Kaxinawá - HUNI KUIN
HUNI KUIN - "O POVO VERDADEIRO"
Tribo Huni Kuin - Kaxinawá
Os Kaxinawá também
chamados de Caxinauas e Caxinauás são uma etnia indígena sul-americana pertencente à Família linguística Pano.
Huni Kuin é a expressão nativa
do povo Kaxinawá, e
significa: (“O Povo Verdadeiro”,
“Homens Verdadeiros”
ou Gente com Costumes
Conhecidos”).
O Povo Indígena Huni Kuin do Caucho,
cuja
terra indígena fica há uma hora de canoa a motor acima da Cidade de Tarauacá, pelo Rio
Muru.

Tribo Huni Kuin
POVO HUNI
KUIN
Habitam as regiões
de floresta tropical no leste peruano (do pé dos Andes até a fronteira com o Brasil) e o Estado
do Acre, abarcando a área do
Alto Juruá e Purus e o Vale
do Javari, sendo
mais numerosos na região brasileira que na
peruana.
Os Kaxinawá constituem a mais
numerosa população indígena do Acre, com
aproximadamente 7.535
indivíduos (segundo o Censo de 2010).
Suas Aldeias
encontram-se Acre, mais precisamente
nas áreas indígenas Alto Rio Purus, Igarapé do Caucho, Katukina/Kaxinawá,
Kaxinawá da Colônia 27, Kaxinawá do Rio Humaitá, Kaxinawá do Rio Jordão, Kaxinawá Nova Olinda, Kaxinawá/Ashaninka do Rio Breu e Terra Indígena Praia do Carapanã, além do Peru.
Índios Kaxinawá/Ashaninka -
Peru
Cultura
Esse Povo Indígena se inclui na Área Cultural Juruá – Purus,
zona de floresta com predominância de terras baixas.
Caracteriza-se por uma
subdivisão em dois núcleos resultantes da existência de
dois Grupos Linguísticos
(Arawak e Pano) com a característica em comum de sobrevivência à
frente pioneira nacional de atividades extrativistas de borracha e caucho desde
1860.
Essa ocupação
por nordestinos (cearenses e maranhenses) e, em menor
escala, bolivianos e peruanos, levou à liquidação da maioria dos
grupos indígenas ou a seu engajamento compulsório nos trabalhos de coleta.
Essa região subdivide-se em Juruá-Purus, onde
predominam os Grupos Linguísticos: Aruaque, Aruá, Catuquina e
Juruá-Ucayali, sendo essa segunda área traçada de modo a abranger a
maior parte dos índios da Família Linguística Pano.
No passado,
foram chamados de Barbudos.
O Termo Pano é pejorativo: vem
de Panobu,
que significaria "os chorões", não sendo uma autodenominação destes
povos, mas sim, um heterônimo, dado por povos pertencentes a outras
famílias linguísticas.
Os povos pertencentes à
família Pano estão localizados no Extremo Oeste
da Amazônia Brasileira e na região correspondente
ao Piemonte Andino, no Peru.
Todos os povos cujas
denominações são terminadas: Nawa, Náua ou Nauá pertencem
a este grupo: Kaxinawá, Yawanawá,
Shawanawá / Shawadawã), Shanenawá, Jaminawá, entre outros.
Índio Tribo Yawanawá
Kaxinawá - Nilson Puywe
Shanenawá
Hu ँ du SvnavÁ
ÍNDIAS KUNTANAWÁ
SHAWANAWÁ - POVO ARARA
Haru kuntanawá
Povo Kuntanawá - (povo do coco) - Alto Juruá - Rio Tejo - AC
Jamináwa
Tribo Puyanawá
POVO SHAWANAWÁ – O POVO ARARA
Hu ँ du SvnavÁ
O POVO ARARA é oriundo da Família Lingüística Pano.
Seu Território localiza-se no município de Marechal Thaumaturgo, Ac, com uma população de 378 pessoas, numa área delimitada e
demarcada de 28.926 ha.
Esse povo autodenomina-se JAMINAWA ARARA e é conhecido também por Shawanawa, Arara, Xawanáua, Xawanáwa,
Chauã-nau, Ararapina, Ararawa, Araraná, Ararauá e Tachinauá.
Sua Organização espacial no interior da terra indígena está
distribuída em uma aldeia – Sirqueira – e três comunidades – Bom Futuro, Buritizal e São Sebastião.
Estes formam grandes conglomerados populacionais com
residências nas aldeias e comunidades.
Esta forma de ocupação permite maior facilidade para
transportar os produtos de primeira necessidade e facilitar no deslocamento até
as cidades.
Além disso, há também a
predominância de fatores culturais e produtivos,
bem como diferenças entre grupos, levando-os a permanecerem em aldeias
distintas.
Mais do que isso, tal
distribuição espacial favorece as atividades de subsistência, diminuindo as dificuldades para o
transporte de doentes, mas traz a escassez de caça, pesca, prática da coleta e
agricultura por viver socialmente juntos para facilitar o convívio grupal.
Segundo a história oral dos
Arara e as fontes históricas sobre o Alto
Juruá, o contato entre esse povo e os não-índios só ocorreu no início do século
XX.
Mais precisamente em 1905, período em que estava sendo aberta uma
estrada que iria ligar Cocamera, no Tarauacá, a Cruzeiro do Sul.
Foi quando Felizardo
Cerqueira e Ângelo Ferreira conseguiram,
juntamente com índios Yawanawa, Rununawa e Iskunawa, estabelecer contato com os Arara que
estavam localizados na região do igarapé Forquilha afluente
da margem esquerda do riozinho da Liberdade e estes
entraram em contato com os índios do Rio Bagé e
Riozinho
Cruzeiro do Vale.
Nesse período, os Arara residiam
com os índios Rununawa,
sendo todos liderados pelo célebre Tuxaua Tescon, que era casado com a filha de um Tuxaua Arara.
O padre francês Constantino
Tastevin esteve
no Alto
Juruá, depois de 1912, deixando por escrito relatos da região e dos
habitantes nativos.
Em tais relatos, Tastevin faz uma distinção entre os Arara do Tauari e os do Forquilha, dando a entender que os Arara
estavam divididos em mais de um grupo, ou em diferentes aldeias de um mesmo
grupo.
Tastevin relata, ainda, as constantes guerras
intertribais travadas pelos Arara no início do século XX.
Sabe-se que os Arara
empreendiam migrações ao
longo dos Rios
Tejo, Bagé, Liberdade e Amahuaca
(Riozinho Cruzeiro do Vale).
Desses deslocamentos ocorreu
o combate que
resultou na morte de Tescon, em 1914, devido a um conflito com os Arara.
Após a morte de Tescon, ocorreram ainda vários conflitos
envolvendo o grupo que era liderado por ele, obrigando, assim, os Arara a migrarem para as proximidades dos rios Bajé, Tejo,
Gregório e o riozinho Cruzeiro do Vale.
A história, a lembrança dos
antigos,
têm muita importância para o povo Arara, e as informações relativas a eles, em
geral, estão vinculadas às correrias, às guerras intertribais, ao parentesco, à
organização social, aos costumes tradicionais, às práticas de secessão e às migrações do grupo por um vasto território.
Nem todo são Araras, devido às guerras e aos casamentos
intertribais que fizeram com que indivíduos de outros povos passassem a fazer
parte da Nação
Arara.
A região atualmente habitada
pelo povo indígena Arara era
território dos grupos
Pano, desde o período pré-cabralinos,
mas a partir de meados do século XIX, passou a ser ocupada também por exploradores e comerciantes vindos de Belém, Manaus e centros urbanos localizados ao longo do rio Solimões.
Entretanto, a exploração e
ocupação efetiva da região do Alto Juruá,
ocorreu apenas nas duas últimas décadas do século XIX, após vários embates
com os grupos indígenas da região.
Nesse período, a região foi povoada principalmente
por migrantes oriundos do Nordeste brasileiro.
Em fins da última década do
século XIX, o Alto Juruá já estava povoado por brasileiros, quando Peruanos “Caucheiros” ocuparam a região.
Ao longo da segunda metade do
século XX, os
Arara
estiveram sob o jugo dos patrões.
No final da década de 1980 ao
início da de 1990,
muitos Arara migraram para as cidades, principalmente Cruzeiro do Sul, devido às
precárias condições de vida na terra indígena.
Os longos anos de ocupação
por não-índios,
fez mudar o antigo padrão de vida dos Arara.
No entanto, mesmo subjugados
pelos patrões, a
atividade produtiva voltada para a produção da borracha e a dependência do
sistema de barracões, os Arara não abandonaram costumes tradicionais como a caça, a
pesca, a agricultura e a coleta.
Decorrente do processo de
colonização,
instrumentos novos foram inseridos a essas atividades, como machado, terçado,
enxada, espingarda e outros.
Com isso, o povo Arara
agregou habilidades
como o uso de arma de fogo a uma série de conhecimentos tradicionais sobre a
floresta e sua fauna, e sobre os modos de como um caçador obter sucesso em sua
atividade.
Na produção econômica atual também criam animais destinados ao
consumo familiar ou à venda.
As atividades de coleta destinam-se à colheita de frutos
silvestres para completar alimentação, de produtos medicinais, temperos para os
alimentos, óleos vegetais e outros.
Cultivam vários tipos de mandioca, milho, banana, mamão,
cana-de-açúcar, inhame, cará, feijão, fava branca, arroz, batata-doce, plantas
medicinais e temperos.
Os Arara produzem também
artesanato que,
antes da dominação imposta pelos não-índios, era confeccionado em grande
escala, inclusive utensílios domésticos, adornos e armas de caça e pesca.
Alguns produtos artesanais como anéis, pulseiras, colares e bolsas
de tecido são comercializados.
Os igarapés Braço Esquerda e Rio Bagé,
são de extrema importância para o bem-estar econômico e cultural dos Arara.
Seus afluentes e respectivas
cabeceiras coincidem
com os limites da terra indígena, região onde são exercidas atividades de caça,
pesca, coleta e agricultura.
Os Rituais Arara possuem um
forte vínculo com a cosmologia,
mas são principalmente os mitos que retratam melhor os aspectos cosmológicos do
grupo.
Os Mitos, contados
principalmente pelos mais velhos,
vêm a ser a forma própria de transmissão do saber do povo.
A narrativa dos mitos se dá
nas línguas Arara ou
em português.
A Tradição e o Saber Arara
dependem da preservação da sua terra, que
vem sofrendo constantes invasões por regionais, causando conflitos
latifundiários com a caça predatória.
Por este motivo se faz
urgentes controle, pois esta é a única forma possível de se garantir a liberdade e o
direito de viver desse povo.
O Povo Shãwanawa ou Jaminawa Arara, encontra-se na Terra Indígena Jaminawa-Arara no Rio Bagé munícipio de Marechal Thaumaturgo este território é reconhecido
pelo governo estadual e federal.
Esta terra é habitada por 378
pessoas em quatro aldeias do Clã Shawã, que em sua língua significa Arara.
Estes ocupam uma área de
28.926 ha, seu território continua preservado assim como sua cultura.
Texto de Hundu Shawanawa
Também pertencem a este grupo os Marubo e Corubo (Vale do Javari)
e Shipibo (Juruá-Ucaially peruano).
Marubo
Índio Marubo
Os Marubos são um grupo indígena da Família Pano que habita o Sudoeste do estado brasileiro do
Amazonas, mais precisamente a Área Indígena Vale do Javari.
Junto com os Corubos, os Matises e os Matsés, são denominados de modo
genérico de Maiorunas.
Matsés ou Mayoruna
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Atual população
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Aproximadamente 3.000
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Áreas com comunidades significativas
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Matsés Comunidade Nativa: aproximadamente
2.200 pessoas
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Língua
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Matsés, uma língua da família Pano, A a
maioria também fala espanhol ou Português
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Religião
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Tradicionais são animistas, a
maioria também são cristãos
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Tribos aparentadas
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Matis, Marubo, Korubo, Shipibo, Amahuaca, Kulina
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Liderança Matsé
Índios Matsés
Índios Matis
Cacique Nocar Corubo - Amazônia
Líder
Tribo Shipibo - Amazônia Peruana
Matis Escoteiro Txema
Os Matsés, também chamados Mayoruna ou Maxuruna são um grupo indígena que representa o
ramo mais setentrional da família etnolinguística pano.
Índio Matsé (Maxuruna)
Índios(as) Mayoruna
Habitam a região de fronteira Brasil-Peru, em
comunidades distribuídas ao longo da Bacia do Rio
Javari, no extremo oeste da Amazônia brasileira, e na Terra Indígena Vale do Javari, onde vivem
junto com outros povos falantes de línguas das Famílias
linguísticas Pano (Matis, Kulina-Pano, Korubo, Marubo) e Katukina (o povo Kanamari).
Índios Kanamari
Encontram-se também na Aldeia Lameirão (Município de Atalaia
do Norte) e na Terra Indígena Marajaí (Município de Alvarães), além do Peru.
Apesar da proximidade geográfica e linguística das línguas Matis e Matsés, trata-se de
línguas distintas.
Os Matsés são
também denominados Mayoruna, um termo de
origem “Quechua” (Mayu = Rio; Runa =
Gente) e em território contínuo: Umanuc Matses, ("Gente do Exterior") e Mananuc Matses, ("Gente do Centro"), usado a partir do século XVII por colonizadores e missionários para se referirem a
grupos que habitavam a região do Baixo Ucayali, do Alto Solimões e da Bacia do Javari.
Índios QUECHUA
Índios Quechuas
Índios Quechuas
Os Katukina do Acre também falam uma língua da Família
Pano (não confundir com os Katukina do Amazonas).
Tribo Katukina – (AC) –
Catuquina
Katukina - (AM)
A Terra Indígena Katukina/ Kaxinawá, no Município de Feijó (Acre), foi assim denominada por
engano.
Ali estão, de fato, dois povos Panos, aparentados:
um deles é o Kaxinawá.
Mas o outro povo não é o Katuquina:
trata-se, na verdade, dos autodenominados Shanenawa (povo do pássaro azul).
Estudos linguísticos realizados na
década de 1990 comprovam
que, embora a língua Shanenawa seja da Família Pano (assim como a língua
dos Kaxinawá
e a dos chamados Katukina-Pano), apresenta diferenças
significativas em relação à língua falada pelos Katukina-Pano - (Terra
Indígena Rio-Campinas/Katukina e T. I. Rio Gregório, ambas no Acre).
Por receio de perder o direito às
terras e considerando todo o histórico de violência e injustiça que sofreram,
os Shanenawa
resolveram não desfazer o equívoco.
Aparentemente: Náua ou Nawa designa "Povo" ou "Gente", acrescido de um prenome indica a que clã
este povo pertence.
Ex: Shanenaua (Povo do Pássaro Azul), Yawanawá (Povo
da Queixada), etc.
Os Povos Pano ou Nawa compartilham
semelhanças não apenas linguísticas, mas também nas músicas tradicionais, nas práticas ritualísticas,
nas histórias tradicionais
e na pintura corporal,
entre outros aspectos de sua cultura.
O Povo Shawã e a língua Shawã
SHAWÃDAWA
- ARARA1
SHAWÃDAWA
O Povo Shawãdawa cujo nome
etimologicamente é composto pelas formas Shawã,
uma Arara típica da Região Amazônica e Dawa
que significa Povo.
Por causa dos conflitos históricos esta comunidade foi
dividida, sendo forçada a sair de onde originalmente se encontrava, isto é, no
alto da cabeceira do Rio Tejo.
Alguns deles permaneceram na região, outros se
deslocaram para o Rio Bagé,
afluente do Tejo e outra parte ainda do grupo desceu para as encostas dos Rios Humaitá, Nilo
e Valparaíso.
É importante ressaltar aqui que os índios que permaneceram no Rio Bagé são
chamados de Jaminawa-Arara, na
atualidade; e o outro grupo como Shawãdawa
ou Arara.
Todavia, mesmo com territórios distintos a língua nativa de ambos os grupos é o idioma
Shawã.
Na década de 80, juntamente com os representantes do
governo de Estado
do Acre e do governo federal, foram
feitos os encontros com o Povo Arara do igarapé
Humaitá visando a demarcação da terra
indígena da comunidade.
Após um grande surto de malária nas aldeias, na mesma década, os
Índios Shawãdawa se deslocaram para o Município de Cruzeiro do Sul, no Acre.
No final da mesma década, com a estrutura dos
agentes de saúde e agentes agroflorestais, foi possível que, aos poucos, eles
retornassem para o local de origem.
Hoje, a maior parte deles já vive novamente no Igarapé Humaitá, também conhecido como Cruzeiro do Vale, afluente do Rio Juruá.
A Sociedade Shawãdawa, ainda se
autodenomina como Shawanáwa, Xawanaúna, Xawanáwa, Chauã-nau, Ararapina,
Ararawa, Araraná, Ararauá e Tachinauá. Gondim (2002).
A língua Shawã pertence à Família Pano, essa família inclui
outras línguas como Kaxinawá,
Shanenawá, Katukina, Náwa, Nukini, entre outras. Rodrigues (1986).
Os
Nukini são parte do conjunto do tronco linguístico de Povos Pano que habitam a região do Vale do Juruá e que se
caracterizam por modos de vida e visões de mundo bastante semelhantes, assim como têm em comum a experiência
histórica; da violência e da
exploração protagonizada por seringalistas desde meados do século XIX.
Tribo Nuquini
A
Terra Indígena Nukini está localizada na margem esquerda do Rio Môa, Município de
Mâncio, (Acre)
Vale a pena aqui mencionar uma narrativa em que nos foi contado como o “Povo Pano” surgiu por meio do Criador, um Herói Mítico, “Pai de Todos Nós”:
Vejamos o relato feito pelo índio, liderança do grupo Jamináwa - Arara:
Um
dia, um homem, um
velhinho matava várias espécies de animais, veado, queixada, cotia.
Depois
de um tempo, de
matar vários bichos, o velhinho guardou todos.
Numa
certa manhã, todos
os bichos se transformaram numa nação e foram embora despedindo do velhinho
como se fosse um pai.
Os
índios andaram,
andaram e chegaram até um grande lago (rio Solimões) e não havia jeito de
atravessar.
Então,
boiou no lago um
enorme jacaré que ia de um lado ao outro e disse para os índios matarem animais
para ele comer, pois estava com fome e ele deixaria todos atravessarem em suas
costas.
Muitos
saíram para caçar, um
índio (meio bravo matou um jacaré pequeno).
Logo
depois o jacaré cantou uma
música, dizendo que não precisava matar mais bichos, todos podiam levar para
ele comer.
Acontece
que as pessoas
deixavam a comida e iam atravessando.
Quando
o jacaré grande viu o
jacaré pequeno, ficou com raiva de ter matado seu parente e derrubou as pessoas
que estavam atravessando e comeu todas.
O
jacaré afundou e as
pessoas que já haviam atravessado pelas costas do jacaré não pode voltar e os
irmãos ficaram separados.
Segundo
a interpretação dos indígenas, o “velhinho” é o pai de todos os seres humanos, que, a princípio, eram todos
iguais.
As
diferenciações começam a existir
quando, o homem ou nação, mata um parente (o jacaré pequeno) do jacaré grande
(espécie de mediador entre o bem e o mal).
Surgem,
então, os brancos por oposição aos índios; e por sua vez as nações que não conseguem atravessar o rio,
ficando junto ao velhinho, seriam os membros da Família Pano, enquanto os que
atravessam formam os índios bravos e os demais indígenas e os não índios
também.
Assim,
surgiu também a distinção linguística entre os falantes de línguas Pano, os falantes de outras
línguas indígenas e os falantes de línguas ocidentais, como o português.
Entretanto,
mesmo assim, o velhinho
continua sendo para os Jamináwa-Arara o “Pai
De Todos Nós”,
índios e não índios.
A FAMÍLIA LINGUÍSTICA PANO
A
Família Linguística Pano é encontrada em Territórios
brasileiro, Peruano e Boliviano.
Uma
característica representativa nesse grupo, é o fato de habitarem uma área
geograficamente homogênea e apresentarem costumes étnicos semelhantes (Rodrigues,2002).
O
primeiro estudioso a propor uma classificação para línguas Pano no final do século XlX, foi o francês Raoul de La Grasserie (1890).
Dentre
as principais classificações, encontramos a proposta de Rivet (1924), que separou em três grupos a Família Pano, levando em
consideração a área geográfica de cada aldeia.
O Primeiro grupo e também maior é formado por 29
línguas faladas ao longo dos rios Amazonas e Ucayali.
O
Segundo grupo por 4 línguas da região do rio
Inambarí.
O Terceiro
grupo por 6
línguas e dialetos falados nas proximidades dos rios Mamoré e Beni, ambos afluentes do rio Madeira (Shell, 1985).
Vale a
pena mencionar que na mesma região dos povos Pano, convivem os Povos Arawák.
O Povo e
a língua Wauja são
pertencentes a (Família Línguística Arawák).
Tribo Arawak
Índia
Aruaque
Os Wauja, mantém vivo o uso
da língua materna, ela é usada na comunicação diária por todas as faixas
etárias: crianças, jovens, adultos e idosos.
O Povo
Wauja é
constituído por aproximadamente 410 pessoas, de acordo com o Instituto
Socioambiental (2006).
Tribo Wauja
Tribo
Wauja
Este povo,
atualmente, está dividido em Três Aldeias: Piyulaga (Aldeia principal),
Aruak e Lupuene.
Essas Aldeias encontram-se no Alto Xingu, Parque Nacional do Xingu, no Estado de Mato Grosso.
A
Riqueza de Cultura Material dos Waujá é imensa.
São
conhecidos pela beleza de sua Arte Cerâmica, Grafismos em Cestos, Arte Plumária e Máscaras Rituais.
Cerâmica-Artesã-Uleyalu-Mehinako-Wauja
Além
disso, possuem uma Mito-Cosmologia complexa e
fascinante, na qual os animais, humanos e extra-humanos possuem
vínculos que permeiam a concepção de mundo e as práticas de
Xamanismo.
A Língua
Waujá está
classificada como pertencente à Família linguística Arawák.
Esta é a
maior Família Linguística das Américas no que se refere ao número de línguas,
incluindo as ramificações internas, e abrange a maior área geográfica de
qualquer grupo linguístico da América Latina.
O fato
dos índios conviverem próximo uns dos outros, levou (Rivet) a desconfiar de um possível parentesco
linguístico desses grupos.
Ele
fundamentou a hipótese nas consideráveis semelhanças gramaticais que
a língua Tacana, catalogada como Arawák, apresenta com a Família
Pano.
As
referidas línguas Tacano-Pano-Arawák mostram aspectos genéticos
semelhantes.
Mason (1950)
A
classificação sistemática que (Mason) propõe para as línguas
Pano, reunindo-as em Pano Central,
Sul Ocidental, Sul
oriental pode ser encontrada nos
estudos recentes das línguas Pano,
(Cândido (2004).
Outro
estudioso,
(McQuown (1955)
faz uma
separação distinta entre Arawák
e Tacana e menciona que a última, talvez,
enquadraria-se em um grupo constituído por 38 famílias menores.
Pouco
tempo depois,
(Greenberg (1956)
divulga
que os grupos Arawák e Tacana juntos,
formam um tronco: o Macro Pano.
Todavia,
até 1970,
estabelecer com precisão o grau de parentesco existente entre as 10 línguas não
é nada fácil, principalmente, nos termos da gramática, (Rivet e Loukotka (1952).
Uma
outra distribuição das línguas Pano é a de (Schmidt (1926), que dividiu os
grupos Pano em três grupos menores: Norte, Sul e Central.
A região
Sul subdivide-se
em ocidental e oriental.
Cada
língua é localizada,
levando-se em consideração a posição geográfica em relação aos paralelos e meridianos.
Contrapondo
ao que havia sido feito, Greenberg
(1956) discute uma classificação sintética das
línguas ameríndias, tendo como objetivo agrupar em uma mesma unidade todas as
línguas das américas, com exceção dos grupos Na-Dene e Eskimo.
TRIBO NA-DENE
TRIBO
ESKIMO
Propõe-se:
Oito
grupos linguísticos para os
índios das três Américas.
Três
grupos estão na América do Sul, são eles:
Macro-Cibchan,
Equatorial Andino,
Ge-Pano-Caribe.
O grupo
Ge-Pano-Caribe é
composto pelos Blocos Macro-Jê, Macro
Pano, Nambikuara,
Huarpe, Macro-Karib
e Taruma.
(D’Ans (1973)
A grande
hipótese é
a existência de um único Tronco Macro Pano. (Greenberg (1987)
A
respeito de um Tronco de Origem comum às línguas da América, outros autores
buscaram reconstruir a língua Pano primitiva. (Greenberg (1956)
Já (D’Ans
(1973)
questiona as interpretações das línguas Pano e fará uma tentativa de reclassificação com base no
método glotocronológico.
Nesse
estudo,
ele afirmará que os grupos denominados Pano
Sul-Ocidentais nunca existiram e
que foram analisados de forma inadequada a partir de fontes antigas relativas
ao assunto.
Ela representa
um avanço,
no sentido de que pouco se sabia até aquela data sobre as línguas
Pano faladas no Brasil.
Sugere-se
uma possível relação entre
MosetenPano-Tacana. (Suarez (1969, 1973)
O
Moseten (língua
ora tratada como pertencente a um tronco independente ora ao tronco Arawák).
TRIBO
MOSETÉN
Acredita-se
em uma longínqua relação da família Pano com o Mapuche
e o Quechua. (Loos)
Tribo
Mapuche
Tribo
QUECHUAS
A
primeira a comparar sistematicamente dados linguísticos de 7 idiomas Pano foi
(Shell -1985).
Ao
classificar as línguas indígenas do Brasil, aponta-se a Família
Pano como não filiada a nenhum
tronco. (Rodrigues
(1986).
As Línguas Pano do Brasil são:
Milhares ( AM ),
Karipuna ( RO ),
Katukina ( AC )
Kaxarari ( RO ),
Kaxinawá ( AC / AM ),
Marubo ( AM ),
Matis ( AM ),
Maya ( AM ),
Mayoruna ( AM ),
Nukini ( AM ),
Poyanawa / Puyanawa ( AC ),
Yaminawa ( AC )
Yawanawa. ( AC ).
Índios Karipuna
Tribo
Kaxararí
Tribo
Poyanawá
Estudos
descritivos têm mostrado outras línguas como da família Pano, é o caso do Shanenawa no Acre (Aguiar,1994).
Utilizando um método
léxico - estatístico e 20 línguas Pano do Brasil, Bolívia e Peru, com listas de Swadesh contendo
100 palavras, (Amarante Ribeiro - GELCO II (2003), Classificou as Línguas Pano da seguinte maneira:
GRUPO I (Pano das Cabeceiras)
A - Subgrupo I
a.
Isconahua
B - Subgrupo II
b.
Amahuaca
C - Subgrupo III
c.
Cashinahua
D - Subgrupo IV
·
Yaminahua
·
Shanenahua
·
Shawãdawa (Arara)
·
A sendo mais
·
Shanenawa.
GRUPO II (Pano Beniano e Pano
Ucayalino)
A - Subgrupo I
·
Katukina
·
Marubo
B - Subgrupo II
·
Chacobo
·
Pacahuara
C - Subgrupo III
·
Capanahua
·
Sipibo-Conibo
·
Panobo
GRUPO III (Pano Pré-Andino)
·
Cashibo-Cacataibo
A língua
Shawãdawa é também conhecida como língua Arara ou língua Arara do
Acre, todavia neste trabalho abandonamos esta denominação, uma vez que os
índios se autodenominam como Shawãdawa e
dizem que o
nome Arara foi
criado pela Funai no período do
contato, por isso muitas literaturas o indicam desta forma.
Tal estudo
realizado na UFPE pela professora (Carla
Cunha (1993),
traz incursões valiosas do idioma Shawãdawa.
Suas atividades produtivas se
organizam a partir da divisão sexual do trabalho, cabendo, ao homem,
a guerra, a caça e a pesca.
O domínio da maior parte das
técnicas de pesca pertence ao homem.
Utilizam anzóis (mesmo antes do contato com a civilização
europeia) feitos com ossos de animais.
Pescam com vários tipos
de timbó, sendo que as mulheres
participam da colheita de algumas espécies (o puikama).
Também praticam essa atividade
em pequenos igarapés,
reservando-se, ao homem, a pesca nos lagos, com espécies mais venenosas.
Cabem, às mulheres, as atividades da coleta, colheita, preparação de alimentos e plantio.
Plantam banana, mandioca, feijão, amendoim e algodão em roçados.
Os homens participam da
preparação do terreno, derrubada da floresta e da coleta caso seja preciso
subir numa árvore, como nos casos do açaí (pana),
patoá (isa),sapota (itxibin),
jaci (kuti), aricuri
(xebum), bacaba (pedi isan) e palmito.
Os Homens também
trazem frutas quando não têm sorte na caça.
As Mulheres também
são responsáveis pela tecelagem (algodão), fabricação de cestos e cerâmica.
História
Os primeiros relatos de
viajantes na
área do Alto Juruá que falam dos Kaxinawá
consideram os Rios Muru, Humaitá e principalmente o Iboiçu, 3 afluentes do Envira
(por sua vez afluente do Juruá), como o
habitat “original” dos Kaxinawá,
antes da chegada dos Seringueiros.
Destes rios eles ocuparam a
margem direita, sendo a margem esquerda ocupada pelos Kulina
(McCallum, 1989; Tocantins, 1979).
No século XVIII os colonizadores
organizaram excursões à procura de escravos nesta região.
Mas deste primeiro contato não se tem nenhum
registro.
Estas primeiras incursões foram muito
fragmentárias e de curta duração.
No final do séc. XIX, a
partir de 1890,
inicia-se uma onda de invasões de caucheiros peruanos
e que não demorou mais de vinte anos.
caucheiros Peruanos
caucheiros
Para conseguir o Caucho, as árvores precisam
ser cortadas e a região ficou logo esgotada.
Já a borracha,
Hevea brasiliensis,
é extraída dos cortes feitos com uma regularidade que preserva a árvore.
Por isso a chegada dos
seringueiros brasileiros não foi passageira, apesar dos altos e baixos
do mercado.
Nesse violento contato os
grupos indígenas locais
sofreram violência por parte dos exploradores que trouxeram, dentre outras
coisas, doenças.
Em 1913 a região do Juruá contava com 40 mil migrantes (em sua
maioria cearenses), e o Purus 60
mil.
A Violência era organizada.
A função dos Mateiros não era somente abrir
estradas de seringa, era também limpar a área de índios brabos.
A reação dos Kaxinawá era roubar e
assaltar, porém alguns grupos deixaram-se amansar pelos seringalistas.
Foi o que aconteceu com o
grupo de
Kaxinawá de Iboiçu, que aceitou trabalhar para
Felizardo Cerqueira em
troca de mercadorias.
Seringalista Felizardo
Cerqueira - Kaxinawás
Felizardo levou-os do Iboiçu para o Alto Envira e de lá, em, 1919, para
o Tarauacá,
onde foram usados no massacre dos Papavó (McCallum, 1989).
Em 1924 chegaram ao Rio Jordão,
onde estão até hoje, muito tempo depois da morte do patrão.
Os Kaxinawá mais velhos deste rio ainda estão marcados com as iniciais
FC (Felizardo Cerqueira) do nome do patrão.
Até 1946, os Kaxinawá do Peru ficaram lá, na mata
virgem, longe dos rios navegados pelos comerciantes.
Eles preferiam a
independência e o isolamento à dependência que implicava maior
acesso às armas e utensílios de metal.
Através dos Yaminawa eles conseguiram
algumas coisas, mas parece que em meados dos anos 1940 eles decidiram que precisavam de mais e mandaram uma
equipe de 6 homens para o Rio Taraya para negociações diretas
.
Com o tempo os Kaxinawá tomaram a decisão de
procurar o contato com a civilização, uma decisão de profundas consequências, e
questionada pelos próprios Kaxinawá.
O contato pode ser inevitável a longo
prazo.
A curto prazo, no entanto, ele depende da
iniciativa do grupo, que em uma geração anterior tinha escolhido a posição
contrária.
Numa região onde, ainda hoje,
vivem etnias,
grupos de língua Pano e Arawak, que
evitam qualquer contato com a sociedade não-indígena.
Em 1946, quando um Visitante Brasileiro
visitou os Huni kuin, eles sabiam o que queriam
dele: as mercadorias industrializadas, machados de metal, espingarda etc.
O comerciante levou madeira e
caucho em troca,
mas levou também alguns jovens para trabalhar com ele, o que não estava
previsto (Kensinger, 1975).
Em 1951, chegaram os
viajantes alemães Schultz e Chiara:
“Encontramos ao todo, 8 aldeias,
com um número de habitantes que variava entre vinte e 120 indivíduos.
Calculamos o número total de
indivíduos Kaxinawá entre 450 e 500” (Schultz, 1955).
Em consequência desta visita
morreu de 75 a 80% da população adulta numa epidemia de sarampo.
Os Kaxinawá, porém, consideravam
as filmagens da equipe como causadores da onda de mortes. (Deshayes e Keifenheim (1982).
Para os Kaxinawá, que naquela época
tentavam dar uma explicação para a tragédia, o filme reduzia a imagem da pessoa
e assim, com seu Yuxin Yuda diminuído, a pessoa morria.
Os sobreviventes fugiram para o Envira e o Jordão
no Brasil, onde moravam seus parentes empenhados no trabalho nos
seringais.
Na época seca do ano seguinte, a maior parte dos
refugiados resolveu voltar para o Curanja,
onde não tinha nem seringa, nem patrão.
Balta, a maior comunidade
Kaxinawá no Peru,
é uma criação do SIL (Sociedade Internacional de Lingüística).
Com a chegada dos
missionários foi
construída uma pista de pouso para o transporte de bens de Pucallpa
e instalado um rádio que mantinha contato com a base do SIL em Yarinacocha.
No início dos anos 1970 Balta tinha atraído tanto Kaxinawá que seu número chegava a 800
indivíduos.
A segunda maior aldeia
Kaxinawá no Peru,
Conta, foi construída no Purus perto de Puerto
Esperanza, em 1968, por Kaxinawás
vindos do Envira.
Em 1985, Conta tinha superado Balta em
número de habitantes, basicamente graças à migração de Kaxinawá
de Balta e Santarém,
aldeia acima de Balta, que deixaram o Curanja à procura de novos caminhos para
conseguir os produtos que até então eram fornecidos pelos missionários.
Conta mantém
relações comerciais com Puerto Esperanza, pequeno porto construído ao
redor de um posto militar de fronteira.
Alguns Kaxinawá de Conta têm
feito serviço
militar neste porto, experiência marcante e em alguns casos traumática.
As duas aldeias Kaxinawá, Cana Recreio e Moema, no Alto Rio Purus, representam a junção destas duas tradições Kaxinawás do último século: a peruana e a brasileira.
A primeira Aldeia, que manteve sua
autonomia por mais tempo e viu
sua vida ideal interrompida por menos tempo, é considerada mais "
tradicional " (culturalmente mais indígena), apesar de ser marcada pelos
missionários e o contato com os militares peruanos.
A segunda Aldeia viveu durante anos de forma mais dispersa e se familiarizou com
a cultura seringalista pelo trabalho de duas gerações para o patrão, mas vive
hoje em dia um profundo processo de retomada das " Tradições
".
As histórias de vida dos
Kaxinawá de
Cana Recreio
e Moema contam a longa viagem
entre o Envira e o Jordão no Brasil e
o Alto Purus e o Curanja
no Peru até parar em Cana Recreio, no Purus do lado brasileiro.
Em abril de 1989, um terço da
população de Cana Recreio fundou uma nova aldeia: Moema.
Fronteira é a terceira
comunidade Kaxinawá na
área indígena do Alto Purus.
RIO PURUS
Ela é a mais antiga no rio
Purus do lado brasileiro e foi
fundada pelos Kaxinawá
seringueiros do Envira.
O líder desta aldeia, Mário Domingos, mudou-se do Seringal Vista Alegre, no Envira, para o Seringal Triunfo, no alto Purus, no início dos
anos 1970, a pedido do dono do referido
seringal, Chico Raulino.
O posto da Funai foi instalado em Fronteira, que ganhou uma pista de pouso, hoje
em desuso, uma escola, uma farmácia, um rádio ligado à intendência da Funai em Rio Branco
e uma casa para o chefe do posto, que acabou servindo de casa para a
família do Líder Kaxinawá, Mário.
Mário Domingos Kaxinawá
Em 1978 os voluntários do Cimi convenceram um grupo de umas 32 pessoas em Santa Rosa, na fronteira com o Brasil, que
desceram durante o ano anterior o Curanja e o Purus,
vindo de Balta, a se mudarem para o
posto da Funai em fronteira.
Este grupo tinha como Líder Francisco Lopes da Silva, Pancho, que fundaria dois anos mais tarde a
aldeia de Canoa recreio, a uma hora e
meia de descida de Fronteira.
O Realdeamento em Fronteira é um
processo que até hoje não foi totalmente concluído.
As famílias parecem prezar
mais sua independência umas das outras do que nas aldeias de Moema e
Cana Recreio.
As casas ficam um pouco mais
distantes umas
das outras, há umas dez cabeças de gado pastando entre as casas, e as famílias
mantêm uma economia relativamente independente.
Há, por exemplo, intercâmbios
individuais com
os marreteiros que navegam o
rio e vendem mercadorias em troca de borracha, couro de gado e galinhas.
Enquanto essas transações
tendiam a ser controladas pela coletividade e os líderes nas
outras aldeias do Purus,
o líder de Fronteira não tinha a intenção de controlar estas transações e não
existia uma cooperativa responsável pela economia da comunidade como um todo,
como acontecia em Cana Recreio.
Uma série de trabalhos, no
entanto, são feitos em conjunto: as pescarias coletivas no lago ou nos igarapés com timbó (barbasco), a abertura de
novos roçados e as expedições de caça por ocasião de grandes festas.
Um problema para a realização
destas festas é que Fronteira não tem
líderes de canto para “puxar” o canto.
A ausência de pessoas idosas que tenham vivido uma
vida aldeada, (Peru) quando adultos,
provocava um relativo esquecimento de elementos da cultura ao nível dos
rituais, da língua e na cultura material.
Assim como não tinha nenhum
homem ou mulher que
soubesse todos os cantos do Kaxinawá, Ritual da fertilidade e
do Txirin, ritual de iniciação da criança;
não tinha mulher que soubesse tecer ou desenhar kene
kuin, o estilo Kaxinawá de desenho geométrico.
Apesar desta situação marcar também a
especificidade e o orgulho deste grupo, que dominava muito mais os códigos da
sociedade brasileira do que seus vizinhos e que era respeitado por causa de
seus poderosos tomadores de cipó, também em Fronteira
(como tinha acontecido no Jordão)
se procurava aumentar " a Ciência dos Antigos
" com a chegada de parentes do Peru."
A tendência à cisão de
aldeias é comum entre
os Pano e reflete a base democrática que
constitui a comunidade.
Todo pai de família pode decidir, por quaisquer
motivos, mudar-se para outro lugar a fim de construir uma nova comunidade, se
tiver habilidade de persuadir outros a segui-lo.
Não existe coerção nestes casos; cada
indivíduo, mulher ou homem, escolhe onde ou com quem mora.
A única pressão é afetiva; ninguém gosta de
morar longe dos seus parentes mais próximos.
Mito
fundador
O Mito
fundador Kaxinawá explica também a origem
do uso de Uni ou Cipó de Ayahuasca - com que se produz uma
bebida enteógena utilizada ritualisticamente.
AYAHUASCA (do quíchua Aya, que significa “Espírito”,
e Waska,
'Cipó', podendo
ser traduzido como "Cipó do Espírito",
também conhecida como Hoasca, Daime, Iagê, Santo-Daime, Vegetal e Mariri.
É uma bebida “Enteógena” produzida a
partir da combinação da videira Banisteriopsis caapi com
várias plantas, em particular a Psychotria viridis e
a Diplopterys
cabrerana.
A Ayahuasca é, frequentemente,
associada a rituais de diferentes grupos sociais e religiões,
além de fazer parte da Medicina Tradicional
dos povos da Amazônia.
AYAHUASCA
AYAHUASCA - CIPÓ MARIRI E FOLHA
CHACRONA
Era utilizada pelos Incas.
Os primeiros relatos do uso indígena de Ayahuasca,
no Ocidente, são dos Missionários Jesuítas.
Estima-se, entretanto, que populações
indígenas utilizem bebidas com estas plantas há aproximadamente 5 mil anos, 8
mil anos ou pelo menos 3.500 anos.
A Ayahuasca é utilizada tradicionalmente em países como Estados Unidos, Austrália, Peru, Equador, Colômbia, Bolívia e Brasil e
ainda por pelo menos 72 diferentes
tribos indígenas da Amazônia.
O Termo ENTEÓGENO (grego EN = Dentro / Interno, THEO = Deus / Divindade, GENOS = Gerador), ou "Gerador da Divindade Interna"
A NATUREZA
Pesquisadores de Medicina Indígena, Sistemas Etnomédicos e adeptos religiosos
consideram a possibilidade, ou atribuem à substância propriedades
curativas.
Nas Religiões Tradicionais do Brasil e entre Curandeiros "Mestiços" da Região Andina,
por exemplo, acredita-se que a Ayahuasca é capaz de desintoxicar (purgar), reativar órgãos
danificados e propiciar melhoras em quadros de dependência.
Pesquisadores estão encontrando
indicativos de que a Ayahuasca auxilie no Tratamento do Câncer como também pode ter efeitos contrários
aos Agentes
da Malária e Doença de Chagas, e auxiliar na reversão de quadros de Alcoolismo e Comportamento Suicida, na recuperação
de quadros de Ansiedade Fóbica, Autismo, Esquizofrenia, Desordem de Déficit de Atenção por Hiperatividade e Demência Senil.
A
VISÃO DE SI MESMO – (ALEX GREY)
Segundo o Mito, um homem chamado “Yube” ficou fascinado ao ver uma
mulher copular com uma anta e depois partir para o fundo do
rio como sucuri, após a anta tê-la atraído jogando um jenipapo.
Ele joga um jenipapo à margem
do rio com o mesmo propósito, e agarra-se à cabeça da mulher que emerge das
águas.
Eles copulam, e ela concorda
em casar-se com ele: o homem mentiu que não
tinha esposa.
Ambos foram para o fundo do
mar: ela voltou a ser uma sucuri, e
ele também se transformou em uma sucuri.
Ele é alertado pela
esposa-sucuri a não tomar o cipó,
como tomavam ela e as outras sucuris, pois, enquanto estivesse no seu efeito,
veria que todos eram na verdade sucuris, não teria mais a ilusão de que todos
eram humanos, e ficaria com medo; ele só desobedeceu uma vez, mas foi
tranquilizado por sua esposa-sucuri através de uma canção.
Um tempo após desobedecer,
depois de ter tido filhos com esta mulher, um peixe que estava sendo caçado por sua esposa-sucuri o convida a
pular para fora do rio, tornando-se um homem novamente.
Ele aceita o convite.
Entretanto, fora do rio, a
mulher-sucuri vem buscá-lo com seus filhos para vir de
volta ao rio.
Ele se recusa a voltar.
Então seu sogro tenta
engoli-lo, para trazê-lo de volta a força; ele consegue, entretanto, se agarrar nos
galhos de uma árvore e gritar por socorro para a sua família humana, que escuta
seu chamado, chega ao local e abre seu sogro-sucuri com uma faca.
Estando a salvo, está muito
debilitado e amassado por ter sido parcialmente engolido: pede
então que seus parentes lhe preparem a ayahuasca do cipó e
da folha, para que ele possa se curar.
Após um tempo, Yube morreu, e, desde então, os Kaxinawá continuaram a beber a ayahuasca que
ele ensinou a preparar.
De sua sepultura, nasceram pássaros, como também um pé de cipó.
Xamanismo
e Etnomedicina
O Xamanismo entre os Caxinauás é uma atividade predominantemente masculina e de mulheres mais velhas.
O Poder Xamânico (Muka) vem
do contato com o mundo sobrenatural que acontece nos rituais coletivos, através
dos sonhos, do uso do “Rapé” e da bebida Nixi Pae - Ayahuasca, (Lagrou (1996).
A ARTE DO RAPÉ – MEDICINA
INDÍGENA
RAPÉ
O Xamã (Mukaia) Cura
seu Muka e obtém suas Visões (Yuxin) cheirando Rapé (Dume) ou
através do Nixi Pae.
Os Xamãs, em sua prática Etnomédica,
utilizam, preferencialmente, a fumaça do tabaco (Dume),
capaz de embriagar os espíritos e, assim, liberar o espírito humano preso por
aqueles para o Nixi Pae.
Recorrem a essa bebida para
dialogar com os espíritos somente quando seus métodos
não alcançam a cura almejada.
Huni Como
Festival XINÃ BENA - HUNI KUIN - KAXINAWÁ
O
Povo Indígena Huni Kuin do Caucho,
cuja terra indígena fica há uma hora de canoa a motor acima da Cidade de Tarauacá, pelo Rio Muru.
RIO MURU
Huni
Kuin é a expressão nativa do povo Kaxinawá, e significa “O Povo Verdadeiro".
Pajé Agostinho Manduca Mateus
Îka Muru- Huni Kuin
Líder Siã Kaxinawá
Pajé Bainawá Inubake - Huni Kuin
ASSIS KAXINAWÁ
Artesanato
Huni Kuin – (Acre)
Xamã - Txana Ixa - Huni Kuin
Seja Huni Makuin
O FESTIVAL
FESTIVAL HUNI KUIN
O
Evento
será uma experiência inédita aos Turistas e Convidados de todo o mundo, que terão acesso à
riqueza cultural e espiritual do povo "Huni Kuin - O Povo Verdadeiro", por meio de uma programação exclusiva, que
oferece aos participantes momentos para lá de especiais, na presença dos Pajés,
Caciques, Guerreiros e Cantores Indígenas da
Floresta Amazônica Acreana.
A
Organização do Evento convida a estar num ambiente
simplesmente mágico, que
integra a natureza aos costumes regionais amazônicos de um povo multimilenar, com
integração da tradição ancestral,
vivências
indígenas, arte e cultura, cura e sabedoria, danças e bailados, comidas
típicas, e acima de tudo, na presença de pessoas encantadoras, que dedicam suas
vidas para “Cuidar e Honrar a Tradição Cultural do Povo Huni Kuin”.
Os
Festivais Indígenas no Acre, ressurgiram na década de 2000, a partir do incentivo aos povos indígenas para o
resgate e fortalecimento as suas culturas.
No
Acre, são 15 povos indígenas e os “Principais
Festivais” são
os dos povos Huni Kuin do rio Jordão, Ashaninka do rio Amônia,
Yawanawá
do
rio
Gregório.
Os
Puyanawá e os Katukinas
também se organizam para abrir sua cultura a sociedade envolvente.
Joel Puyanawa-1
Tribo Katuquina - Catuquina
Cacique Nasso Kaxinawá
Para o Cacique Nasso
Kaxinawá,
O evento é um desafio para
fortalecer a troca de experiência entre seu povo, compartilhando com os visitantes “A Alegria de Viver na
Floresta e da Floresta”.
“Toda a comunidade
está envolvida em preparar a melhor recepção com muitos: Cantos,
Dança, Comidas Tradicionais, Feira de Artesanato, Medicina da Floresta,
Caminhadas e Banhos de Rio, além
das Cerimônias Culturais”,
afirmou o Cacique Nasso Kaxinawá.
Os visitantes podem
acessar o festival, que inclui traslado rodoviário desde Rio
Branco à Tarauacá pela BR
364, Traslado
Fluvial, Alimentação e Hospedagem em Casas
Tradicionais Indígenas ou Barracas.
Local: Terra
Indígena Igarapé do Caucho
Cidade: Tarauacá -
Acre - Brasil
Organização: Cacique
Nasso Kaxinawá
Acesse o
site do festival:
|
Assista
Entrevista com a Liderança sobre o Festival:
Cacique Francisco Da
Silva Manoel Nasso Kaxinawa
“LIVRO DA CURA – UNA ISÏ
KAYAWA”
Pajé Agostinho Manduca Mateus Îka Muru- Huni kuin
Una Isï Kayawa – “Livro da Cura”, projeto pioneiro que teve como objetivo principal, realizar o sonho do Pajé Agostinho Manduca Mateus
Ika Muru de transcrever a Sabedoria
Medicinal dos Huni Kuin, maior população indígena a habitar o Rio Jordão - (Acre).
Livro da Cura - Una Isi Kayawa
Xamanismo - História
O XAMÃ - NATUREZA É VIVER A VIDA!
Os
Kaxinawa afirmam
que os verdadeiros Xamãs, os Mukaya, aqueles que tinham dentro de si a substância amarga e
xamânica chamada Muka, morreram, mas este fato não os impede de praticar
outras formas de xamanismo, consideradas menos poderosas, mas que parecem
igualmente eficientes.
Somente
a retirada do Duri,
equivalente do Muka, entre os Kulina, parece ter sido o privilégio do Mukaya.
Outras
capacidades, como a de saber se comunicar com os Yuxin, são
do domínio de muitos adultos, especialmente os mais velhos.
Dessa
maneira poderíamos tanto dizer que não existem Xamãs quanto dizer que existem muitos.
Uma
característica saliente do Xamanismo kaxinawá é a importância da discrição com
relação à possível capacidade de curar ou causar doença.
A
invisibilidade e ambiguidade deste poder é ligada à sua transitoriedade.
A
afirmação de que não se tem mais Xamãs tão poderosos quanto antigamente seja interpretada
à luz de uma desenfatização da figura do xamã.
Pajé Tatá Yawanawá
Pajé Agostinho Manduca Mateus.Îkamuru hunikuî
Xamanismo é mais um evento do que um papel ou uma instituição
cristalizada.
Este
fato se deve também às severas regras de abstinência que incidem sobre a
prática do Xamã na
sua forma de Mukaya,
que não podia comer carne nem ter contato com mulheres.
O
Uso da Ayahuasca, considerado privilégio do xamã em
muitos grupos amazônicos, é uma prática coletiva entre os kaxinawá,
praticada por todos os homens adultos e adolescentes que desejam ver "o mundo do cipó".
O
Mukaya seria
aquele que não precisa de nenhuma substância, nenhuma ajuda exterior para se
comunicar com o lado invisível da realidade.
Mas
todos os homens adultos são um pouco Xamãs na medida que aprendem a controlar suas visões e
interações com o mundo dos Yuxin.
Dois
fatos facilmente observáveis que apontam nessa direção são o uso frequente e
público da Ayahuasca e as longas caminhadas solitárias de alguns velhos
sem o objetivo de caçar ou de buscar ervas medicinais.
Estas
duas atividades mostram uma procura ativa de estabelecer um contato intenso com a Yuxindade.
Yunxidade
é uma categoria que sintetiza bem a cosmovisão xamânica dos Kaxinawá, uma visão que não considera o espiritual (Yuxin) como algo sobrenatural e sobre-humano, localizado
fora da natureza e fora do humano.
O espiritual
ou a força vital (Yuxin) permeia todo o
fenômeno vivo na terra, nas águas e nos céus.
Na
vida diária vemos
um lado da realidade onde este parentesco universal das coisas vivas não se
revela: vemos corpos e sua utilidade imediata.
Em
estados alterados de consciência,
porém, o homem se defronta com o outro lado da realidade, em que a
espiritualidade que habita certas plantas ou animais se revela como Yuxin, Huni kuin, “gente
nossa”.
Por
se manifestar tanto como força vital quanto como alma ou espírito com vontade e
personalidade próprias, nenhum termo capta bem este caráter efêmero e
polivalente do Yuxin.
Na
região do Purus, os próprios Kaxinawá
traduzem Yuxin por
alma quando
se referem aos Yuxin que aparecem de noite ou no crepúsculo da mata em
forma humana.
O
uso desta palavra vem da
convivência com os seringueiros, que também veem e falam de almas.
Quando
se fala do Yuda Baka Yuxin ou do Bedu Yuxin da
pessoa, usa-se mais espírito: “É o espírito da gente
que vê e que fala”.
Outra
tradução usada pelos Kaxinawá é “Encantado”.
A atividade
do Xamã que
procura conhecer e relacionar-se com os Yuxin é indispensável para o bem-estar da comunidade.
A
causa última de todo mal-estar, doença ou crise tem suas raízes neste lado Yuxin da
realidade, em que o Xamã, como mediador entre os dois lados, é necessário.
O
Xamã trabalha
com o que tem de Yuxin no mundo, com a categoria que chamo de Yuxindade.
Os
lugares com maior concentração de Yuxin são os barrancos (onde moram os Mawam Yuxibu,
identificados pelo lugar onde moram), o lago e as árvores.
Para
os Kaxinawá, a pessoa é formada por carne ou corpo e Yuxin.
Os
animais têm um lado corporal e um lado Yuxin, assim como as plantas.
Entre
os animais há
aqueles com Yuxin forte e perigoso, e outros com Yuxin de poder negligenciável.
A qualidade
do Yuxin do
animal influencia
o regime e os tabus alimentícios dos seres humanos.
Os
Yuxin das plantas geralmente não são nocivos ou perigosos.
Em
muitos jejuns banana
e amendoim, por exemplo, são permitidos, apesar dos Yuxin destas plantas serem mencionados regularmente como
fazendo parte das almas que aparecem na aldeia a pedido do Xamã para
curar.
Dentro
de toda essa ambiguidade, os Yuxin podem
aparecer “como gente mesmo”, Huni kuin, assim como na forma de certos animais.
Muka: O Poder
dos Yuxin e do
Xamã
XAMÃ
- TXANA BANE - HUNI KUIN
“O
Poder dos Yuxin”, que se revela por sua capacidade de
transformação, é chamado Muka.
“Muka”
é uma qualidade xamânica, às vezes
concretizada como substância.
O
Ser com Muka tem o Poder Espiritual de matar e curar sem usar força física ou veneno (remédio: Dau).
O
Ser Humano pode receber Muka
dos Yuxin, o que lhe abre o caminho para se
tornar Xamã, Pajé, Mukaya.
“Mukaya” significa homem com Muka, ou
na tradução
de Deshayes “pris par l’amer” (‘pego pelo amargo’).
“O
Xamã” tem um
papel ativo no processo de acumulação de poder e conhecimento espiritual, mas
sua iniciação acontecerá somente a partir da iniciativa dos Yuxin.
Se
os Yuxin não o
escolhem, não o pegam, pouco adiantam seus passeios solitários
na mata.
Uma
vez pego, porém, o aprendiz torna-se doente nos
olhos dos humanos (“ficam doidos quando chega mulher perto”).
O
ponto fraco do Yuxin é
o corpo, o do homem é seu Yuxin; a “Yuxindade” ameaça o corpo do homem, e o corpo, o
sangue (feminino) ameaça a cabeça dos Yuxin.
Se
o homem que foi pego quiser seguir o caminho de Mukaya, ele se submete a jejuns prolongados e severos (Sama) e procura outro Mukaya para instruí-lo.
Outra
característica do Xamanismo kaxinawá, expressa pelo nome Mukaya, está na oposição entre o amargo (Muka) e o doce (bata).
Os
kaxinawá distinguem
dois
tipos de remédio (Dau): os remédios
doces (Dau Bata)
são folhas da mata, certas secreções e animais e os adornos corporais; os remédios
amargos (Dau Muka) são os poderes invisíveis dos espíritos
e do Mukaya.
A
especialidade de Huni Dauya (homem com remédio doce,
ervatário) normalmente não se combina com a
de Huni Mukaya (Xamã).
“O
processo de aprendizagem do Ervatário é bem diferente do Xamã”.
Se
não lidar com folhas venenosas o ervatário não é sujeito a jejuns e pode
desenvolver suas atividades normais de caça e vida conjugal.
Ele
adquire seu conhecimento através da aprendizagem com o outro especialista e precisa de
uma memória e percepção agudas.
O
primeiro sinal de que alguém possui a potência para ser um Xamã, uma desenvolvida relação com o mundo dos Yuxin,
é o fracasso na caça.
O
Xamã desenvolve
uma familiaridade tão grande com o universo animal (ou com os Yuxin dos animais), conseguindo
estabelecer diálogo com eles, que não consegue mais matá-los:
“E anda no mato, bicho está falando comigo, disse.
Quando vê o veado, aí chama ‘hei meu cunhado’,
disse, aí ficava parado.
Quando vem porco, ‘ah’, chamava, ‘ah, meu tio’, aí
fica.
Aí em nossa palavra disse ‘em Txai Huaí! ’ (‘Hei,
cunhado! ’), aí não come”.
O
Xamã não
come carne, e não somente por motivos emocionais.
A
impossibilidade de comer carne também está ligada ao Muka, à mudança no olfato e no paladar da pessoa com Muka
amadurecido no seu coração.
O
gosto e o cheiro da carne tornam-se amargos.
O Xamã
XAMÃ
O
Xamã é
temido por sua capacidade de causar doença e morte sem fazer nada fisicamente.
Pode
atirar seu Muka (que é invisível quando atirado na vítima)
a partir de grandes distâncias; ou pode
convencer algum dos Yuxin com quem está familiarizado a matar uma pessoa.
Quanto
maior o número de Yuxin aliados
do Mukaya, maior será o seu poder.
Porque
seu poder de cura reside, de um lado, na sua
capacidade de negociação como agente ativo da cura (quando vai
buscar o espírito perdido de seu paciente que se juntou aos Yuxin), e de outro, na
qualidade e quantidade de Yuxin que pode convocar
para uma sessão de cura, onde serão os Yuxin (seus amigos) os agentes da cura,
trabalhando através (ou reunidos ao redor) do corpo do Xamã.
A
viagem Xamânica continua
sendo, no entanto, uma característica crucial do Xamanismo
Kaxinawá.
O
Bedu Yuxin viaja, livre do corpo, no sonho, ou
quando o Xamã está
em transe sob o efeito do Rapé ou da Ayahuasca.
Estas
viagens cumprem objetivos além da cura de um caso concreto.
São
excursões exploratórias.
Procuram
entender o mundo e as causas últimas das doenças.
Exploram
os caminhos que o Bedu Yuxin do morto terá que seguir para chegar ao
céu e fortalecem as relações com o mundo espiritual pelo bem-estar da
comunidade.
Existem
alguns tipos de doença: um material (veneno) e outra espiritual (poder).
A
doença causada por veneno, é
por conta do Dauya
(Ervatário), e a doença provocada pelo poder espiritual (Muka), tem
um Mukaya (Xamã)
inimigo culpado.
Existe
um terceiro tipo: a
doença causada pelos Yuxin, que é a perda pelo paciente de seu Bedu Yuxin.
A
doença causada pelos Yuxin a pedido de um Mukaya também
significa perda: do xamã pode-se roubar seu muka, de um ser comum sua alma.
Os
dois tipos de doenças causadas por homens têm tratamentos diferenciados.
O
Veneno provoca
uma perda de líquidos e forças vitais (o paciente vomita, tem diarreias, fica
anêmico).
O
Xamã cura com sua força: cheira um tipo de rapé preparado especialmente para
a cura e sopra sobre o paciente.
No
Caso de a causa ser o Muka, o problema não é
a perda, mas a presença de uma força negativa que toma a forma de um corpo
estranho que age e destrói o corpo por dentro.
Doenças
provocadas por Muka são
dores agudas no fígado, no estômago ou no coração (três órgãos importantes na
visão kaxinawá do corpo humano).
Nesta
fase, ainda tem cura.
O
Xamã chupa
o local da dor para tirar o objeto intruso.
Chupa,
tira o Muka que o Xamã inimigo mandou para o paciente.
O
Pensamento Xamânico entre os Kaxinawá atua de forma permanente, onipresente.
Embora
não se tenha mais sessões de cura e rituais públicos, como houvera no passado, é preciso considerar sua
cosmovisão
no âmbito maior das práticas de seus vizinhos (Yaminawa, Kulina, Kampa), com
quem mantêm relações cada vez mais intensas, porque deixaram de ser inimigos
declarados.
O
intercâmbio ali é grande e pode se tornar um estímulo para os Kaxinawá revitalizarem
seus poderes espirituais, guardados na memória da floresta.
A
pessoa Humana para os Kaxinawá é concebida por três partes: o corpo ou a carne
(Yuda), o espírito
do corpo ou a sombra (Yuda
Baka Yuxin) e o espírito do olho (Bedu Yuxin).
A
carne ou qualquer corpo vivo transforma-se em pó quando seu aspecto Yuxin lhe é
tirado.
Cura Xamânica
Iniciação
Xamânica
XAMÃ
- TXANA IKAKURU - HUNI KUIN – KAXINAWÁ
Existem
várias maneiras de
iniciar-se no Xamanismo.
Algumas
resultam de uma procura deliberada por parte do aprendiz, outras ocorrem
espontaneamente devido à iniciativa dos Yuxin que pegam o escolhido desprevenido.
A
presença do Muka no coração do aprendiz,
condição sine qua non para qualquer exercício de poder Xamânico,
depende em última instância da vontade dos Yuxin.
Há
dois caminhos que o aprendiz pode seguir para favorecer
um encontro com os Yuxin que possam lhe dar o germe de seu Muka: ele pode aumentar sua experiência onírica dormindo muito
e tomando remédios (gotas do sumo de certas folhas no olho e banhos) para sonhar
mais e para lembrar-se dos sonhos; ou pode pegar o caminho da mata, enfeitar-se com Envira ou brotos de murmuru (Pani Xanku) e folhas cheirosas, cantar, assobiar para chamar os Yuxin.
O
gosto das coisas também
fornece informações sobre a qualidade Yuxin das coisas.
Há
coisas que só Yuxin ou
animal come: Husu, borboleta da noite que chupa sangue,
é uma das comidas preferidas; Mai Xena, minhoca.
A
pessoa em transe, sob o efeito dos Yuxin, come
folhas como se fosse comida.
Outra
característica relacionada ao gosto, é
que o homem não come nada cru: no máximo um fruto da floresta, ou no caso de
crianças, uma banana madura quando não aguentam a fome até a hora da refeição.
Também
é excepcional tomar água.
Os
Yuxin, pelo contrário, caracterizam-se pelo hábito de comerem coisas cruas e
especialmente pela sede de sangue cru: todos os animais e insetos que chupam
sangue são Yuxin.
O
Jovem Xamã ao ser iniciado deve seguir os caminhos indicados por cheiros, sons
e imagens que levam ao contato com os Yuxin.
É
preciso ter o coração forte, senão morre,
pois, a morte é consequência do colapso do coração com medo.
O
colapso na iniciação (morte ou loucura) pode ocorrer devido à incapacidade do
iniciado/chamado/vítima de fazer a ponte entre os dois lados da realidade.
No
período que começa com o primeiro “assalto” dos Yuxin e
termina quando o Muka
está maduro, o Xamã
iniciante mostrará sinais de fraqueza, mas esta
fase liminar é necessária para o processo de aprendizagem com os Yuxin.
O
Aprendiz está desinteressado das obrigações sociais e dos processos corporais, porque
sua mente está voltada para o mundo espiritual.
Ele
fica a maior parte do tempo deitado na rede,
ou caminha aleatoriamente na mata.
Estes “Sintomas”, no entanto, não são interpretados como doença.
XAMÃS
Txana
Ibã huni Kuin (Isaías Sales) Mestre Cantos Tradição - Povo Huni Kuin (XAMÃ DOS
REZOS)
Kuauhtli
- Líder Cerimônias - Tradição Teocali Quetzalcoatl
Xamã
- Shipibo Conibo
O XAMÃ
LIVROS
XAMÂNICOS E CANTOS SAGRADOS
Livro
da Cura - Una Isi Kayawa
Nuku
Mimawa Xarabu (Canções Tradicionais - Huni Kuin)
Cantos
Nixi Pae - Huni Meka
Catálogo TYRYETÊ - KAXINAWÁ - Amazônia Viva
Livro
- A Expansão Fronteira Acreana - Kaxinawás - Soad Farias Franca
Livro - Doenças e Curas
do Povo - Huni Kuin -Edson Medeiros Ixã Kaxinawá
Livro
- Encontros - Ibã Sales Kaxinawá
Livro
- Kaxinawá - Idioma Antepassado -Original - Hãtxa Kuï
Livro-Os
Kaxinawás de Felizardo - Marcelo Piedrafita Iglesias
Livro - PAPO DE ÍNDIO - Kaxinawás -Txai Terri de Aquino
Livro
- Tastevin Parrissier - Kaxinawás - Antropóloga Manuela
Livro
- UI BENA – Kaxinawá
Livro
- Um Copo de Cultura - Ingrid Weber
Livro
- Yuxin -Alma - (Kaxinawá) - Ana Miranda
Livro-Os
Povos Indígenas Brasileiros - Marcia Cristina Altvater Vilas Boas
MAPA TERRAS INDÍGENAS
BRASILEIRAS – ACRE (AC)
Mapa Terras Índígenas - (ACRE)
CERIMÔNIA - RITUAL CURA
NIXI PAE – KAXINAWÁ
ACESSE LINK: Vídeo:
XAMÃ LEOPARDO YAWABANE
- KAXINAWÁS RITUAL CURA NIXI PAE
ACESSE LINK: Vídeo:
O SONHO DO NIXI PAE
- O Movimento dos Artistas Huni kuin
Txana Ibã huni Kuin
(Isaías Sales) mestre dos cantos na tradição do povo huni kuin
ACESSE LINKS: Rezos, Cantos
Tradição, Música:
Os Kaxinawás – Povo Huni Kuin
TARÚ
ANDÉ: O
ENCONTRO DO CÉU COM A TERRA.
Pajé Agostinho Muru
SIA Huni Como
ACESSE LINK: CANTOS &
REZOS – KAXINAWÁ - HUNI KUIN
Kaxinawá - Nawa IBA & Maya Huni Kuin
MÚSICA HUNI
KUIN:
Txana de madeira de alta Kuin :
Ninawa Pai-Da Mata & Txana Ikaruru Huni Kuin
XAMÃ Ninawa Pai Da Mata:
https://youtu.be/ByAcKSqxS0s
Tuim
Huni Kui, Ninawa Pai da Mata, Ninawa's brother, Thiago Moreno Maia:.
Huni Kuin Pinu Huya Keneya :
Mapu Huni Kui :
Ritual de Cura Nixi
Pae com Ayahuasca Canto Huni Meka1:
Ritual de Cura Nixi
Pae com Ayahuasca Canto Huni Meka 2
Ritual de Cura Nixi
Pae - Yube Txanima Pasha Dume Pae-1
Ritual de Cura -
Nixi Pae - Pae Txanima-2
Ritual de Cura -
Nixi Pae - Yube Txanima-3
Ritual de Cura -
Nixi Pae -Yube Bau Dauti Hawe Dautibuya-4
Ritual de Cura -
Nixi Pae - Dautibuya Ni Hewa Peime-5
Ritual de Cura -
Nixi Pae - Yube Bau Dautibuya Hawetxi-6
Ritual de Cura -
Nixi Pae - Kayatiby Matsi Dau Paiati-7
Ritual de Cura - Nixi Pae - Shuyti Dewe Yube Kayawaikiki-8
Ritual de Cura -
Nixi Pae - Kayatibu na henewakame-9
Ritual de Cura -
Nixi Pae - Hawe Nisu Kayatibu-10
Ritual de Cura -
Nixi Pae - Kayatibu Yuta Isinipatu-11
Ritual de Cura -
Nixi Pae - Kaiatibu mi muka awara-12
Ninawa Pai Da Mata & Txana um adulto.
Eskawatã Kayawa
ACESSE LINK: O RAPÉ – MEDICINA SAGRADA
ACESSE LINK: AYAHUASCA – NIXI PAE – MEDICINA SAGRADA
ACESSE LINKS:
O!
Tribos
Indígenas Brasileiras
“
A FORÇA DA FLORESTA E DA MEDICINA SAGRADA”
"HAUX HAUX"
Quanta informação, e quanta beleza e riqueza, esses textos me ajudaram muito em minha pesquisa sobre esse povo sagrado, estou muitíssimo agradecido!
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