ao número de plantas superiores, além de ser um país com diversas etnias indígenas e culturas que englobam: populações de quilombolas, afro-brasileiros, caiçaras, ribeirinhos, jangadeiros, dentre outras.
A etnobotânica analisa e estuda as informações populares que o homem tem sobre o uso das plantas.
É através dela que se mostra o perfil de uma comunidade e seus usos em relação às plantas, pois cada comunidade tem seus costumes e particularidades, visando extrair informações que possam ser benéficas sobre usos medicinais de planta.
Além disso, Begossi (1998) ressalta que os estudos etnobotânicos contribuem em especial para o desenvolvimento planejado da região onde os dados foram coletados.
Culturas surgiram e desapareceram durante a trajetória histórico evolutiva da humanidade, e cada uma, passada e atual, teve e têm uma maneira de relacionar-se com a natureza e de entender os fenômenos naturais, manipulando o seu mundo natural com a precisão que lhes é possível (ALBUQUERQUE, 2002; SOARES, 2003).
A prática da etnobotânica recebeu diferentes enfoques com o passar do tempo, cada qual refletindo a formação acadêmica dos pesquisadores envolvidos, que, sendo de natureza interdisciplinar, permitiu e permite agregar colaboradores de diferentes ciências com enfoques diversos como o social, cultural, da agricultura, da paisagem, da taxonomia popular, da conservação de recursos genéticos, da linguística e outros (MING, 1995; 1996).
Dentro do conceito apresentado, inelegível a necessidade da integração de várias áreas, entre elas, a botânica, antropologia, a linguística (quando, por exemplo, o estudo é feito com povos indígenas), agronomia, medicina e a ecologia, o que acaba proporcionando à disciplina ampla abordagem e aplicações, tornando-a bastante desafiadora, principalmente quando se considera o desenvolvimento separado e as barreiras encontradas entre os diversos campos de estudos envolvidos (ROMAN, 2001; POSEY, 1987).
Tanto a etnobotânica como a Etnofarmacologia têm demonstrado ser poderosas ferramentas na busca por substâncias naturais de ação terapêutica.
Apesar disso, alguns fatores limitantes a tais abordagens podem ser mencionados, como: a dificuldade de coletar informações fidedignas das pessoas; o fato do uso de plantas em diferentes culturas encontrarem-se sempre associado, em maior ou menor grau, a componentes mágico-religiosos; a existência de questões éticas que envolvem acesso a conhecimento tradicional associado ao uso da biodiversidade.
Sem dúvida, muitos estudos ditos etnodirigidos têm sido desenvolvidos à margem dessas discussões, o que tem levado a várias situações: publicações com problemas éticos, metodológicos, teóricos, com resultados pobres e limitados quanto à sua aplicação utilitária para a descoberta de novos fármacos (ALBUQUERQUE; HANAZAKI, 2006).
O campo de pesquisa da Farmacologia vive em constante renovação de conhecimentos de novos fármacos para as mais diversas patologias.
Muitas das informações e dos conhecimentos que se tem hoje são graças aos conhecimentos obtidos da cultura popular sobre o uso de remédios para determinados males que afetam ou afetavam a humanidade.
Desta mesma forma, informações etnobotânicas são importantes para o campo farmacêutico, pois todo o conhecimento da relação de uma determinada comunidade com as plantas daquele local é válido para servir como base de pesquisas futuras com os princípios ativos encontrados naquela planta, partindo das informações etnobotânicas que foram coletadas.
Os custos crescentes de tratamentos e a dificuldade da maioria da população no acesso aos medicamentos sintéticos e a ineficácia dos mesmos, em alguns casos, devido à ocorrência de resistência microbiana pelo uso excessivo, tornando-os inadequados para os fins medicinais impulsionam cada vez mais o uso de plantas com ação terapêutica.
As novas tendências globais de uma preocupação com a biodiversidade e as ideias com desenvolvimento sustentável trouxeram novos ares ao estudo das plantas medicinais brasileiras, que acabaram despertando novamente um interesse geral na Fitoterapia (LORENZI; MATOS, 2008).
O uso de plantas medicinais na cura de doenças deixou de ser considerado místico.
Atualmente é objeto de estudo para grandes pesquisas científicas com comprovações diante da farmacologia e Fitoquímica.
Desta forma, plantas medicinais caracterizam-se por toda e qualquer planta que atue de maneira benéfica no combate ou minimização de qualquer enfermidade.
O estudo do uso tradicional das plantas e seus produtos no Nordeste brasileiro, através da investigação Etnomedicinal das plantas conhecidas como medicinal ou tóxicas, revelou um total de 483 espécies entre 79 famílias, das quais 466 espécies correspondem a 96,5% das registradas pelo seu uso medicinal, 8 como medicinal e tóxica e 27 somente como tóxica (AGRA; FREITAS; BARBOSA-FILHO, 2007).
Para o Nordeste, poucas pesquisas têm sido realizadas junto a comunidades, destacando-se nesta área, o trabalho de Sales e Lima (1984) realizaram o levantamento das plantas utilizadas para diversos fins na microrregião de Soledade, Paraíba, em áreas de Caatinga.
As espécies foram identificadas em formas de uso, das quais as principais foram medicinais (88%), combustível (80%) e alimentícia (35%).
Silva (2000) realizou estudos etnobotânicos em comunidades situadas na zona do litoral-Mata do estado de Pernambuco em relação ao perfil sócio-econômico e vegetação.
Foram registradas 392 espécies, nativa e cultivadas.
Paula et al., (2003) realizaram estudos etnobotânicos de plantas de uso medicinal pela comunidade da região arqueológica de Central – Bahia.
Foram indicadas 61 espécimes distribuídas em 32 famílias, onde a predominância das Leguminosae 24,57% se atesta com 8,19% para cada subfamília (Papilionoideae, Caesalpinoideae e Mimosoideae) e Euphorbiaceae com 8,19%.
No entorno da Reserva Natural Serra das Almas, localizada na divisa do Ceará e do Piauí foi realizado um diagnóstico de plantas com usos terapêuticos e caracterização do perfil de comunidades sobre a conservação da flora nativa, resultando em 61 espécies medicinais citadas, pertencendo a 36 famílias, nas quais, por falta de material botânico em estado reprodutivo, 27 foram identificadas em nível de gênero.
As famílias e subfamílias com maior número de espécies mencionadas foram: Lamiaceae (8), seguida de Euphorbiaceae (5), Anacardiaceae e Leg-Caesalpinoideae (4), Leg-Faboideae e Verbenaceae (3), Apocynaceae, Bignoniaceae, Moraceae e Olacaceae com 2 espécies em cada (MAGALHÃES, 2006).
Reconhecendo a importância desse Ecossistema para a região, e a necessidade de maior conhecimento sobre sua flora, o estudo etnobotânico realizado nestas localidades buscou resgatar o conhecimento dos moradores sobre as plantas medicinais, que fazem parte do seu ambiente cotidiano e de sua história de vida.
Segundo Agra (1982); Agra e Barbosa-Filho (1990); Agra e Silva (1996), cerca de 300 espécies sejam empregadas com fins medicinais em todo Estado e aproximadamente 50% destas espécies somente são encontradas na vegetação de caatinga, como Commiphora leptophloeos (Mart.) Gillett (imburana-de-espinho), Amburana cearesis (Fr. All.) AC. Smith (cumarú) e Cereus jamacaru DC. (mandacaru), entre outras.
Considerando todos esses aspectos entende-se que as pesquisas etnobotânicas na região Nordeste contribuirão para resgatar e tornar mais intenso o uso de plantas com Valores Terapêuticos, além de comprovar cientificamente que o conhecimento armazena informações sobre o tipo e potencial medicinal das plantas mais utilizadas pelos moradores de determinada comunidade, minimizando além dos problemas de saúde, alguns de cunho financeiro e social.
De acordo com Rodrigues (1998), tendo em vista a importância de sanar, ou pelo menos de amenizar os problemas sócio econômicos da população brasileira, é crescente a preocupação em se estabelecer espécies de plantas medicinais para pesquisas, suas potencialidades, usos e meios de conservação desses recursos genéticos.
Nesse contexto, a investigação etnobotânica pode desempenhar funções de grande importância, como reunir informações acerca de todos os possíveis usos das plantas, contribuindo para o desenvolvimento de novas formas de exploração dos ecossistemas que se oponham às formas destrutivas vigentes (ALVES et al., 2008).
Tradicionalmente, etnobotânicos de todo o mundo têm registrado plantas, seus usos por populações humanas e formas terapêuticas (no caso de plantas medicinais).
Esse tipo de procedimento proporciona o progresso dos estudos básicos e aplicados, fitoquímicos e farmacológicos, uma vez que fornece a matéria-prima aos pesquisadores de áreas afins e o conjunto de dados necessários para as análises pretendidas.
Nesta perspectiva, reconhecer a importância das relações entre o homem e a natureza significa um avanço cognitivo, onde a ciência é utilizada para proteger o patrimônio cultural e a Biodiversidade (SANTOS; LIMA; FERREIRA, 2008).
A importância dessas informações etnobotânicas para o homem relaciona-se com o conhecimento de dados populares que podem, até então, estar restritos a determinadas pessoas ou regiões.
Já para a saúde pública, estas informações etnobotânicas quando comprovadas cientificamente, podem ser utilizadas pela sociedade podendo ser mais acessível em relação ao custo/benefício.
Diante de todas essas considerações, constata-se que o uso de plantas medicinais tem propriedades de provocar reações benéficas no organismo, capazes de resultar na recuperação da saúde, tendo em vista que, com base em tal conceito a Organização Mundial de Saúde (OMS), visando diminuir o número de excluídos dos sistemas governamentais de saúde, recomenda aos órgãos responsáveis pela saúde pública de cada país que: a) procedam levantamentos regionais das plantas usadas na medicina popular e identifique-as botanicamente; b) estimulem e recomendem o uso daquelas que estiverem comprovadas sua eficácia e segurança terapêuticas; c) desaconselhem o emprego das práticas da medicina popular consideradas inúteis ou prejudiciais; d) desenvolvam programas que permitam cultivar e utilizar as plantas selecionadas na forma de preparações dotadas de eficácia, segurança e qualidade (LORENZI; MATOS, 2008).
Para que essas exigências sejam de fato atendidas é necessário o conhecimento das plantas medicinais de uma região em sua totalidade, para descobrir como as plantas podem realmente ser eficientes na aplicação terapêutica para determinada enfermidade, a partir do contato com a riqueza e diversidade cultural da população.
Estudos etnobotânicos são levantamentos efetivados em local habitado por uma população étnica e culturalmente diferenciada onde é realizada a coleta de informações junto à população a respeito da nomenclatura das plantas, usos e significados culturais dessas plantas.(HAVERROTH, 2006) citado por YATSUDA E MARQUES (2007).
Atualmente, a etnobotânica pode ser compreendida como o estudo do conhecimento e das conceituações desenvolvidas por qualquer sociedade a respeito do mundo vegetal e que engloba tanto a maneira como algum grupo social classifica as plantas, como os respectivos usos (AMOROZO, 1996). JORGE e MORAIS (2003) corroboram este conceito e complementam que, além de estudar as inter-relações entre o ser humano e as plantas, levando em conta fatores ambientais e culturais, a etnobotânica atualmente caracteriza-se pelo resgate dos conceitos locais que são desenvolvidos com relação às plantas e ao uso que se faz delas (ALMASSY JUNIOR, 2004).
Atualmente, a etnobotânica pode ser compreendida como o estudo do conhecimento e das conceituações desenvolvidas por qualquer sociedade a respeito do mundo vegetal e que engloba tanto a maneira como algum grupo social classifica as plantas, como os respectivos usos (AMOROZO, 1996). JORGE e MORAIS (2003) corroboram este conceito e complementam que, além de estudar as inter-relações entre o ser humano e as plantas, levando em conta fatores ambientais e culturais, a etnobotânica atualmente caracteriza-se pelo resgate dos conceitos locais que são desenvolvidos com relação às plantas e ao uso que se faz delas (ALMASSY JUNIOR, 2004).
A partir de março de 2006, sob coordenação do Centro de Ciências Agrárias, Ambientais e Biológicas da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia – CCAAB/ UFRB em parceria com a Prefeitura Municipal de Mutuípe – BA foi iniciado o Projeto “Ervanário Regional de Valorização da Agroecologia Familiar e da Saúde – ERVAS” visando incentivar o cultivo de plantas medicinais junto a comunidades de agricultores familiares e a implantação de um programa municipal de fitoterapia no âmbito do Sistema Único de Saúde – SUS.
Este Projeto, conduzido até setembro de 2007, recebeu financiamento do Ministério da Ciência e Tecnologia, via Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq.
Com o objetivo de identificar, sistematizar e contextualizar o uso tradicional de plantas medicinais nas comunidades de agricultores familiares participantes do Projeto ERVAS, foi realizado o Levantamento Etnobotânico e Etnofarmacológico das espécies vegetais utilizadas com esta finalidade, no município de Mutuípe/BA.
"Um exemplo a ser seguido e adotado por todos os estados".
O emprego de plantas medicinais na recuperação da saúde tem ocorrido e vem evoluindo ao longo dos tempos.
O emprego de plantas medicinais na recuperação da saúde tem ocorrido e vem evoluindo ao longo dos tempos.
É comum o cultivo de plantas medicinais ( Vegetais, Plantas, Temperos, Frutas, Flores, etc...), nos quintais das residências dos agricultores.
O Projeto “Ervanário Regional de Valorização da Agroecologia Familiar e da Saúde – ERVAS” - visa proporcionar a diminuição dos gastos do poder público municipal com a aquisição de medicamentos convencionais, disponibilizando manipulados elaborados a partir das plantas medicinais, adquiridas dos agricultores familiares, aos usuários do Sistema Único de Saúde – SUS.
Uma das pesquisas de campo, relatada neste artigo, foi desenvolvida de setembro de 2006 à janeiro de 2007 no município de Mutuípe - BA.
A escolha desta localidade deveu-se as suas características econômicas que se baseiam predominantemente em atividades agrícolas da agricultura familiar.
Os problemas de saúde mais comuns e freqüentes nestas comunidades rurais de Mutuípe/BA foram: gripe, pressão alta, diabetes, infecção urinária, reumatismo entre outros.
Os informantes relataram que a estratégia de tratamento primeiramente utilizada é com plantas medicinais, posteriormente o uso de medicamentos convencionais.
A parte das plantas mais utilizada para o uso foi a folha, seguida de fruto, sementes, e raízes.
A forma de preparo predominante das plantas medicinais foi o chá (processo de decocção), mas também é feito o uso de outras formas como solução alcoólica, xarope.
CHÁ DE ERVAS: (RESUMO)
Na hora do chá é necessário saber os benefícios e as contra-indicações da planta para todas as dores ou enfermidades, sempre surgem milhares de receitas de chás infalíveis.
O uso das ervas é comum e bastante frequente para a maioria das pessoas, mas é preciso tomar cuidados ao consumir esse tipo de medicação.
Excessos ou falta de informação podem se configurar um risco à saúde ao invés de um benefício.
CHÁ DE ERVAS: (RESUMO)
Na hora do chá é necessário saber os benefícios e as contra-indicações da planta para todas as dores ou enfermidades, sempre surgem milhares de receitas de chás infalíveis.
O uso das ervas é comum e bastante frequente para a maioria das pessoas, mas é preciso tomar cuidados ao consumir esse tipo de medicação.
Excessos ou falta de informação podem se configurar um risco à saúde ao invés de um benefício.
O professor da Unicamp João Ernesto de Carvalho alerta que as gestantes devem evitar os "chazinhos", o de espinheira-santa, por exemplo, pode ser fatal para o feto, e há outras dezenas de vegetais que não passaram por estudos toxicológicos.
É fundamental que grávidas e doentes crônicos sempre perguntem ao médico se podem usar plantas.
Hipertensos e diabéticos em geral usam chás diariamente, mas não contam ao médico.
Hipertensos e diabéticos em geral usam chás diariamente, mas não contam ao médico.
Aí o remédio para de fazer efeito ou dá reação adversa e não se sabe o motivo.
Outra precaução saudável para o usuário é conhecer, além da aparência, o nome científico das plantas com que faz chá.
O ideal é estar informado sobre os benefícios de contra indicações de cada planta, e sempre consultar um especialista.
Existem plantas diferentes com o mesmo nome, e uma mesma planta com diversos nomes populares, de acordo com as regiões.
O ideal é estar informado sobre os benefícios de contra indicações de cada planta, e sempre consultar um especialista.
Existem plantas diferentes com o mesmo nome, e uma mesma planta com diversos nomes populares, de acordo com as regiões.
Conhecendo os nomes científicos e a planta, evita-se o uso errado — explica Giovana Fernandes, do Conselho Regional de Farmácia, acrescentando que a identificação pode ser realizada pelo farmacêutico, botânico ou engenheiro agrônomo.
Também é importante saber a procedência: onde foi cultivada? Recebeu agrotóxicos? Foi colhida no período ideal? Tudo isso pode interferir na qualidade do chá e, consequentemente, no benefício que trará a quem o bebe.
Também é importante saber a procedência: onde foi cultivada? Recebeu agrotóxicos? Foi colhida no período ideal? Tudo isso pode interferir na qualidade do chá e, consequentemente, no benefício que trará a quem o bebe.
Por essas e por outras, o clínico geral Adair Marques é seletivo - acho válida a fitoterapia como forma de complementar os tratamentos, mas geralmente a prescrevo em forma de cápsulas ou tinturas.
Não sou contra as ervas desde que tenham sido colhidas na época certa, que tenham sido bem acondicionadas e que o chá tenha sido preparado corretamente.
Conheça as propriedade de algumas plantas medicinais:
Alecrim: ótimo para a pele, por ser adstringente. Também é fortificante para os cabelos, além de evitar a calvície. Por seu poder antisséptico, é indicado para aliviar aftas e gengivites.
Boldo-do-chile: utilizado para combater distúrbios biliares, estomacais e hepáticos. Tem efeito tranquilizante.
Calêndula: tem propriedades antissépticas e cicatrizantes. É usada para tratar cólicas menstruais.
Camomila comum: o chá das flores é indicado contra febre, insônia, cólicas, gases e indigestão.
Capim-cidreira: infusão e tintura de folhas e flores combatem a ansiedade e a má digestão.
Espinheira-santa: tem folhas com propriedades antissépticas, analgésicas, cicatrizantes e diuréticas. Pode ser abortiva.
Eucalipto: a inalação de seu chá ou óleo alivia efeitos de asma, bronquite, faringite, gripe, resfriado e tosse.
Guaco: usado contra gripe, rouquidão, infecção na garganta, tosse, bronquite.
Macela: indicada para o combate de cólicas e problemas estomacais. Acredita-se que as flores tenham poder calmante.
Malva: é usada na forma de gargarejos para inflamações. O chá é utilizado em casos de prisão de ventre. Compressas com as folhas aliviam queimaduras de sol.
Hortelã: em infusão e saladas, é estimulante, analgésica e diurética. Combate cólicas menstruais, vômitos e gases.
Laranjeira: o óleo e a infusão de flores são usadas em casos de estomatite, insônia e febre. Flores, no travesseiro, acalmam.
Poejo: usado em casos de gripe, insônia, reumatismo, má digestão, enjoo, bronquite e asma.
Quebra-pedra: em chás ou cápsulas combate infecções urinárias, cálculos renais e biliares, corrimentos e dores lombares.
Sálvia: os chás são indicados para casos de esgotamento nervoso, má digestão, cálculos renais e hepáticos.
Trançagem: gargarejos são indicados para inflamações na boca, gengiva e garganta. Os chás limpariam as vias respiratórias e diminuiriam a vontade de fumar.
Conheça as propriedade de algumas plantas medicinais:
Alecrim: ótimo para a pele, por ser adstringente. Também é fortificante para os cabelos, além de evitar a calvície. Por seu poder antisséptico, é indicado para aliviar aftas e gengivites.
Boldo-do-chile: utilizado para combater distúrbios biliares, estomacais e hepáticos. Tem efeito tranquilizante.
Calêndula: tem propriedades antissépticas e cicatrizantes. É usada para tratar cólicas menstruais.
Camomila comum: o chá das flores é indicado contra febre, insônia, cólicas, gases e indigestão.
Capim-cidreira: infusão e tintura de folhas e flores combatem a ansiedade e a má digestão.
Espinheira-santa: tem folhas com propriedades antissépticas, analgésicas, cicatrizantes e diuréticas. Pode ser abortiva.
Eucalipto: a inalação de seu chá ou óleo alivia efeitos de asma, bronquite, faringite, gripe, resfriado e tosse.
Guaco: usado contra gripe, rouquidão, infecção na garganta, tosse, bronquite.
Macela: indicada para o combate de cólicas e problemas estomacais. Acredita-se que as flores tenham poder calmante.
Malva: é usada na forma de gargarejos para inflamações. O chá é utilizado em casos de prisão de ventre. Compressas com as folhas aliviam queimaduras de sol.
Hortelã: em infusão e saladas, é estimulante, analgésica e diurética. Combate cólicas menstruais, vômitos e gases.
Laranjeira: o óleo e a infusão de flores são usadas em casos de estomatite, insônia e febre. Flores, no travesseiro, acalmam.
Poejo: usado em casos de gripe, insônia, reumatismo, má digestão, enjoo, bronquite e asma.
Quebra-pedra: em chás ou cápsulas combate infecções urinárias, cálculos renais e biliares, corrimentos e dores lombares.
Sálvia: os chás são indicados para casos de esgotamento nervoso, má digestão, cálculos renais e hepáticos.
Trançagem: gargarejos são indicados para inflamações na boca, gengiva e garganta. Os chás limpariam as vias respiratórias e diminuiriam a vontade de fumar.
Foram identificadas vinte e nove famílias, cinqüenta e quatro espécies de plantas utilizadas como medicinais.
Quimicamente saber distinguir a parte do vegetal a ser empregada, é extremamente importante, pois os princípios ativos distribuem-se pelas diferentes partes da planta de forma distinta, sendo possível encontrar substâncias tóxicas em algumas partes, conforme ressalta PINTO, (2000), citado por CALÁBRIA (2008).
Segundo LORENZI e MATOS (2002), um dos aspectos mais delicados na fitoterapia concerne à identidade das plantas.
Por ser fortemente baseada em nomes vernaculares, populares, a verdadeira identidade de uma planta recomendada pode variar enormemente de região para região.
Os Citrus tiveram identificação distinta entre as duas comunidades estudadas.
Algumas plantas acumulam um grande número de nomes populares dentro da mesma espécie conforme ocorre com Chenopodium ambrosioides L. recebendo os nomes na mesma região de mastruz, mastruço, mentruz, e nas regiões sul e sudeste é conhecida pelo nome popular de erva-de-santa-maria.
Dados semelhantes, relacionados a identificação das espécies foram obtidos por NEGRELLE e FORNAZZARI (2007) e CALÁBRIA (2008).
As pessoas têm como primeira estratégia de tratamento plantas medicinais, buscando a solução de muitos problemas de saúde, porém, devido ao uso inadequado ou indevido, existe o risco de toxidade.
A idéia de que “por ser natural não faz mal” predomina entre os usuários de plantas medicinais, pois sem conhecimento comprovado das propriedades ou toxidade, as pessoas usam freqüentemente como forma de atenção primária à saúde (CRESTANI et al 2004).
Dessa maneira, o conhecimento dos nomes científicos é importante no uso adequado das mesmas.
Foram identificadas vinte e nove famílias, cinqüenta e quatro espécies, sendo que algumas plantas não foram possíveis à identificação em nível de espécie devido à ausência de material fértil.
Grande parte das plantas medicinais utilizadas na América Latina pertencem às famílias Lamiaceae e Asteraceae, que se caracterizam por possuírem elevado número de espécies ricas na categoria de princípios ativos chamada de “óleos essenciais” ou “óleos voláteis”.
Tal categoria de princípios ativos é responsável por amplo espectro terapêutico, tanto no sistema digestório quanto respiratório, que incluem atividade antibacteriana e antifúngica, ação estimulante da liberação de secreções gástricas (conferindo sua propriedade digestiva), ação broncodilatadora.
As plantas medicinais são os principais objetos da assim designada medicina tradicional, com a população de modo geral utilizando um grande número de diferentes espécies (SILVA, 2006), estima-se em 80% o contingente populacional dos países em desenvolvimento, que recorre às espécies vegetais com finalidades terapêuticas no tratamento primário da saúde (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1999).
No Brasil, a prática do uso de espécies para fins terapêuticos, advém de diferentes povos e consequentemente, diferentes culturas, com destaque para os povos indígenas, africanos e europeus (SILVA, 2001), essa prática também se estende às inúmeras populações que habitam a região Nordeste e que são potencias detentoras de conhecimento tradicional acerca dos recursos disponibilizados pelos ecossistemas dos quais subsiste.
1) MEDICINA INDÍGENA
lista de algumas das ervas medicinais que os povos indígenas utilizam com tanta sabedoria e curam muitas enfermidades com sucesso
SEMENTES DE CUMARÚ
3) MEDICINA NORDESTINA
1) MEDICINA INDÍGENA
lista de algumas das ervas medicinais que os povos indígenas utilizam com tanta sabedoria e curam muitas enfermidades com sucesso
SEMENTES DE CUMARÚ
- Casca de Murapuama – funciona como tônico neuro-muscular e até afrodisíaco e é utilizado em casos de fraquezas, gripes, impotência, reumatismo crônico, etc.
- Pó de Guaraná - é usado como estimulante, tônico estomáquico, contra distúrbios gastro-intestinais e diarreias. Ele ativa as funções cerebrais e combate a arteriosclerose, as enxaquecas, as nevralgias e detém as hemorragias, além de atuar como calmante para o coração.
- Casca de Barmitão – potente anti-hemorrágico e anti-inflamatório.
- Casca de Moruré - contribui para o alívio das dores reumáticas, artríticas e da coluna vertebral, é estimulante do sistema nervoso e muscular.
- Saracura-mirá – é energético, por isso usado no tratamento de cansaço físico e sexual, insônia, nervosismo e também falta de memória.
- Óleo de Copaíba - suas propriedades medicinais atuam no combate aos catarros vesicais e pulmonares, bronquites e desinterias.
- Catuaba - este também é poderoso tônico energético usado no tratamento de cansaço físico e sexual, nervosismo, insônia e falta de memória. Possui, ainda, propriedades anti-sifilíticas.
- Semente de Cumaru – suas propriedades medicinais atuam reconstituindo as forças orgânicas debilitadas, funciona como tônico cardíaco.
- Óleo de Andiroba - potente cicatrizante, anti-inflamatório.
- Casca de Assacu - é usado no combate às inflamações em geral, ulcerações e tumores.
- Casca de Caroba – contém uma resina denominada “Carobona”e seu princípio ativo, o alcalóide “Carobina”. É diaforética (Cascas) e anti sifilíticas (Folhas), cura feridas e elimina inflamações da garganta, afecções da pele, blenorragia, coriza, dores reumáticas e musculares, além de cálculos da bexiga.
- Amêndoa do Açaizeiro – Além de seu suco, de sabor exótico, que possui grande valor nutritivo e altas concentrações de ferro, bastante usado no combate à anemia, ainda fornece um óleo verde-escuro bastante utilizado na medicina caseira, principalmente como antidiarréico.
- Casca de Açoita Cavalo – contém óleos essenciais, eficientes no combate às disenterias, artrite, hemorragias, tumores, reumatismo, colesterol e Hipertensão.
Além dessas, várias outras plantas medicinais vão sendo utilizadas pelos índios e passam a fazer parte da medicina convencional, que se baseia na sabedoria desses povos!
2) MEDICINA AFRICANA
Por muito tempo, a medicina tradicional da África foi subestimada pela ciência ocidental.
Hoje, séculos depois de descaso com as técnicas de cura africanas, pesquisadores do mundo todo começam a reconhecer a eficácia dos tratamentos desenvolvidos.
Sobretudo com sistemas integrados de saúde, além de mais acessível e sustentável, a medicina tradicional tem-se provado preciosa na ajuda do combate a doenças como câncer, transtornos psiquiátricos, hipertensão arterial, vitiligo, cólera, doenças venéreas, epilepsia entre outros.
De disciplina holística que envolve fitoterapia indígena e espiritualidade, a solução da medicina tradicional, diferente da filosofia do ocidente, não busca apenas a cura e a recuperação dos sintomas físicos, mas sim um equilíbrio entre paciente, ambiente cultural e mundo energético, procurando a reinserção social e psicológica do doente dentro de sua comunidade.
As práticas e experiências da medicina são sabedorias passadas de geração em geração, com formações sociais que implicam em lições de procedimentos de diagnóstico, recursos medicinais, preparação de receitas médicas, administração dos medicamentos e, sobretudo, treinamento teórico, prático e espiritual adequado.
Misturando métodos biomédicos, dietas e jejuns, ervas terapêuticas, banhos, massagens e pequenos procedimentos cirúrgicos, a sabedoria médica africana é a favorita de seus habitantes.
Hoje, de acordo com a Organização Mundial da Saúde, mais de 80% da população do continente confiam seus cuidados à medicina tradicional.
Ainda, suas práticas são reconhecidas por quase todos os países do continente, sobretudo nos serviços de cuidados gerais, de parto, de saúde mental e de doenças não agudas, que vêm mostrando excelentes resultados.
Assim, as 6400 espécies de plantas medicinais utilizadas na África e as sabedorias locais milenares, combinadas com bom aproveitamento, formam um potencial que pode, com êxito, confrontar os desafios da saúde no continente.
Lista das Plantas Medicinais Africanas: Guiné-Bissau (Resumo)
Nome tradicional* | Principais utilizações na Guiné-Bissau | Espécie | ||
Bacuré (f) | hepatite | reumatismo | Morinda duplicou | |
Badossosso | doenças venéreas | Guiera senegalensis Guill & Perr. | ||
Butonque (f) | parasitoses | Zantdoxylum Leprieur Guill. & Perr. | ||
Canafístula | prisão de ventre | edema | parasitoses | Cassia sieberiana DC. |
Cuntésse (f) | hepatite | malária | Sanguinolenta Cryptolepis (Lindl.) Schltr. | |
Dignale (f) | disenteria | infecções urinárias | Schumer gardênia temifolia Ch. & Tonelada. susp. Zeus Tonante (Welw.) Verdc. | |
Djánderé (f) | hepatite | malária | Cochlospermum tinctorium A. Rich. | |
Fará | feridas | tosse | Piliostigma tdonningii (Schumach. & Tdonn.) Milne-Redh. | |
Farôba | parasitoses | Parkia biglobosa (Jacq.) R. Br. Ex G. Don | ||
Fole | diarreias | Landolphia heudelotii A. DC. | ||
Macarra sell (f) | feridas | febre | Chamaecrista nigricans (Vahl) Greene | |
Macete | doenças venéreas | Terminalia macroptera Guill. & Perr. | ||
Madronha | febre | doenças venéreas | Sarcocephalus latifolius (Sm.) Bruce | |
Manganaz | dores | Oliviformis Icacina (raças.) J. Raynal | ||
Papai Pillow | doenças venéreas | prisão de ventre | Senna podocarpa (Guill & Perr.) Fechamento | |
Pó de arco | doenças respiratórias | parasitoses | Alchornea cordifolia (Schumacher. & Tdonn.) Müll.Arg. | |
Pó de faia | doenças de pele | Harungana madagascariensis Lam. ex Poir. | ||
Pó de osso | doenças infecciosas | dores | Erytdrina senegalensis DC. | |
Tcheme (f) | dores | Ximenia americana L. | ||
Ussum Koloma (f) | malária | Lippia chevalieri Moldenke |
3) MEDICINA NORDESTINA
Uma análise que gere informações sobre práticas terapêuticas tradicionais, é válida quando o intuito é o fomento de informações culturais e de sustentabilidade dos ecossistemas brasileiros.
Nesse sentido a etnobotânica vem se destacando e, em décadas recentes houve uma intensificação desses estudos no semi - árido nordestino.
Potencial terapêutico de espécies vegetais nos últimos anos, observa-se um domínio da indústria farmacêutica no mercado mundial na produção de fármacos alopáticos (PHILLIPSON, 2001), sendo crescente a população recorrente à natureza, na busca de cura para suas afecções.
Mesmo com a medicina moderna bem desenvolvida na maior parte do mundo, a OMS reconhece que grande parte da população dos países em desenvolvimento depende da medicina tradicional, ressaltando a importância da colaboração desta, na assistência à sociedade, especialmente junto às populações com acesso restrito aos sistemas de saúde.
Observando-se um crescente interesse pelas terapias alternativas e o emprego de produtos naturais, sobretudo dos que derivam de espécies vegetais, incluindo-se os países desenvolvidos.
Fatores como receio da eficiência da medicina convencional, efeitos colaterais indesejados, terapias inadequadas, uso indiscriminado de fármacos sintéticos, a crença mesmo que equivocada, de que medicamentos à base de plantas são inócuos, além da credibilidade em sua eficiência, podem ser apontados como explicações para esse comportamento global (FERREIRA, 2001).
Guerra, (2001) acrescentam que poucos são os estudos que buscam validar a atividade biológica das plantas de aplicação medicinal e que somente 8% destas espécies tiveram seus compostos bioativos pesquisados com 1.100 espécies sendo avaliadas quanto as suas propriedades medicinais.
Muitas espécies medicinais encontradas no Nordeste, já tiveram comprovações farmacológicas, confirmando o uso popular e a importância de se estudar a flora medicinal nordestina como fonte de novas alternativas terapêuticas.
São exemplos os estudos farmacológicos realizados com Ximenea americana, que teve comprovada sua atividade anti-ulcerogênica, antioxidante (MAIKAI, KOBO e ADAUDI, 2008; MAIKAI, KOBO e MAIKAI, 2010) e anticonvulsionante (QUINTANS-JÚNIOR, 2002), além de seus extratos clorofórmicos, metanólicos e aquosos oriundos da casca do caule, das folhas e das raízes, terem revelado atividade antimicrobiana e antifúngica, para os quais Staphylococcus aureus foram as bactérias mais susceptíveis, enquanto que Candida albicans foi o fungo de maior resistência a tais extratos (OMER e ELNIMA, 2003).
São exemplos os estudos farmacológicos realizados com Ximenea americana, que teve comprovada sua atividade anti-ulcerogênica, antioxidante (MAIKAI, KOBO e ADAUDI, 2008; MAIKAI, KOBO e MAIKAI, 2010) e anticonvulsionante (QUINTANS-JÚNIOR, 2002), além de seus extratos clorofórmicos, metanólicos e aquosos oriundos da casca do caule, das folhas e das raízes, terem revelado atividade antimicrobiana e antifúngica, para os quais Staphylococcus aureus foram as bactérias mais susceptíveis, enquanto que Candida albicans foi o fungo de maior resistência a tais extratos (OMER e ELNIMA, 2003).
Ainda o extrato etanólico de suas raízes obteve uma maior atividade contra Enterococcus faecalis e Streptococcus pyogenes (KONÉ, 2004).
Em avaliação química in vitro realizada com o extrato aquoso de 15 espécies referidas como cicatrizante X. americana, esteve entre as que apresentaram efeito mais potente (DIALLO, 2002).
Hancornia speciosa, que possui propriedades antimicrobiana, anti-hipertensiva e atividade gastroprotetora (ENDRINGER, 2007; PINHEIRO, 2009), assim como atividade antioxidante sequestrando radicais livres a partir de derivados via peróxido de hidrogênio (BARROS, 2008) e Caryocar Coriaceum, cuja análise do óleo demonstrou ação sinérgica frente às cepas de E. coli e S. aureus além de potencial atividade anti-inflamatória (SARAIVA, 2010), demonstrando também ação cicatrizante, poe meio da influência positiva exercida nesse processo em feridas cutâneas (BATISTA, 2010).
Testes realizados com folhas de Himatanthus drasticus demonstraram atividade antitumoral no tratamento de sarcoma (SOUZA, 2010), bem como seu látex revelou propriedade anti-inflamatória, sendo provável que esta ação envolva o sistema opióide, indicado pelo bloqueio completo da naloxona antagonista de opióide, além de tal atividade ter sido potencializada pela PTX (um inibidor de TNF-alfa) (LUCETTI, 2010).
Essa espécie em estudo conjunto com C. coriaceum e Stryphnodendron rotundifolium, pertencentes à flora da Chapada do Araripe, demonstraram atividade anti-ulcerogênica.
O efeito citoprotetor atribuído a estas espécies pode estar relacionado a taninos, terpenos e ácidos graxos (LEITE, 2010), para S. rotundifolium também foi observada atividade antibacteriana em estudo realizado por Oliveira, (2011) efeito este, atribuído ao tanino.
Estudos realizados com folhas de Mentha spicata revelaram atividade antioxidante devido ao alto teor de compostos fenólicos, eficazes na proteção do corpo contra vários estressores oxidativos (ARUMUGAM, 2006).
Já Rosamarinus officinalis possui propriedade antimicroniana junto às bactérias planctônicas (SILVA, 2008) e contra Salmonella sp., (HENTZ e SANTIN, 2007), além de atividades antiinflamatória e analgésica (FARIA, 2005).
Testes realizados com Myracroduon urundeuva, com reconhecidas propriedades antiinflamatória e cicatrizante contra úlceras e alergias, tiveram efeito inibitório sobre a mucosite oral, a partir de estudos realizados com o extrato da sua entrecasca, fato que parece estar relacionado com a inibição da migração de neutrófilos (SAN’TANA, 2006).
Também os taninos componentes ativos dessa espécie, que têm como principal característica sua atividade antioxidante, tiveram demonstradas atividades analgésica e antiinflamatória em modelos animais de cistite hemorrágica, edema de pata induzido, modelos de contorções abdominais e teste da formalina (VIANA, 1997), além disso, as chalconas encontradas nessa espécie possuem propriedade antioxidante constatada pela peroxidação lipídica (RODRIGUEZ, 2001), ainda os óleos essenciais de M. urundeuva foram ativos contra a bactéria H. pylori (CÂNDIDO, 2008).
Espécies como Melissa officinalis cujas principais atividades relatadas são: adstringente, antioxidante, antiinflamatória, antimutagênica, antibacteriana e antiviral (PETERSEN e SIMMOND, 2003), teve efeito antinociceptivo nos modelos de nocicepção química, induzida pelo ácido acético, fato que pode está associado aos sistemas glutamatérgico, colinérgico e a via do óxido nítrico glutamato, tendo também sido eficaz em inibir a alodínia mecânica no modelo de neuropatia induzida pela constrição parcial do nervo ciático em camundongos, prevenindo danos no cólon no modelo de colite induzida por ácido acético em camundongos (GUGINSKI, 2007), e Copaifera langsdorfii, cujo óleo-resina teve acentuada atividade antiinflamatória, destituída de efeitos colaterais gástricos e intestinais, em colite experimental induzida por ácido acético e TNBS em ratos, sendo o tratamento com o óleo-resina da espécie, capaz de prevenir lesão intestinal induzida por indometacina (PAIVA, 2004).
O óleo essencial de Plectranthus amboinicus possui compostos como o timol e o carvacrol ambos detentores de atividades antimicrobianas (MATOS, 2000) e efeito antifungico, sendo indicado o uso da espécie contra fungos em alimentos estocados (PUSHPA, RAMALAKSHMI e SRINIVAS, 2009).
Enquanto que Syzygium cumini teve atividade anti-edematogênica ligada a compostos fenólicos e flavonóides, bem como, potencial antiinflamatório (LIMA, 2007), bem como o extrato de seus frutos possuem atividade antimicrobiana potente contra bactérias em especial para as espécies não albicans e C. Neoformans (MIGLIATO, 2010), e atividade anti-séptica bactericida frente à S. aureus, S. epidermidis e P. aeruginosa e fungicida frente às leveduras C. albicans, C. krusei e C. parapsilosis (MIGLIATO, 2005).
Pesquisas farmacológicas com Amburana carensis comprovaram atividades antinflamatória, antitumor (COSTA-LOTUFO et al., 2003).
Os constituintes da espécie como isocampferídio e amburosídio demonstraram atividade antiedematogênica, observada pela redução do edema de pata induzido por carregenina, PGE2, dextrano, histamina ou serotonina em ratos ou camundongos, o que pode estar relacionado ao bloqueio da síntese, liberação ou ação de mediadores como a PGE2, histamina e serotonina, para o amburosídio ainda foram referidas atividades antioxidante e hepatoprotetora, ambos ainda tiveram ação relaxante muscular epitélio independente (LEAL, 2006).
Testes farmacológicos mostraram que Marsyphianthes chamaedrys possui efeito analgésico, anti-inflamatório (MENEZES et al., 1998a, MORS et al., 2000) e atividade molucida (MENEZES et al., 1999) assim como seu extrato deteve atividade antioxidante (FERREIRA, 2001).
Já Caesalpinia ferrea teve resultados positivos para mielopoiese (QUEIROZ et al., 2001) e atividade antitumoral (NAKAMURA et al., 2002b).
O CAJÚ
O caju não é uma fruta, mas o pedúnculo sumarento do verdadeiro fruto do cajueiro: a castanha. De cor amarelada ou vermelha (ou em matizes dessas duas cores) e em forma de pêra, o caju pode atingir nove centímetros de comprimento, caracterizando-se por seu riquíssimo teor de vitamina C.
Aromático e saboroso, apesar de adstringente, o caju é consumido, de preferência, em forma de doce. De seu sumo, com a adição de água e açúcar, faz-se um refresco, a cajuada. Por meio de processos de fermentação, obtêm-se diversas bebidas alcoólicas, como vinhos, licores e aguardentes.
Nativo do Brasil e típico do litoral nordestino, o cajueiro (Anacardium occidentale) é uma árvore da família das anacardiáceas, a mesma da mangueira. De caule em geral tortuoso e galhos muito contorcidos, pode chegar a 15m de altura, embora seja comum tornar-se esgalhado e baixo. Desde o século XVI, o cajueiro foi difundido por missionários portugueses na África oriental e na Índia, sendo hoje bastante cultivado em todo o cinturão tropical da Terra.
Toda a planta constitui verdadeira panacéia na medicina popular e seu uso pelos índios, como remédio, é anterior aos tempos do Brasil-colônia. As flores contêm anacardina e, como as castanhas, saborosas depois de torradas, passam por tônicas e até afrodisíacas. As folhas novas, em decocção, são tidas como embriagantes, mesmo em pequena quantidade. Do cajueiro aproveitam-se ainda a madeira, de colorido róseo; a casca, recomendada contra aftas e infecções na garganta; a goma que exsuda, um sucedâneo da goma-arábica; e os frutos ainda novos, com que se fazem diversos pratos da cozinha brasileira.
O maior cajueiro do Mundo
A árvore cobre uma área de aproximadamente 8500 m², com um perímetro de aproximadamente 500 m e produz cerca de 70 a 80 mil cajus na safra, o equivalente a 2,5 toneladas. E seu tamanho é o equivalente a 70 cajueiros. O cajueiro teria sido plantado em 1888 por um pescador chamado Luís Inácio de Oliveira; o pescador morreu, com 93 anos de idade, sob as sombras do cajueiro.
CURIOSOS REMÉDIOS DO NORDESTE:
Vejamos, em seguida, outros remédios curiosos e pitorescos até hoje, usados pelo povo nordestino:
AMEBA. Tomar, durante 30 dias, em jejum, um copo de água fria com três gotas de creolina.
ASMA. 1) Tomar chá feito com enxerto-de-passarinho. 2) Fumar um cigarro feito com folhas secas de zabumba. 3) Comer testículos de porco assados e servidos com sal. 4) Tomar fel de boi misturado com um pouco de cachaça. 5) Tomar chá feito com chocalho da cobra cascavel. 6) Tomar chá feito do olho que tem na pena do pavão.
AZIA. Beber um copo d’água no qual foram colocadas três pitadas de cinza fria.
BICHO-DO-PÉ. Depois de retirado o bicho-do-pé, com o auxílio de um alfinete, encher a cavidade com sarro de cachimbo
CALO. Quando o sapato é novo, o calo é sempre uma certeza: 1) Colocar sobre o calo cera-de-ouvido. 2)Pingar no calo leite de avelós.
CATAPORA. Para a catapora acabar de sair ou sair ainda mais depressa, nada como tomar chá feito com o cabelo-de-milho sem açúcar.
CACHUMBA. Aplica-se, no local, um emplastro feito com o lodo do pote de carregar água da cacimba.
CHULÉ. É bom lavar os pés com a urina de uma criança.
DEDO, PÉ ou BRAÇO DESMENTIDOS. Dar uma surra no lugar afetado com um saquinho de sal grosso.
DESMAIO. 1) Passar, dentro do começo do nariz da pessoa desmaiada, uma pena de galinha até a pessoa voltar a si. 2) Soprar nos ouvidos e bater na sola dos pés até a pessoa tornar, voltar a si.
DOENÇA-DOS-OLHOS. 1) Pingar, no olho doente, algumas gotas de leite materno. 2) Banhar os olhos com a água onde se pôs uma rosa branca.
DOR-DE-BARRIGA. 1) Tomar chá feito com a moela da galinha, crua. 2) Comer uma banana prata verdosa. 3) Comer um pedaço de macaxeira branca, crua.
DOR-DE-CABEÇA. Colocar, sobre a testa, uma mistura feita com pó de café e manteiga.
DOR-DE-DENTE. 1) Introduzir na cárie, se couber, uma cabeça de fósforo. 2) Encher a cárie com o pó feito do chocalho da cobra cascavel. 3) Encher a cárie com sarro de cachimbo.
DOR-DE-GARGANTA. Comer tanajura torrada, se for tempo de tanajura.
DOR-DE-OUVIDO. Botar, no ouvido que estiver doendo, três gotas de leite materno.
ENJÔO-DE-GRAVIDEZ. Comer um pombo bem assado, sem sal.
ENJÔO-DE-VIAGEM-DE-AUTOMÓVEL. 1) Colocar uma castanha de caju no bolso, se for homem, ou na bolsa, se for mulher. 2) Mascar uma cabeça de fósforo.
ERISIPELA. Amarrar, no tornozelo, uma fita vermelha.
FURÚNCULO. Para o furúnculo estourar, por si só, nada como colocar no olho da cabeça-de-prego, um emplastro feito com o couro do bacalhau, cru.
GALO-NA-CABEÇA. Quando se leva uma pancada na cabeça e aparece um galo nada como fazer, sobre ele, forte pressão com a folha de uma faca fria.
HEMORRAGIA. Colocar, no local da hemorragia externa, para parar o sangue, um chumaço de algodão embebido em verniz de carpinteiro.
HEMORRAGIA NASAL. Molhar a cabeça em água fria e ficar olhando para o céu durante cinco minutos.
HEMORRÓIDAS. 1) Sentar num pedaço de tronco de bananeira recém-cortado. 2) Colocar uma pele de fumo no anus. 3) Colocar compressas de querosene.
HIDROCELE ou ÁGUA-NAS-PARTES. Ferver a água necessária para quase encher uma bacia de tamanho médio em que se tenha colocado uma caixa de charutos vazia, para que o doente se acocore
IMPINGEM. 1) É bom cobrir a impingem com tinta de escrever. 2) Esfregar a impingem com tinta de escrever. 3) Esfregar a impingem com pólvora de caçador.
IMPOTÊNCIA SEXUAL. 1)Tomar chá de catuaba. 2) Comer testículos de boi, assados. 3) Tomar sopa de mocotó-de-boi.
INDIGESTÃO. Chá feito com a pele que envolve a moela de uma galinha, crua.
JÁ-COMEÇA ou COCEIRA. Tomar banho com o cozimento de maxixes, sem comê-los.
LOMBRIGA. Comer coco seco raspado, em jejum até aborrecer.
MAL-DOS-SETE-COUROS. Passar, no local, sebo de carne-do-ceará, bem quente.
MIJAR-NA-CAMA. Nada com dar umas lapadas na criança com um muçum vivo.
MORDIDA-DE-COBRA. Tomar meia garrafa de querosene e comer um prato de farofa com bacalhau assado na brasa.
MULHER MANINHA. Para que a mulher venha a ter filhos: 1) Tomar água antes de ter relações sexuais. 2) Dar ao marido, todo dia, no almoço, carne de carneiro preto, com um copo de vinho.
PANOS BRANCOS. Lavar o rosto ou a parte afetada pelos panos brancos, com água de chuva caída na hora.
PRISÃO-DE-VENTRE. Tomar chá de cupim.
QUEDA-DE-CABELO. Pentear os cabelos com um pente feito de chumbo.
SOLUÇO. Pregar um susto à pessoa que estiver com soluço.
TERÇOL. 1) Engolir nove caroços de limão durante três dias seguidos. 2) Esfregar, no chão, a semente de olho-de-boi e depois colocá-la sobre o olho onde está localizado o terçol.
TRIPA-DE-FORA. (Prolapso do reto). Sentar a pessoa acometida do mal em um pedaço de tronco de bananeira cortado na hora.
UMBIGO-CRESCIDO-DE-RECÉM-NASCIDO. Chá de cabelo-de-milho.
URINA PRESA. 1) Fazer um chá do talo do jerimum, seco e torrado. 2) Chá de alpiste.
VERRUGA. Colocar sobre a verruga um pouco de mênstruo.
É assim que o nordestino pobre, sem INPS, procura, quando está doente, ficar bom para que possa cuidar do seu roçado, da sua luta, do seu trabalho.
O CAJÚ
O caju não é uma fruta, mas o pedúnculo sumarento do verdadeiro fruto do cajueiro: a castanha. De cor amarelada ou vermelha (ou em matizes dessas duas cores) e em forma de pêra, o caju pode atingir nove centímetros de comprimento, caracterizando-se por seu riquíssimo teor de vitamina C.
Aromático e saboroso, apesar de adstringente, o caju é consumido, de preferência, em forma de doce. De seu sumo, com a adição de água e açúcar, faz-se um refresco, a cajuada. Por meio de processos de fermentação, obtêm-se diversas bebidas alcoólicas, como vinhos, licores e aguardentes.
Nativo do Brasil e típico do litoral nordestino, o cajueiro (Anacardium occidentale) é uma árvore da família das anacardiáceas, a mesma da mangueira. De caule em geral tortuoso e galhos muito contorcidos, pode chegar a 15m de altura, embora seja comum tornar-se esgalhado e baixo. Desde o século XVI, o cajueiro foi difundido por missionários portugueses na África oriental e na Índia, sendo hoje bastante cultivado em todo o cinturão tropical da Terra.
O maior cajueiro do Mundo
O maior cajueiro do mundo, também conhecido como cajueiro de Pirangi, é uma árvore gigante localizada na praia de Pirangi do Norte no município de Parnamirim, a doze quilômetros ao sul de Natal, capital do estado brasileiro do Rio Grande do Norte.
A árvore cobre uma área de aproximadamente 8500 m², com um perímetro de aproximadamente 500 m e produz cerca de 70 a 80 mil cajus na safra, o equivalente a 2,5 toneladas. E seu tamanho é o equivalente a 70 cajueiros. O cajueiro teria sido plantado em 1888 por um pescador chamado Luís Inácio de Oliveira; o pescador morreu, com 93 anos de idade, sob as sombras do cajueiro.
O maior cajueiro do Mundo |
O Brasil abriga uma das floras mais ricas do mundo, com mais de 56.000 espécies vegetais (GIULIETTI, 2005), sendo um potencial provedor de espécies medicinais.
Entretanto, os instrumentos legais incorporados às legislações gerais, não permitem um monitoramento eficaz quanto às atividades de extração, uso e comércio desses recursos, em muitos casos, pela falta de maior especificidade em determinados instrumentos legais.
Encontram-se listadas oficialmente como ameaçadas no país 107 espécies vegetais, das quais 16 são de uso e comercialização para fins medicinais (SILVA, 2001) e destas, 14 são citadas como ameaçadas dentre elas: Aniba rosaeodora Ducke, Brosimum glaziovii Taub., Caesalpinia echinata Lam., Ocotea pretiosa Mez., Plantago guilleminiana Decne.
A destruição de habitat e a pressão exercida pelo extrativismo excessivo de algumas espécies, como Duguetia glabriuscula R. E. Fries (R. E. Fries), Krameria tomentosa St. Hil. e Dimorphandra wilsonii Rizz, configuram-se em ameaças para a flora brasileira e muitas dessas espécies carecem de informações quanto ao estado de conservação (SILVA et al., 2001).
Isto pode afetar negativamente o incremento de planos de gestão, ações conservacionistas e a determinação de estratégias de exploração (ALBUQUERQUE, LUCENA e ALENCAR, 2010).
Estudos destinados a avaliar espécies com prioridades de conservação prevalecem em países Orientais, Africanos e Americanos e segundo Oliveira, (2007) se detêm a aspectos biológicos ou ao conhecimento e uso das espécies, quando muitos outros fatores são relevantes para o estabelecimento de prioridades de conservação local entre eles as peculiaridades de cada região.
No semi - árido nordestino, estudos que contemplam o assunto podem ser encontrados em Oliveira (2007) que avaliou as prioridades locais de conservação e sustentabilidade do extrativismo de plantas medicinais em uma área de caatinga, no agreste de Pernambuco, e inventariou 21 espécies, destacando somente em juazeiro como sendo merecedora de alta prioridade, enquanto que outras 16 foram apresentadas como adequadas a um potencial de coleta, baseado em cotas.
As 21 espécies foram: Myracrodroun urundeuva, Schionopsis brasiliensis, Myrciaria sp. Capparis jacobinae Moric., Cedrela odorata L., Croton rhamnifolius Kunth., Guapira laxa L., Acacia farnesiana (L.) Willd., Acacia paniculata Willd, Sebastiana jacobinensis (Mull. Arg.) Mull. Arg., Bauhinia cheilantha, Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan var. cebil., Jatropha mollissima, Croton argyroglossum Baill, Chorisia glaziovii O. Kuntze, Jatropha curcas L. e quatro espécies sendo elas Commiphora leptophloeos Mart., Lantana camara L., Caesalpinia. pyramidalis Mart, Croton blanchetianus Mull. Arg., como susceptíveis a coletas sem maiores prejuízos às suas populações.
Melo, Amorim e Albuquerque (2008), a fim de estabelecer prioridades de conservação para as plantas medicinais nativas de valor comercial, demonstraram que Hybanthus ipecacuanha (L.) Báill., Polypodium lepidopteris (Langsd. & Fisch.) Kunze, Dorstenia multiformis Miq., Pfaffia paniculata (Mart.) Kuntze, Uncaria tomentosa (Willd. ex Roem. & Schult.) DC., Apodanthera smilacifolia Cogn., Mikania hirsutissima DC., Croton rhamnifolius Willd., Anemopaegma mirandum (Cham.) Mart. ex DC., Baccharis trimera (Less.) DC., Cephaelis ipecacuanha (Brot.) A. Rich, Myracrodruon urundeuva Allemão, Schinus terebinthifolius Raddi, Sideroxylon obtusifolium (Roem & Schult.) T.D. Penn., Erythrina mulungu Mart. ex Benth., Trichilia catigua A. Juss., Hymenaea courbari L., são prioritárias para a conservação, e observaram a existência do predomínio do uso de espécies silvestres associadas a formas destrutivas de coleta para uso industrial, situação que confere ameaça à manutenção das populações naturais.
Cartaxo (2009) registrou quatro espécies em uma área de caatinga no Ceará prioritárias para fins conservacionistas: M. urundeuva, A. caerensis, A. colubrina e Tabebuia impetiginosa Mart. ex DC.
Pesquisas que contemplem os usos terapêuticos de vegetais, vem como reforço contra a ameaça de extinção de inúmeras espécies, muitas destas ainda desconhecidas pela ciência.
Dentre outras estratégias fortuitas à conservação, tais como ações coordenadas de conservação in situ e ex situ, são necessárias a inclusão das comunidades nas políticas e programas conservacionistas, planos de gestão, informações sobre o comércio de espécies medicinais, criação de sistemas de inventário, monitoramento das unidades populacionais de plantas medicinais, práticas de colheita sustentáveis e a proteção dos direitos de propriedade tradicional dos recursos e intelectual (HAMILTON, 2003).
Nos padrões de comunidades tradicionais, observou-se que o conhecimento sobre as espécies medicinais está alicerçado nas pessoas mais idosas da comunidade, especialmente as mulheres, que são as detentoras do conhecimento.
O levantamento etnobotânico e etnofarmacológico permitiu a comprovação do uso tradicional de plantas medicinais no município de Mutuípe, principalmente para as doenças recorrentes nas comunidades, e ainda a correlação entre o saber tradicional e o científico, cada vez mais respaldado e evidenciado em várias regiões no Brasil.
As partes mais utilizadas das plantas foram às folhas e as raízes sendo preferencialmente preparadas por decocção, administradas via oral e indicadas nas afecções respiratórias e digestórias, destacando-se a gripe e a diarréia, coincidindo com as doenças mais comuns da região.
O Projeto ERVAS por meio de suas ações e pesquisas tem promovido à integração e o fortalecimento da Agroecologia no âmbito da agricultura familiar na Região do Recôncavo da Bahia, e neste caso, especificamente no município de Mutuípe.
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