domingo, 5 de junho de 2016

YAWANAWÁ - I - "A FORÇA DO CORAÇÃO DA FLORESTA"


YAWANAWÁ - I

YAWANAWÁ2

Os Iauanauás ou Yawanawá são um povo indígena que habita a Área Indígena Rio Gregório, no município de Tarauacá, no Oeste do estado do Acre, no Brasil.

São, aproximadamente, 700 pessoas.

Etimologia

O nome "Yawanawá" significa, literalmente, "Povo do Queixada".

História

A Terra Indígena do Rio Gregório foi demarcada na década de 1980.

Em 1993, a tribo realizou um acordo comercial com a empresa estadunidense Aveda para o fornecimento de Urucum a ser utilizado na fabricação de cosméticos.

Graças ao acordo, a tribo teve condições econômicas de resgatar sua cultura tradicional, que estava se perdendo.

A Terra Indígena do Rio Gregório foi ampliada para 182 mil hectares em 2007 pela Fundação Nacional do Índio.

Economia

As principais atividades produtivas são a caça, pesca e agricultura de subsistência com o plantio de milho, mandioca, arroz e banana principalmente.

Os Yawanawá têm se dedicado também à produção de Urucum (bixa orellana) destinado à fabricação de cosméticos, à produção de óleos nativos como o de Andiroba e à produção artesanal de móveis a partir de madeiras de árvores mortas.

Formação

A formação étnica do povo Yawanawá conta com outros povos (ou clãs) da família linguística Pano (também chamados, de modo genérico, "Náwa").

São eles: Rununáwa ("povo-serpente"), Xawanáwa ("povo-arara"), Saináwa ("povo do grito, da palavra ou da canção"), Uxunáwa ("povo da garça branca"), Escunáwa ("povo do japó") e Katuquina, entre eles denominados Camãnawa ("povo da onça ou do cachorro", dependendo da fonte).

Destes povos, os Escunáwa, Katuquina e Xawanáua possuem território próprio, sendo que os Escunáwa históricos passaram a ser denominados Xanenáua (ou Shanenawa) e também, erroneamente, Katuquina.

Os demais acabaram sendo absorvidos pelos povos existentes.

Entre os Yawanawá, contudo, há conhecimento de quais famílias pertencem a determinado povo (ou Clã).

IAUANAUÁS3


A HISTÓRIA ATUAL

O choro que lamenta a perda, a fartura da caça e a dieta sagrada das primeiras mulheres pajés revelam o espírito guerreiro dessa tribo
Fatos inéditos vividos pela tribo revela a construção de uma nova história
Distante cerca de dois dias de barco do município de Tarauacá, no Acre, às margens do rio Gregório, quatro aldeias da mesma etnia, que somam cerca de 620 indivíduos, vivem momentos de uma nova história.
Um povo sem idade oficial, que no contato com o branco e outras etnias indígenas adquiriu características físicas e outros hábitos incapazes de tirar a essência que preserva sua origem.
São guerreiros Yawanawá, pertencentes à família lingüística pano, que tradicionalmente vivem da caça e pesca, mas que começam a trilhar caminhos rumo a uma economia que sustenta sua cultura, unindo o tradicional e o moderno.
Na década de 1930, eles brigaram pela sobrevivência com os caucheiros peruanos que invadiam suas aldeias em busca da seiva do caucho - árvore de grade porte da qual se extrai o látex que origina uma borracha inferior à da seringa.
Além da busca pelo produto, os caucheiros matavam os guerreiros e levavam as suas mulheres.

Caucheros

Na década de 1970, foi a perseguição do trabalho escravo que assolou de maneira intensa a vida desse povo.
Recentemente, os índios Yawanawá lutaram pelas suas terras, pedindo uma demarcação mais justa que colocasse áreas consideradas sagradas em seu território, agora duplicado.
Mas é na luta contínua, travada desde o conhecimento de sua existência pelo branco, que a história dos Yawanawá se constrói.
YAWANAWÁ2
O desafio de melhoria da qualidade de vida sem agredir a tradição e sua cultura é um sonho que persiste.
A perspectiva para que ele se concretize se firma em projetos que começam junto ao conhecimento repassado por lideranças tradicionais, que são os mais antigos da aldeia e detentores de grande conhecimento, ensinamentos que eles direcionam às novas gerações, também protagonistas e testemunhas de outros importantes momentos que se apresentam dia após dia pela tribo.
Os Yawanawás, termo que significa "Povo da Queixada" (yawa: queixada; nawa: povo), buscam o equilíbrio entre o tradicional e moderno, atraindo a tecnologia de maneira limitada, mantendo viva a sua cultura, tradição e modo de vida.


CANTOS YAWANAWÁ-1



Livro Costumes e Tradições Yawanawá-1
Livro A Língua dos Índios Yawanawá-2
Livro Língua dos Índios Yawanawá do Acre-1

Livro A Raiz dos Sonhos - Dieta Yawanawá-1

Nesse paralelo, fatos marcantes se sucedem, escrevendo novas linhas na vida desse povo forte, persistente e de extrema simpatia.
A viagem que leva a esse encontro é repleta de fatos marcantes.
Na principal aldeia, a morte de um jovem guerreiro, vítima de picada de cobra, provoca o grito de lamento das mulheres que ecoa na floresta e no rio como sinônimo de perda.
A resposta dos espíritos vem com a fartura da caça.
É o sinal das boas-vindas àquele que se despediu do mundo físico.
E o alimento que surge como presente é o animal símbolo do povo, a queixada, que devolve o sorriso e brilho nos olhos de cada índio com a vontade de continuar a viver.
Na Aldeia do Mutum, que antecede a principal, Nova Esperança, surge uma peculiaridade em dois fatos: a primeira liderança Yawanawá Mulher atua ali, Júlia Yawanawá.

Júlia Yawanawá-1
Júlia Yawanawá
Logo adiante, em uma caminhada até a floresta, é ela que mostra um lugar de fatos inéditos e históricos: próximo a um igarapé de água cristalina, duas irmãs passam pela dieta sagrada, que faz parte da preparação para tornarem-se pajés.
Elas são as primeiras mulheres da etnia a enfrentarem o desafio.

Pajé Raimunda Putanny Yawanawá1
Pajé Raimunda Putanny Yawanawá

PAJÉ KATIA HUSHASHU YAWANAWÁ1
Pajé Kátia Hushashu Yawanawá
A Odisséia rumo à terra do Povo da Queixada.
Para conhecer o povo Yawanawá em seu habitat, é necessário enfrentar uma verdadeira odisséia: vencer o cansaço físico e estar aberto a um conceito de vida que foge aos modelos convencionais, para que se conheça, entenda e respeite a origem, história e propósito de vida dessa gente.
Na época de estiagem, o rio é raso demais para utilizar o motor.
No período de chuvas, a estrada vira um lamaçal, impossibilitando o tráfego dos veículos.
Atualmente, a dificuldade maior é exatamente na BR-364 - o percurso inicial após a saída de Tarauacá rumo ao rio Gregório: cerca de duas horas e meia de carro e três de caminhada.

BR - 364 - ACRE

 BR 364 - ACRE - 1

A aventura continua com a viagem de barco no rio.
O trajeto se torna perigoso devido aos troncos e galhos de árvores caídos nas águas.
O percurso dura em média de 8 a 10 horas, o que exige do comandante do barco um bom conhecimento do lugar a percorrer.
São cerca de dois dias de uma aventura, com rápidas paradas, que revelam aos poucos as características dos Yawanawá.


RIO GREGÓRIO - ACRE1
Com a nova área que amplia a terra - uma das primeiras demarcadas pela Fundação Nacional do Índio (Funai), em 1984 -, um posto no lugar denominado Matrixã, liderado por Panãihu Yawanawá, onde moram mais 23 índios, é uma das tentativas de seu povo de impedir a entrada de caçadores e outros intrusos.
É ali o primeiro contato com os índios da região.
O Novo Mapa da terra dos Yawanawá coloca no território as nascentes de rios acreanos como o Gregório, o Riozinho da Liberdade, o Bajé, o Tejo, o Primavera e muitos igarapés de grande importância para a preservação de toda a bacia hidrográfica da região.
No posto, a cordialidade da etnia é notável.
Cordialidade essa que a professora Leda Matilde Yawatumã chama de aliança com os brancos.
Entre os seus 34 alunos estão os ribeirinhos que moram dentro da terra indígena, pessoas que o povo da Queixada considera amigas.
Todos compartilham da escola que proporciona educação em uma das localidades mais isoladas do Estado.
Mas os brancos estão em processo de remoção do lugar.
A cordialidade do povo da Queixada
Depois do Matrixã, seguindo rio Gregório acima, estão as aldeias do Tibúrcio, Escondido, Mutum e Nova Esperança.
A última funciona como sede da etnia, que já morou um pouco mais distante, no seringal Kaxinawá, cerca de duas horas e meia de barco dali.


Aldeia Kaxinawá-1

Aldeia Kaxinawá



 YAWANAWÁ II

Localização

A Terra Indígena Rio Gregório foi demarcada em 1983 e homologada em 1991, com área inicial de 92.859 hectares.

Foi a primeira Terra Indígena a ser demarcada no Acre e é habitada pelos povos Yawanawá e Katukina-Pano.

Os limites da TI foram posteriormente revistos e a portaria número 1388, publicada em 15 de agosto de 2007, no Diário Oficial da União, declara que o Ministro de Estado da Justiça, considerando que a Terra Indígena localizada no município  de Tarauacá, no Estado do Acre, foi identificada  de  conformidade com os termos do § 1° do art. 231 da Constituição Federal e inciso I do  art. 17 da Lei n° 6.001, de 19  de dezembro de 1973, como sendo tradicionalmente ocupada pelos grupos indígenas Katukina e Yawanawá.

Considerando que no prazo de contestação fixado no art. 2°, § 8° e no art. 9° "caput", do Decreto n° 1.775/96, não houve qualquer manifestação quanto à caracterização da terra indígena, resolve:

YAWANAWÁ - RIO GREGÓRIO-1

Art. 1° Declarar de posse permanente dos grupos indígenas Katukina Yawanawá a Terra Indígena RIO GREGÓRIO, com superfície aproximada de 187.400 há (cento e oitenta e sete mil e quatrocentos hectares) e perímetro também aproximado de 239 km (duzentos e trinta e nove quilômetros).
No entanto, em 2012, a presidência da república criou uma nova etapa de reconhecimento das T.I.s, alterando o processo original de homologação, de sete fases.
Segundo o artigo 231 da Constituição Brasileira de 1988, as Terras Indígenas são as áreas habitadas em caráter permanente [pelos povos indígenas], as utilizadas para suas atividades produtivas, as imprescindíveis à preservação dos recursos ambientais necessários a seu bem-estar e as necessárias à sua reprodução física e cultural, segundo seus usos, costumes e tradições.
O Decreto 1775/1996, do Ministério da Justiça, estabelece que o processo de demarcação de Terras Indígenas deve ser conduzido pelo Poder Executivo, no âmbito da Fundação Nacional do Índio (FUNAI).
Esse processo é constituído pelas seguintes fases:
1) estudos de identificação,
2) aprovação da FUNAI,
3) contestações,
4) declaração dos limites da Terra Indígena,
5) demarcação física,
6) homologação,
7) registro.
A nova medida da presidente Dilma Roussef incluiu a necessidade de uma consulta prévia ao Ministério de Minas e Energia antes que a FUNAI possa deliberar sobre a Terra Indígena.
O resultado desse novo tratamento é que seis processos de reconhecimento de T.I.s já demarcadas, que aguardavam confirmação presidencial, voltaram ao Ministério da Justiça para reavaliação, dentre eles o da T.I. Rio Gregório.
Algumas dessas T.I.s foram homologadas pela presidente em 2012 no dia Mundial do Meio Ambiente, no contexto da Conferência das Nações Unidas pelo Desenvolvimento Sustentável – Rio+20 – porém, não foi o caso da T.I. Rio Gregório.
Essa medida está sendo considerada ilegal e contestada por uma série de organizações indigenistas por ir de encontro ao processo original de demarcação e homologação das T.I.s, que garante um período de contestação ao processo.
Este período já foi finalizado, conforme a publicação no Diário Oficial da União, reproduzido acima.
Neste momento, a questão segue em aberto, e é motivo de grande preocupação da comunidade Yawanawá.


Yawanawá-2


População
Com uma população de aproximadamente 565 indivíduos (Censo PRODOCLIN, 2010), a comunidade Yawanawá invoca amplamente o símbolo do porco do mato (yawa ‘queixada’, nawa ‘povo’) para representar sua forma de organização: “como os queixadas, andamos sempre em bando”.

Segundo dados do Instituto Socioambiental, a configuração do povo Yawanawá é resultado de uma dinâmica sociológica própria de muitos grupos Pano, que incluiu “alianças através de casamentos, raptos de mulheres no contexto de conflitos bélicos, migrações de famílias” e uma série de mudanças decorrentes do contato com o homem branco, principalmente no contexto da economia da borracha na Amazônia.

Assim, o povo se compõe de um conjunto que inclui membros de outros grupos Pano como: Shawãdawa (Arara), Iskunawa, Katukina, (atualmente Shanenáwa - Povo do Pássaro Azul), Varináua (Povo do Sol), Satanáua (Povo da Lontra), Neianáua (Povo do Céu), Rununáwa, Saináwa (atualmente Jamináwa ou Yaminahua), Poyanáwa e Kamanáwa (Povo da Onça ou do Cachorro), (CARID NAVEIRA, 1999; PEREZ GIL, 1999).
O povo habita sete aldeias e algumas colocações na Terra Indígena Rio Gregório.
Também há famílias em municípios vizinhos à T.I., principalmente Tarauacá, mas também Feijó (Kaxinauwás, Chacauwás, Jaminawás), Sena Madureira, Cruzeiro do Sul e Rio Branco.
O Rio Gregório é afluente do Juruá, rio que nasce no Peru, atravessa o estado do Acre e deságua no Solimões.
Subindo o Gregório a partir de São Vicente, ponto em que o rio cruza a BR 364, atingimos primeiro a Aldeia Matrinxã, em seguida, a Aldeia Amparo e depois a Aldeia Sete Estrelas, que é onde habitam alguns Katukina.


katukina - kaxinawá-1
Katukina
A próxima Aldeia Tibúrcio, depois o Escondido, seguida das Aldeias maiores, Mutum e Nova Esperança.
Há ainda o antigo seringal Kaxinawá, hoje em dia chamado de “Aldeia Sagrada” e considerado parte da aldeia Nova Esperança.
Aqui, habitam apenas duas famílias.
As Sete Aldeias se alinham politicamente a duas lideranças principais, que são os caciques das duas aldeias maiores, Mutum e Nova Esperança.
Hoje, a liderança da Aldeia Mutum é exercida remotamente por Joaquim Tashka Yawanawá, que vive na cidade de Rio Branco, e é representado na aldeia pela irmã, Mariazinha Yawanawá.

CHEFE JOAQUIM TASHKA YAWANAWÁ-1
Cacique Joaquim Luis Tashka Yawanawá

Cacique Maria Luiza Yawanawá - Mariazinha-1
Cacique Maria Luiza Yawanawá - Mariazinha-1

Kenewma e sua Mãe Mariazinha Yawanawá1

ALDEIA MUTUM-1
Aldeia Mutum

Cinco das aldeias menores alinham-se a ele.
Já a Aldeia Nova Esperança, onde se encontra aproximadamente metade da população da T.I., é comandada pelo Cacique Ubiraci Brasil Nixiwaka Yawanawá.


Cacique Ubiraci (Bira) Brasil Nixiwaka Yawanawá-1
Cacique Ubiraci Brasil Nixiwaka Yawanawá.
Cacique Bira Yawanawá2




ALDEIA NOVA ESPERANÇA-1

Aldeia Nova Esperança

Das aldeias menores, apenas a de Amparo é sua aliada política.
Existem duas associações indígenas que representam as duas vertentes políticas.
A Cooperativa Yawanawá (COOPYAWA) foi fundada em 2003, e é a ramificação comercial da OAEYRG (Organização dos Agricultores e Extrativistas Yawanawá do Rio Gregório), que foi a primeira associação, fundada em 1993.


OAEYRG -COPYAWÁ-1

Essas organizações representam a aldeia Nova Esperança e sua aliada política, a aldeia Amparo.
Já as demais aldeias, que gravitam em torno da aldeia Mutum, são representadas pela Associação Sociocultural Yawanawá (ASCY), fundada em 2008.

ASCY-1
ASCY

Os dois caciques são responsáveis pela articulação das políticas internas do povo e pelas relações exteriores, sendo esta última atribuição a característica mais marcante dos líderes Yawanawá ao longo da história local.

“A política externa sempre constituiu, um domínio crítico na área pano, em que sempre se cultivou a arte de conviver com estrangeiros”. (Erickson (1994).


Yawanawá7

Yawanawá3

Para gerar recursos, os caciques estabelecem parcerias comerciais tanto com o governo do Acre quanto com empresas privadas, mas atualmente, o Turismo Xamânico ganha cada vez mais espaço e, certamente, é uma das principais fontes de recursos para as associações.

Todo ano, um Grande Festival de Cultura com duração de 5 dias é realizado na aldeia Nova Esperança durante o mês de outubro.

Os Yawanawá se vestem e se pintam à moda tradicional, realizam rituais de uni (ayahuasca), brincadeiras, cantos e danças à moda antiga.

O evento está crescendo, e a cada ano recebe mais visitantes.

Dentre eles estão representantes de outros povos indígenas, indigenistas, políticos, autoridades locais e muitos turistas do Brasil e do mundo.

Um festival semelhante, porém, de proporções menores, também vem sendo realizado na aldeia Mutum e ficou conhecido como “Manifestação da Cultura Yawanawá”.
Os Yawanawá estão em contato com o homem branco há um século, um contato motivado pela economia da borracha.
Segundo os Yawanawá, os primeiros contatos aconteceram quando eles se deslocaram para algum lugar entre os rios Gregório e o Tarauacá, onde o célebre seringalista cearense Ângelo Ferreira os encontrou.
Ângelo estabeleceu com os Yawanawá uma relação de trabalho e se tornou patrão desses e de outros grupos indígenas, até ser morto por seus peões índios.
Foi a antiga liderança de Antonio Luiz, e seu primo, então jovens “índios brabos”, que iniciaram um contato mais constante com os barracões colocados no Gregório para explorar a borracha.
Segundo contam, os dois entraram no barracão do Seringal Kaxinawá carregando um veado, que trocaram por farinha.
Deste ato se iniciou um conjunto de trocas, que acabou convertendo Antonio Luiz em líder e mediador da relação com os brancos.
Esta relação é pensada pelos Yawanawá como uma relação de certo modo pacífica: o modo de contato empreendido por Antonio Luiz condicionou as relações com os brancos, tornando-as mais tranquilas e domesticadas do que a relação dos brancos com outros povos indígenas no Acre.
Segundo os velhos Yawanawá, o contato com os caucheiros peruanos foi mais violento (Carid Naveira, 1999).


Euclides da Cunha - Caucheiros Peruanos1


Euclides da Cunha faz uma narrativa contundente do “modus operandi” dos caucheiros peruanos que algum tempo depois dos pioneiros brasileiros começaram a penetrar na região marcando sua presença a ferro e a fogo. Os caucheiros estavam condenados a uma vida errante e tumultuária totalmente voltada ao extermínio dos silvícolas e à destruição da Hiléia. A “Castilloa elástica” de onde extraem a borracha não permite uma exploração continuada, é frágil e depois de golpeada definha e morre.
Amazônia de Euclides - Créditos - Arquilau Melo
Em 2009, o escritor e jornalista paulistano Daniel Piza, de "O Estado de São Paulo" veio ao Acre para percorrer a mesma rota de Euclides e estabelecer semelhanças e diferenças entre o Acre do começo do século XX e o atual. 

Dessa viagem resultou o livro "Amazônia de Euclides - Viagem de Volta a um Paraíso Perdido".
Desde esse contato, os Yawanawá passaram a se relacionar mais constantemente com os brancos, com suas mercadorias e com a sua língua, uma relação sempre mediada pelo líder Antonio Luiz.


Yawá2


YAWÁ1

A partir da década de 1970, os Yawanawá passaram a participar de projetos de educação formal, conduzidos por missionários do grupo evangélico Novas Tribos do Brasil.
O modelo de escola proposto pelos missionários baseava-se na centralidade de um professor branco que trabalhava a alfabetização em língua indígena através de cartilhas produzidas para esses fins.
Como em outros casos, a primeira grafia dessa língua indígena foi estabelecida nesse contexto de ensino proselitista, como passo necessário para a conversão religiosa.
Na década de 1980, os Yawanawá se organizaram para expulsar de suas terras os funcionários da madeireira Paranacre (empresa que, com o declínio da economia da borracha, comprara os antigos seringais para explorar madeira e pecuária) e os missionários da Novas Tribos do Brasil.
É desta época, o início da organização protagonizada por jovens lideranças, que participavam de cursos de formação de professores e de agentes de saúde promovidos por instituições indigenistas (como a Comissão Pró-Índio do Acre).
Sua terra indígena, que é dividida com os Katukina, foi a primeira a ser demarcada no Acre, em 1984.
Nos anos 90, mais especificamente a partir da ECO-92, os Yawanawá estabeleceram uma parceria comercial com a empresa de cosméticos norte-americana Aveda que implantou na terra indígena um projeto para a produção e venda de urucum.
Neste período, os Yawanawá deixaram o antigo seringal Kaxinawá e se mudaram rio abaixo, onde foi aberta uma grande aldeia, Nova Esperança.
Data deste período também a criação da Organização dos Agricultores Extrativistas Yawanawá (OAEYRG) que durante mais de uma década foi a única associação representante deste povo.
Desde então, os Yawanawá têm trabalhado para promover o desenvolvimento sustentável e a qualidade de vida dos habitantes da terra indígena, também através de projetos que visam a revitalização de sua língua e cultura.
Nesse contexto de “Resgate Cultural”, em 2002, foi realizado o primeiro Yawa – “Festival de Cultura Yawanawá”.


Festival Yawanawá - 2002
Realizado todos os anos durante o verão na aldeia Nova Esperança, trata-se de uma semana de festividades em que os Yawanawá se vestem e se pintam à moda tradicional para celebrar as antigas “brincadeiras” e rituais.
Através dos “Festivais de Cultura”, muitas crianças e jovens Yawanawá estão tendo contato com essas práticas pela primeira vez, pois durante muito tempo, elas foram deixadas de lado devidoao forte preconceitopor parte dos Brancos (Missionários, Seringueiros).
O evento está crescendo, tem se tornado mais conhecido a cada ano e recebido cada vez maior número de visitantes, entre representantes de outros povos indígenas, indigenistas, políticos, autoridades locais e, muitos turistas do Brasil e do mundo.


Festival Yawanawá - X

FESTIVAL YAWANAWÁ2

Festival Yawanawá - Recepção de Convidados-1

De forma semelhante, a Associação Sociocultural Yawanawá também vem promovendo seu próprio festival independente na aldeia Mutum durante o verão.
Organização Indígena - ( Resumo )

Atualmente, há duas associações Yawanawá: a AEYRG/COOPYAWA e a ASCY.

A Organização dos Agricultores e Extrativistas Yawanawá do Rio Gregório (OAEYRG) foi fundada em 1993, no início do Projeto Urucum, apoiado pela empresa de cosméticos norte-americana Aveda.

Em 2003, foi fundada a Cooperativa Yawanawá (COOPYAWA) que vinha a ser o “braço” comercial da OAEYRG.

Durante quinze anos, esta organização representou todos os Yawanawá.

Ultimamente, entretanto, este povo vem passando por um processo interno de reorganização social que culminou na fundação, em 2008, de uma segunda associação, a Associação Sociocultural De ser mais (ASCY).


A OAEYRG representa as aldeias Nova Esperança e Amparo, enquanto a ASCY representa as demais aldeias: Mutum, Escondido, Tibúrcio, Sete Estrelas e Matrinxã.
A primeira é liderada por Ubiraci (Biraci) Brasil Nixiwaka e a segunda por Joaquim Luís Tashka.
Ambas associações têm trabalhado no sentido de fortalecer a “Cultura Yawanawá” e buscar mecanismos para os projetos sociais e econômicos das comunidades por elas representadas.
Ultimamente, as duas associações têm fomentado o turismo ecológico nas aldeias, recebendo pequenos grupos de pessoas interessadas em conhecer de perto o cotidiano e a cultura Yawanawá. (Camargo-Tavares, 2013).

A OAEYRG tem um escritório em Tarauacá.

A ASCY tem um site na internet:

Além desse site, a liderança Joaquim Tashka mantém um blog na internet:

Yuxinawa: A tribo da imagem e do som.















YAWANAWÁ III

Nixiwaka Yawanawá-1
Nixiwaka Yawanawá

Nixiwaka Yawanawá do Brasil, de 26 anos, está prestes a ser o primeiro índio da Amazônia a subir Ben Nevis, o pico mais alto das Ilhas Britânicas.
Lideranças:

Encontro Yawanawá - 3

Líder Yawanawá - Raimundo Tuin Kuru - (1929-2010)
Líder Yawanawá - Raimundo Tuin Kuru - (1929-2010)

Chefe Raimundo Luis Tuin Kuru - Yawanawá2
Chefe Raimundo Luis Tuin Kuru - Yawanawá

Biraci  Brasil Junior1
Biraci  Brasil Junior

Manuel Roque de Souza Yawanawá (Temá)1
Manuel Roque de Souza Yawanawá (Temá)

Letícia Yawanawá1
Letícia Yawanawá1

Pajé Raimunda Putanny Yawanawá2
Pajé Raimunda Putanny Yawanawá2

Pajé Tata - Líder Espiritual e Curador Yawanawá1
Pajé Tata - Líder Espiritual e Curador Yawanawá1

Pajé Tatá Yawanawá2
Pajé Tatá Yawanawá2

Pajé Tata & Joaquim Tashka3
Pajé Tata & Joaquim Tashka

Pajé Yawá - 99 anos-1
Pajé Yawá - 99 anos

Pajé Yawá Rani2
Pajé Yawá Rani

Pajé Yawanawá4
Pajé Yawanawá

Yawanawá - Os Pajés-7
Yawanawá - Os Pajés

Pajé Yawa Kuni1
Pajé Yawa Kuni

Shaneihu Yawanawá1
Shaneihu Yawanawá

Waxy Yawanawá1
Waxy Yawanawá

Yawanawá5
Yawanawá

Yawanawá6
Yawanawá

ARTE YAWANAWÁ1 - PULSEIRAS
ARTE YAWANAWÁ - PULSEIRAS

MENU YAWANAWÁ1
MENU YAWANAWÁ

Medicina Sagrada - Rapé Indígena1
Medicina Sagrada - Rapé Indígena

Miro Yawanawá I
Miro Yawanawá

Índio Yawanawá2
Índio Yawanawá




YAWANAWÁ - IV


VÍDEOS - YAWANAWÁ


" A FORÇA DA FLORESTA"

"CANTO YAWANAWÁ"

"TRIBO YAWANAWÁ"

"FESTIVAL YAWANAWÁ"

"SHANEIHU - YAWANAWÁ - KANARÔ"


"SHANEIHU - YAWANAWÁ - KÊNE KÊRANE"

MÚSICA YAWANAWÁ - I

MÚSICA YAWANAWÁ - II

"BIRACI JUNIOR YAWANAWÁ - " ÍNDIO CURADOR"

"CANTO YAWANAWÁ - ALDEIA DA MATA - CANOA QUEBRADA"

"YAWANAWÁ - PARARAITOVÊ - PAJÉ PUTANNY"

"YAWANAWÁ - ROKIANÁ - PAJÉ PUTANNY"

"YAWANAWÁ  KANARÔ - PAJE PUTANNY"

"YAWANAWÁ - TXURIANAWA BAITÊ - PAJÉ PUTANNY"

"YAWANAWÁ - YUVEVAWE SHALOVÓ - PAJÉ PUTANNY"

"YAWANAWÁ - SAKORONAWAWATE - PAJÉ PUTANNY"

"MIRO YAWANAWÁ - EM CURITIBA - PARANÁ"

"MIRO YAWANAWÁ & WANU YAWANAWÁ"

"MATSINI YAWANAWÁ - EM CURITIBA - PARANÁ"

"DAOSHA PÁSSARO ALEGRE & HUKE NETE YAWANAWÁ

"HUKENA YAWANAWÁ"

"KENEWMA LUIZA YAWANAWÁ"

"DJ ALOK - DOCUMENTÁRIO YAWANAWÁ"

"YAWANAWÁ NO MONASTÉRIO BODHINYANARAMA"

"YAWANAWÁ SONGS"

"CACIQUE BIRA YAWANAWÁ"

"CACIQUE BIRA YAWANAWÁ - KANARÔ"

HISTÓRIA:


POVO DA FLORESTA - RICHARD RASMUSSEN - NAT GEO

ESCOLA YAWANAWÁ

ATOR JOAQUIM PHOENIX TRAVELS TO YAWANAWÁ

PAJÉ HUSHAHU YAWANAWÁ

HISTÓRIA DO ACRE - BLOCO - I

HISTÓRIA DO ACRE - BLOCO - II

PREOCUPAÇÃO:

Acesse o Link:
MADEIREIRA - RADAN ADMINISTRAÇÃO E PARTICIPAÇÃO LTDA


A Radan Administração e Participação Ltda., que tem como sócio majoritário o apresentador Carlos Massa, o Ratinho, obteve licenciamento do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para exploração madeireira em 150 mil hectares de floresta nativa, na margem esquerda da BR-364, sentido Tarauacá-Cruzeiro do Sul, no Estado do Acre.

Os planos de negócio e manejo florestal da Radan, que incluem a instalação de uma indústria de beneficiamento de madeira, foram apresentados pela empresa à Secretaria Executiva de Florestas e Extrativismo, analisados e aprovados pelo Conselho de Desenvolvimento Industrial do Acre.

A empresa de Ratinho adquiriu duas glebas, em maio de 2002, da Companhia Paranaense de Colonização Agropecuária e Industrial do Acre (Paranacre). 


Ela tinha conhecimento de que haviam sido destacadas da área inicial da "Gleba Paranacre", as áreas que foram reconhecidas e demarcadas para os povos Yawanawá/Katukina e Kaxinawá, respectivamente a Terra Indígena Yawanawá do Rio Gregório e a Terra Indígena Kaxinawá da Praia do Carapanã, totalizando 130 mil hectares.

Na verdade a área inicial da Radan era 195 mil hectares, mas foi reduzida porque a empresa aceitou doar parte para comunidades indígenas e menos de 10 mil hectares para assentar posseiros da região que ocupavam a propriedade.


Para colaborar com a disposição de a empresa investir no Acre, o então governador Jorge Viana (PT) cuidou da remoção dos posseiros. 


Os posseiros foram retirados da área de Ratinho pelo Instituto de Terras do Acre.

Eles foram alocados em outras áreas pertencentes ao Estado do Acre, doadas pela própria empresa, na margem da BR-364, ou em Projetos de Assentamentos do Incra, sem que haja qualquer responsabilidade de indenização por parte da Radan.

Por sugestão de Jorge Viana, a empresa se comprometeu em criar uma zona de amortecimento de 500 metros entre suas divisas e as áreas indígenas, que totaliza aproximadamente 74 quilômetros. 


A zona foi denominada "área de silêncio", onde não desenvolverá atividades econômicas, mantendo, no entanto, a posse e propriedade da mesma.

A empresa se viu forçada a ceder a área aos indígenas após a Organização dos Agricultores Extrativistas Yawanawá do Rio Gregório fazer circular Carta Aberta na internet, em setembro de 2005, na qual negou qualquer intenção de negociar suas áreas de ocupação tradicional.

A organização indígena também demonstrou preocupação com o possível início das atividades madeireiras no entorno da terra e reafirmou a intenção de lutar, junto com a etnia dos katukina, pelo pleno reconhecimento do território que tradicionalmente ocupam no rio Gregório.

A carta teve enorme repercussão no país e no exterior e uma delegação Yawanawá foi recebida pelo então governador Jorge Viana, que reiterou a posição favorável do governo estadual em relação à demanda de revisão de limites da TI Rio Gregório.

Logo foi estabelecido um acordo formal entre o governo estadual e a Radan, garantindo a cessão de parte das terras da empresa (cerca de 130 mil hectares) contida na revisão de limites da TI Rio Gregório, bem como a não realização de atividades de manejo madeireiro no entorno da terra indígena.

As medidas contribuíram para a publicação, no Diário Oficial da União (DOU), em abril de 2006, de despacho do presidente da Fundação Nacional do Índio, aprovando a revisão de limites da TI Rio Gregório.




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