YAWANAWÁ - I
Os Iauanauás ou Yawanawá são um povo
indígena que habita a Área Indígena Rio Gregório,
no município de Tarauacá, no Oeste do estado do Acre,
no Brasil.
São,
aproximadamente, 700 pessoas.
Etimologia
O
nome "Yawanawá" significa, literalmente, "Povo
do Queixada".
História
A
Terra Indígena do Rio Gregório foi demarcada na década de 1980.
Em
1993, a tribo realizou um acordo comercial com a
empresa estadunidense Aveda para o fornecimento de Urucum a ser utilizado na
fabricação de cosméticos.
Graças
ao acordo, a tribo teve condições econômicas de resgatar sua cultura
tradicional, que estava se perdendo.
A
Terra Indígena do Rio Gregório foi ampliada para 182 mil hectares em 2007
pela Fundação Nacional do Índio.
Economia
As
principais atividades produtivas são a caça, pesca e agricultura de
subsistência com o plantio de milho, mandioca, arroz e banana principalmente.
Os
Yawanawá têm se dedicado também à produção de Urucum (bixa orellana)
destinado à fabricação de cosméticos, à produção de óleos nativos como o
de Andiroba e à produção artesanal de móveis a partir de madeiras de
árvores mortas.
Formação
A
formação étnica do povo Yawanawá conta com outros povos (ou clãs)
da família linguística Pano (também chamados, de modo genérico,
"Náwa").
São
eles: Rununáwa
("povo-serpente"), Xawanáwa ("povo-arara"), Saináwa
("povo do grito, da palavra ou da canção"), Uxunáwa ("povo da garça
branca"), Escunáwa
("povo do japó") e Katuquina, entre eles denominados Camãnawa
("povo da onça ou do cachorro", dependendo da fonte).
Destes
povos, os Escunáwa,
Katuquina
e Xawanáua
possuem território próprio, sendo que os Escunáwa históricos passaram a ser
denominados Xanenáua
(ou Shanenawa)
e também, erroneamente, Katuquina.
Os
demais acabaram sendo absorvidos pelos povos existentes.
Entre
os Yawanawá, contudo, há conhecimento de quais famílias pertencem a determinado
povo (ou Clã).
A HISTÓRIA ATUAL
O
choro que lamenta a perda, a fartura da caça e a dieta sagrada das primeiras
mulheres pajés revelam o espírito guerreiro dessa tribo
Fatos
inéditos vividos pela tribo revela a construção de uma nova história
Distante
cerca de dois dias de barco do município de Tarauacá, no Acre, às margens do
rio Gregório, quatro aldeias da mesma etnia, que somam cerca de 620 indivíduos,
vivem momentos de uma nova história.
Um
povo sem idade oficial, que no contato com o branco e outras etnias indígenas
adquiriu características físicas e outros hábitos incapazes de tirar a essência
que preserva sua origem.
São
guerreiros Yawanawá, pertencentes à família lingüística pano, que
tradicionalmente vivem da caça e pesca, mas que começam a trilhar caminhos rumo
a uma economia que sustenta sua cultura, unindo o tradicional e o moderno.
Na
década de 1930, eles brigaram pela sobrevivência
com os caucheiros peruanos que invadiam suas aldeias em busca da seiva do
caucho - árvore de grade porte da qual se extrai o látex que origina uma
borracha inferior à da seringa.
Além
da busca pelo produto, os caucheiros matavam os guerreiros e levavam as suas
mulheres.
Caucheros
Na
década de 1970, foi a perseguição do trabalho
escravo que assolou de maneira intensa a vida desse povo.
Recentemente,
os índios Yawanawá lutaram pelas suas terras, pedindo uma demarcação mais justa
que colocasse áreas consideradas sagradas em seu território, agora duplicado.
Mas é
na luta contínua, travada desde o conhecimento de sua existência pelo branco,
que a história dos Yawanawá se constrói.
O
desafio de melhoria da qualidade de vida sem agredir a tradição e sua cultura é
um sonho que persiste.
A
perspectiva para que ele se concretize se firma em projetos que começam junto
ao conhecimento repassado por lideranças tradicionais, que são os mais antigos
da aldeia e detentores de grande conhecimento, ensinamentos que eles direcionam
às novas gerações, também protagonistas e testemunhas de outros importantes
momentos que se apresentam dia após dia pela tribo.
Os
Yawanawás, termo que significa "Povo da Queixada" (yawa:
queixada; nawa: povo), buscam o equilíbrio entre o
tradicional e moderno, atraindo a tecnologia de maneira limitada, mantendo viva
a sua cultura, tradição e modo de vida.
Nesse
paralelo, fatos marcantes se sucedem, escrevendo novas linhas na vida desse
povo forte, persistente e de extrema simpatia.
A
viagem que leva a esse encontro é repleta de fatos marcantes.
Na
principal aldeia, a morte de um jovem guerreiro, vítima de picada de cobra,
provoca o grito de lamento das mulheres que ecoa na floresta e no rio como sinônimo
de perda.
A
resposta dos espíritos vem com a fartura da caça.
É o
sinal das boas-vindas àquele que se despediu do mundo físico.
E o
alimento que surge como presente é o animal símbolo do povo, a queixada, que
devolve o sorriso e brilho nos olhos de cada índio com a vontade de continuar a
viver.
Na Aldeia do Mutum, que antecede a principal, Nova Esperança, surge uma
peculiaridade em dois fatos: a primeira liderança Yawanawá Mulher atua ali, Júlia Yawanawá.
Júlia Yawanawá
Logo
adiante, em uma caminhada até a floresta, é ela que mostra um lugar de fatos
inéditos e históricos: próximo a um igarapé de água cristalina, duas irmãs
passam pela dieta sagrada, que faz parte da preparação para tornarem-se pajés.
Elas
são as primeiras mulheres da etnia a enfrentarem o desafio.
Pajé Raimunda Putanny Yawanawá
Pajé Kátia Hushashu Yawanawá
A Odisséia
rumo à terra do Povo da Queixada.
Para
conhecer o povo Yawanawá em seu habitat, é necessário enfrentar uma verdadeira
odisséia: vencer o cansaço físico e estar aberto a um conceito de vida que foge
aos modelos convencionais, para que se conheça, entenda e respeite a origem,
história e propósito de vida dessa gente.
Na
época de estiagem, o rio é raso demais para utilizar o motor.
No
período de chuvas, a estrada vira um lamaçal, impossibilitando o tráfego dos
veículos.
Atualmente,
a dificuldade maior é exatamente na BR-364 - o percurso inicial após a saída de
Tarauacá rumo ao rio Gregório: cerca de duas horas e meia de carro e três de
caminhada.
A
aventura continua com a viagem de barco no rio.
O
trajeto se torna perigoso devido aos troncos e galhos de árvores caídos nas
águas.
O
percurso dura em média de 8 a 10 horas, o que exige do comandante do barco um
bom conhecimento do lugar a percorrer.
São
cerca de dois dias de uma aventura, com rápidas paradas, que revelam aos poucos
as características dos Yawanawá.
Com a nova área que amplia a terra - uma das primeiras demarcadas pela Fundação Nacional do Índio (Funai), em 1984 -, um posto no lugar denominado Matrixã, liderado por Panãihu Yawanawá, onde moram mais 23 índios, é uma das tentativas de seu povo de impedir a entrada de caçadores e outros intrusos.
Com a nova área que amplia a terra - uma das primeiras demarcadas pela Fundação Nacional do Índio (Funai), em 1984 -, um posto no lugar denominado Matrixã, liderado por Panãihu Yawanawá, onde moram mais 23 índios, é uma das tentativas de seu povo de impedir a entrada de caçadores e outros intrusos.
É ali
o primeiro contato com os índios da região.
O Novo Mapa da terra dos Yawanawá coloca no território as nascentes de rios acreanos
como o Gregório, o Riozinho da Liberdade, o Bajé, o Tejo, o Primavera e muitos
igarapés de grande importância para a preservação de toda a bacia hidrográfica
da região.
No
posto, a cordialidade da etnia é notável.
Cordialidade
essa que a professora Leda Matilde Yawatumã chama de aliança com os brancos.
Entre
os seus 34 alunos estão os ribeirinhos que moram dentro da terra indígena,
pessoas que o povo da Queixada considera amigas.
Todos
compartilham da escola que proporciona educação em uma das localidades mais
isoladas do Estado.
Mas os
brancos estão em processo de remoção do lugar.
A
cordialidade do povo da Queixada
Depois
do Matrixã, seguindo rio Gregório acima, estão as aldeias do Tibúrcio,
Escondido, Mutum e Nova Esperança.
A
última funciona como sede da etnia, que já morou um pouco mais distante, no
seringal Kaxinawá, cerca de duas horas e meia de barco dali.
Aldeia Kaxinawá
Localização
A Terra Indígena Rio
Gregório foi demarcada em 1983 e homologada em 1991, com área inicial de 92.859
hectares.
Foi a primeira Terra
Indígena a ser demarcada no Acre e é habitada pelos povos Yawanawá e
Katukina-Pano.
Os limites da TI foram
posteriormente revistos e a portaria número 1388, publicada em 15 de agosto de
2007, no Diário Oficial da União, declara que o Ministro de Estado da Justiça, considerando que a Terra Indígena localizada
no município de Tarauacá, no Estado
do Acre, foi identificada de conformidade com os termos do § 1° do
art. 231 da Constituição Federal e inciso I do art. 17 da Lei n° 6.001, de
19 de dezembro de 1973, como sendo tradicionalmente ocupada pelos grupos indígenas
Katukina e Yawanawá.
Considerando
que no prazo de contestação fixado no art. 2°, § 8° e no art. 9°
"caput", do Decreto n° 1.775/96, não houve qualquer manifestação
quanto à caracterização da terra indígena, resolve:
Art. 1° Declarar de posse permanente dos grupos indígenas
Katukina e Yawanawá a Terra Indígena RIO GREGÓRIO, com superfície
aproximada de 187.400 há (cento e oitenta e sete mil e
quatrocentos hectares) e perímetro também aproximado de 239 km
(duzentos e trinta e nove quilômetros).
No entanto, em 2012, a presidência da república criou uma nova etapa de
reconhecimento das T.I.s, alterando o processo original de homologação, de sete
fases.
Segundo o artigo 231 da Constituição Brasileira de 1988, as Terras
Indígenas são as áreas habitadas em caráter permanente [pelos povos indígenas],
as utilizadas para suas atividades produtivas, as imprescindíveis à preservação
dos recursos ambientais necessários a seu bem-estar e as necessárias à sua
reprodução física e cultural, segundo seus usos, costumes e tradições.
O Decreto 1775/1996, do Ministério da Justiça,
estabelece que o processo de demarcação de Terras Indígenas deve ser conduzido
pelo Poder Executivo, no âmbito da Fundação Nacional do Índio (FUNAI).
Esse processo é constituído pelas seguintes fases:
2) aprovação da FUNAI,
3) contestações,
4) declaração dos limites da Terra Indígena,
5) demarcação física,
6) homologação,
7) registro.
A nova medida da presidente Dilma Roussef incluiu a necessidade de uma
consulta prévia ao Ministério de Minas e Energia antes que a FUNAI possa
deliberar sobre a Terra Indígena.
O resultado desse novo tratamento é que seis processos de reconhecimento
de T.I.s já demarcadas, que aguardavam confirmação presidencial, voltaram ao
Ministério da Justiça para reavaliação, dentre eles o da T.I. Rio Gregório.
Algumas dessas T.I.s foram homologadas pela presidente em 2012 no dia
Mundial do Meio Ambiente, no contexto da Conferência das Nações Unidas pelo
Desenvolvimento Sustentável – Rio+20 – porém, não foi o caso da T.I. Rio
Gregório.
Essa medida está sendo considerada ilegal e contestada por uma série de
organizações indigenistas por ir de encontro ao processo original de demarcação
e homologação das T.I.s, que garante um período de contestação ao processo.
Este período já foi finalizado, conforme a publicação no Diário Oficial
da União, reproduzido acima.
Com uma
população de aproximadamente 565 indivíduos (Censo PRODOCLIN, 2010), a comunidade Yawanawá invoca amplamente o símbolo do porco do mato (yawa ‘queixada’, nawa ‘povo’) para representar
sua forma de organização: “como os queixadas, andamos sempre em bando”.
Segundo
dados do Instituto Socioambiental, a configuração do povo Yawanawá é resultado
de uma dinâmica sociológica própria de muitos grupos Pano, que incluiu
“alianças através de casamentos, raptos de mulheres no contexto de conflitos
bélicos, migrações de famílias” e uma série de mudanças decorrentes do contato
com o homem branco, principalmente no contexto da economia da borracha na
Amazônia.
Assim, o
povo se compõe de um conjunto que inclui membros de outros grupos Pano como: Shawãdawa (Arara), Iskunawa, Katukina, (atualmente Shanenáwa - Povo do Pássaro Azul), Varináua (Povo do Sol), Satanáua (Povo da Lontra), Neianáua (Povo do Céu), Rununáwa, Saináwa (atualmente Jamináwa ou Yaminahua), Poyanáwa e Kamanáwa (Povo da Onça ou do Cachorro), (CARID NAVEIRA, 1999; PEREZ GIL,
1999).
O povo habita sete aldeias e algumas colocações na Terra Indígena Rio
Gregório.
Também há famílias em municípios vizinhos à T.I., principalmente
Tarauacá, mas também Feijó (Kaxinauwás, Chacauwás, Jaminawás), Sena Madureira, Cruzeiro do Sul e Rio Branco.
O Rio Gregório é afluente do Juruá, rio que nasce no Peru, atravessa o
estado do Acre e deságua no Solimões.
Subindo o Gregório a partir de São Vicente, ponto em que o rio cruza a
BR 364, atingimos primeiro a Aldeia Matrinxã, em seguida, a Aldeia Amparo e
depois a Aldeia Sete Estrelas, que é onde habitam alguns Katukina.
Katukina
A próxima Aldeia Tibúrcio, depois o Escondido, seguida das Aldeias
maiores, Mutum e Nova Esperança.
Há ainda o antigo seringal Kaxinawá, hoje em dia chamado de “Aldeia
Sagrada” e considerado parte da aldeia Nova Esperança.
Aqui, habitam apenas duas famílias.
As Sete Aldeias se alinham politicamente a duas lideranças principais,
que são os caciques das duas aldeias maiores, Mutum e Nova Esperança.
Hoje, a liderança da Aldeia Mutum é exercida remotamente por Joaquim Tashka Yawanawá, que vive na cidade de Rio Branco, e é representado na aldeia pela
irmã, Mariazinha Yawanawá.
Cacique Joaquim Luis Tashka Yawanawá
Já a Aldeia Nova Esperança, onde se encontra aproximadamente metade da população da T.I., é
comandada pelo Cacique Ubiraci Brasil Nixiwaka Yawanawá.
Cacique Ubiraci Brasil Nixiwaka Yawanawá.
Existem duas associações indígenas que representam as duas vertentes
políticas.
A Cooperativa Yawanawá (COOPYAWA) foi
fundada em 2003, e é a ramificação comercial da OAEYRG
(Organização dos Agricultores e Extrativistas Yawanawá do Rio Gregório), que foi a primeira associação, fundada em 1993.
Essas organizações representam a aldeia Nova Esperança e sua aliada
política, a aldeia Amparo.
Já as demais aldeias, que gravitam em torno da aldeia Mutum, são
representadas pela Associação Sociocultural Yawanawá
(ASCY), fundada em 2008.
ASCY
Os dois
caciques são responsáveis pela articulação das políticas internas do povo e
pelas relações exteriores, sendo esta última atribuição a característica mais
marcante dos líderes Yawanawá ao longo da história local.
“A política
externa sempre constituiu, um domínio crítico na área pano, em que sempre se
cultivou a arte de conviver com estrangeiros”. (Erickson (1994).
Para gerar recursos, os caciques estabelecem parcerias comerciais tanto
com o governo do Acre quanto com empresas privadas, mas atualmente, o Turismo Xamânico ganha cada vez mais espaço e, certamente, é uma das principais fontes
de recursos para as associações.
Todo ano,
um Grande Festival de Cultura com duração de 5 dias é realizado na aldeia Nova
Esperança durante o mês de outubro.
Os Yawanawá
se vestem e se pintam à moda tradicional, realizam rituais de uni (ayahuasca), brincadeiras, cantos e danças à
moda antiga.
O evento
está crescendo, e a cada ano recebe mais visitantes.
Dentre
eles estão representantes de outros povos indígenas, indigenistas, políticos,
autoridades locais e muitos turistas do Brasil e do mundo.
Um
festival semelhante, porém, de proporções menores, também vem sendo realizado
na aldeia Mutum e ficou conhecido como “Manifestação da Cultura Yawanawá”.
FESTIVAL YAWANAWÁ - 2013
FESTIVAL YAWANAWÁ - 2014
FESTIVAL YAWANAWÁ - 2015
FESTIVAL MARIRI YAWANAWÁ - MUTUM - 2015
FESTIVAL YAWANAWÁ - 2016
FESTIVAL YAWANAWÁ
DOCUMENTÁRIO COMPLETO - ALOK DJ - YAWANAWÁ
AWARA NANE PUTANE
História
Os Yawanawá estão em
contato com o homem branco há um século, um contato motivado pela economia da
borracha.
Segundo os Yawanawá, os primeiros contatos aconteceram quando eles se
deslocaram para algum lugar entre os rios Gregório e o Tarauacá, onde o célebre
seringalista cearense Ângelo Ferreira os encontrou.
Ângelo estabeleceu com os Yawanawá uma relação de trabalho e se tornou
patrão desses e de outros grupos indígenas, até ser morto por seus peões
índios.
Foi a antiga liderança de Antonio Luiz, e seu primo, então jovens
“índios brabos”, que iniciaram um contato mais constante com os barracões
colocados no Gregório para explorar a borracha.
Segundo contam, os dois entraram no barracão do Seringal Kaxinawá
carregando um veado, que trocaram por farinha.
Deste ato se iniciou um conjunto de trocas, que acabou convertendo
Antonio Luiz em líder e mediador da relação com os brancos.
Esta relação é pensada pelos Yawanawá como uma relação de certo modo
pacífica: o modo de contato empreendido por Antonio Luiz condicionou as
relações com os brancos, tornando-as mais tranquilas e domesticadas do que a relação
dos brancos com outros povos indígenas no Acre.
Segundo os
velhos Yawanawá, o contato com os caucheiros peruanos foi mais violento (Carid
Naveira, 1999).
Euclides da Cunha faz uma narrativa contundente do “modus operandi” dos caucheiros peruanos que algum tempo depois dos pioneiros brasileiros começaram a penetrar na região marcando sua presença a ferro e a fogo. Os caucheiros estavam condenados a uma vida errante e tumultuária totalmente voltada ao extermínio dos silvícolas e à destruição da Hiléia. A “Castilloa elástica” de onde extraem a borracha não permite uma exploração continuada, é frágil e depois de golpeada definha e morre.
Em 2009, o escritor e jornalista paulistano Daniel Piza, de "O Estado de São Paulo" veio ao Acre para percorrer a mesma rota de Euclides e estabelecer semelhanças e diferenças entre o Acre do começo do século XX e o atual.
Dessa viagem resultou o livro "Amazônia de Euclides - Viagem de Volta a um Paraíso Perdido".
Dessa viagem resultou o livro "Amazônia de Euclides - Viagem de Volta a um Paraíso Perdido".
Desde esse
contato, os Yawanawá passaram a se relacionar mais constantemente com os
brancos, com suas mercadorias e com a sua língua, uma relação sempre mediada
pelo líder Antonio Luiz.
A partir da década de 1970, os Yawanawá
passaram a participar de projetos de educação formal, conduzidos por
missionários do grupo evangélico Novas Tribos do Brasil.
O modelo de escola proposto pelos missionários baseava-se na
centralidade de um professor branco que trabalhava a alfabetização em língua
indígena através de cartilhas produzidas para esses fins.
Como em outros casos, a primeira grafia dessa língua indígena foi
estabelecida nesse contexto de ensino proselitista, como passo necessário para
a conversão religiosa.
Na década de 1980, os Yawanawá se organizaram para expulsar de suas
terras os funcionários da madeireira Paranacre (empresa que, com o declínio da
economia da borracha, comprara os antigos seringais para explorar madeira e
pecuária) e os missionários da Novas Tribos do Brasil.
É desta época, o início da organização protagonizada por jovens
lideranças, que participavam de cursos de formação de professores e de agentes
de saúde promovidos por instituições indigenistas (como a Comissão Pró-Índio do
Acre).
Sua terra indígena, que é dividida com os Katukina, foi a primeira a ser demarcada no Acre, em 1984.
Nos anos 90, mais especificamente a partir da ECO-92, os Yawanawá estabeleceram uma
parceria comercial com a empresa de cosméticos norte-americana Aveda que
implantou na terra indígena um projeto para a produção e venda de urucum.
Neste período, os Yawanawá deixaram o antigo seringal Kaxinawá e se
mudaram rio abaixo, onde foi aberta uma grande aldeia, Nova Esperança.
Data deste período também a criação da Organização
dos Agricultores Extrativistas Yawanawá (OAEYRG) que durante mais de uma década foi a única associação representante
deste povo.
Desde então, os Yawanawá têm trabalhado para promover o desenvolvimento
sustentável e a qualidade de vida dos habitantes da terra indígena, também
através de projetos que visam a revitalização de sua língua e cultura.
Nesse contexto de “Resgate Cultural”, em 2002, foi realizado o primeiro
Yawa – “Festival de Cultura Yawanawá”.
Realizado todos os anos durante o verão na aldeia Nova Esperança, trata-se de uma semana de festividades em que os Yawanawá se vestem e se pintam à moda tradicional para celebrar as antigas “brincadeiras” e rituais.
Realizado todos os anos durante o verão na aldeia Nova Esperança, trata-se de uma semana de festividades em que os Yawanawá se vestem e se pintam à moda tradicional para celebrar as antigas “brincadeiras” e rituais.
Através dos “Festivais de Cultura”, muitas
crianças e jovens Yawanawá estão tendo contato com essas práticas pela primeira
vez, pois durante muito tempo, elas foram deixadas de lado devido “ao forte preconceito” por parte dos Brancos (Missionários, Seringueiros).
O evento está crescendo, tem se
tornado mais conhecido a cada ano e recebido cada vez maior número de
visitantes, entre representantes de outros povos indígenas, indigenistas, políticos,
autoridades locais e, muitos turistas do Brasil e do mundo.
De forma semelhante, a Associação Sociocultural Yawanawá também vem promovendo seu próprio
festival independente na aldeia Mutum durante o verão.
Organização Indígena - ( Resumo )
Atualmente,
há duas associações Yawanawá: a AEYRG/COOPYAWA e a ASCY.
A
Organização dos Agricultores e Extrativistas Yawanawá do Rio Gregório (OAEYRG)
foi fundada em 1993, no início do Projeto Urucum, apoiado pela empresa de
cosméticos norte-americana Aveda.
Em 2003,
foi fundada a Cooperativa Yawanawá
(COOPYAWA) que vinha
a ser o “braço” comercial da OAEYRG.
Durante
quinze anos, esta organização representou todos os Yawanawá.
Ultimamente,
entretanto, este povo vem passando por um processo interno de reorganização
social que culminou na fundação, em 2008, de uma segunda associação, a Associação Sociocultural De ser mais (ASCY).
A OAEYRG
representa as aldeias Nova Esperança e Amparo, enquanto a ASCY representa as demais aldeias: Mutum,
Escondido, Tibúrcio, Sete Estrelas e Matrinxã.
A primeira é liderada por Ubiraci (Biraci) Brasil Nixiwaka e a segunda
por Joaquim Luís Tashka.
Ambas associações têm trabalhado no sentido de fortalecer a “Cultura Yawanawá” e buscar mecanismos para os
projetos sociais e econômicos das comunidades por elas representadas.
Ultimamente,
as duas associações têm fomentado o turismo ecológico nas aldeias, recebendo
pequenos grupos de pessoas interessadas em conhecer de perto o cotidiano e a
cultura Yawanawá. (Camargo-Tavares, 2013).
A OAEYRG tem um escritório em Tarauacá.
A ASCY tem um
site na internet:
Além desse
site, a liderança Joaquim Tashka mantém um blog na internet:
Yuxinawa: A tribo da imagem e do som.
Yuxinawa: A tribo da imagem e do som.
Créditos: Clique e Acesse os Links
Yuxinawa - A Tribo da Imagem e do Som - AWAVENA
ASCY - Associação Cultural Yawanawá
Yuxinawa - A Tribo da Imagem e do Som - AWAVENA
ASCY - Associação Cultural Yawanawá
YAWANAWÁ III
Nixiwaka Yawanawá
Nixiwaka Yawanawá do Brasil, de 26 anos, está prestes a ser o primeiro índio da Amazônia a subir Ben Nevis, o pico mais alto das Ilhas Britânicas.
Lideranças:
Líder Yawanawá - Raimundo Tuin Kuru - (1929-2010)
Chefe Raimundo Luis Tuin Kuru - Yawanawá
Biraci Brasil Junior
Manuel Roque de Souza Yawanawá (Temá)
Letícia Yawanawá1
Pajé Raimunda Putanny Yawanawá2
Pajé Tata - Líder Espiritual e Curador Yawanawá1
Pajé Tatá Yawanawá2
Pajé Tata & Joaquim Tashka
Pajé Yawá - 99 anos
Pajé Yawá Rani
Pajé Yawanawá
Yawanawá - Os Pajés
Pajé Yawa Kuni
Shaneihu Yawanawá
Waxy Yawanawá
Yawanawá
Yawanawá
ARTE YAWANAWÁ - PULSEIRAS
MENU YAWANAWÁ
Medicina Sagrada - Rapé Indígena
Miro Yawanawá
Índio Yawanawá
YAWANAWÁ - IV
VÍDEOS - YAWANAWÁ
" A FORÇA DA FLORESTA"
"CANTO YAWANAWÁ"
"TRIBO YAWANAWÁ"
"FESTIVAL YAWANAWÁ"
"SHANEIHU - YAWANAWÁ - KANARÔ"
"SHANEIHU - YAWANAWÁ - KÊNE KÊRANE"
MÚSICA YAWANAWÁ - I
MÚSICA YAWANAWÁ - II
"BIRACI JUNIOR YAWANAWÁ - " ÍNDIO CURADOR"
"CANTO YAWANAWÁ - ALDEIA DA MATA - CANOA QUEBRADA"
"YAWANAWÁ - PARARAITOVÊ - PAJÉ PUTANNY"
"YAWANAWÁ - ROKIANÁ - PAJÉ PUTANNY"
"YAWANAWÁ KANARÔ - PAJE PUTANNY"
"YAWANAWÁ - TXURIANAWA BAITÊ - PAJÉ PUTANNY"
"YAWANAWÁ - YUVEVAWE SHALOVÓ - PAJÉ PUTANNY"
"YAWANAWÁ - SAKORONAWAWATE - PAJÉ PUTANNY"
"MIRO YAWANAWÁ - EM CURITIBA - PARANÁ"
"MIRO YAWANAWÁ & WANU YAWANAWÁ"
"MATSINI YAWANAWÁ - EM CURITIBA - PARANÁ"
"DAOSHA PÁSSARO ALEGRE & HUKE NETE YAWANAWÁ
"HUKENA YAWANAWÁ"
"KENEWMA LUIZA YAWANAWÁ"
"DJ ALOK - DOCUMENTÁRIO YAWANAWÁ"
"YAWANAWÁ NO MONASTÉRIO BODHINYANARAMA"
"YAWANAWÁ SONGS"
"CACIQUE BIRA YAWANAWÁ"
"CACIQUE BIRA YAWANAWÁ - KANARÔ"
HISTÓRIA:
POVO DA FLORESTA - RICHARD RASMUSSEN - NAT GEO
ESCOLA YAWANAWÁ
ATOR JOAQUIM PHOENIX TRAVELS TO YAWANAWÁ
PAJÉ HUSHAHU YAWANAWÁ
HISTÓRIA DO ACRE - BLOCO - I
HISTÓRIA DO ACRE - BLOCO - II
PREOCUPAÇÃO:
Acesse o Link:
MADEIREIRA - RADAN ADMINISTRAÇÃO E PARTICIPAÇÃO LTDA
A Radan Administração e Participação Ltda., que tem como sócio majoritário o apresentador Carlos Massa, o Ratinho, obteve licenciamento do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para exploração madeireira em 150 mil hectares de floresta nativa, na margem esquerda da BR-364, sentido Tarauacá-Cruzeiro do Sul, no Estado do Acre.
Os planos de negócio e manejo florestal da Radan, que incluem a instalação de uma indústria de beneficiamento de madeira, foram apresentados pela empresa à Secretaria Executiva de Florestas e Extrativismo, analisados e aprovados pelo Conselho de Desenvolvimento Industrial do Acre.
A empresa de Ratinho adquiriu duas glebas, em maio de 2002, da Companhia Paranaense de Colonização Agropecuária e Industrial do Acre (Paranacre).
Ela tinha conhecimento de que haviam sido destacadas da área inicial da "Gleba Paranacre", as áreas que foram reconhecidas e demarcadas para os povos Yawanawá/Katukina e Kaxinawá, respectivamente a Terra Indígena Yawanawá do Rio Gregório e a Terra Indígena Kaxinawá da Praia do Carapanã, totalizando 130 mil hectares.
Na verdade a área inicial da Radan era 195 mil hectares, mas foi reduzida porque a empresa aceitou doar parte para comunidades indígenas e menos de 10 mil hectares para assentar posseiros da região que ocupavam a propriedade.
Para colaborar com a disposição de a empresa investir no Acre, o então governador Jorge Viana (PT) cuidou da remoção dos posseiros.
Eles foram alocados em outras áreas pertencentes ao Estado do Acre, doadas pela própria empresa, na margem da BR-364, ou em Projetos de Assentamentos do Incra, sem que haja qualquer responsabilidade de indenização por parte da Radan.
Por sugestão de Jorge Viana, a empresa se comprometeu em criar uma zona de amortecimento de 500 metros entre suas divisas e as áreas indígenas, que totaliza aproximadamente 74 quilômetros.
A empresa se viu forçada a ceder a área aos indígenas após a Organização dos Agricultores Extrativistas Yawanawá do Rio Gregório fazer circular Carta Aberta na internet, em setembro de 2005, na qual negou qualquer intenção de negociar suas áreas de ocupação tradicional.
A organização indígena também demonstrou preocupação com o possível início das atividades madeireiras no entorno da terra e reafirmou a intenção de lutar, junto com a etnia dos katukina, pelo pleno reconhecimento do território que tradicionalmente ocupam no rio Gregório.
A carta teve enorme repercussão no país e no exterior e uma delegação Yawanawá foi recebida pelo então governador Jorge Viana, que reiterou a posição favorável do governo estadual em relação à demanda de revisão de limites da TI Rio Gregório.
Logo foi estabelecido um acordo formal entre o governo estadual e a Radan, garantindo a cessão de parte das terras da empresa (cerca de 130 mil hectares) contida na revisão de limites da TI Rio Gregório, bem como a não realização de atividades de manejo madeireiro no entorno da terra indígena.
As medidas contribuíram para a publicação, no Diário Oficial da União (DOU), em abril de 2006, de despacho do presidente da Fundação Nacional do Índio, aprovando a revisão de limites da TI Rio Gregório.
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