"A ALQUIMIA DA CURA"
CRISTAIS
HISTÓRIA
HISTÓRIA
Cristalografia
A cristalografia é
o ramo da ciência que estuda as propriedades dos cristais, a sua formação e
interação com os fatores físicos e químicos, incluindo os ambientais.
Os cristais,
devido às simetrias geradas pela repetição espacial da sua estrutura atômica,
assumem formas geométricas bem definidas que estão na base da sua
classificação: em função do número de cadeias, dos eixos de simetria e do
número e características morfológicas das faces, são agrupados em sistemas de
classificação que servem para os identificar.
Cristal deriva
da palavra em grego antigo: κρύσταλλος (krustallos) que quer
dizer ao mesmo tempo "gelo" e "quartzo".
Propriedades dos cristais
Um monocristal artificial de grandes dimensões
crescido por Saint-Gobain para o laser de alta potência do Commissariat
à l'Énergie Atomique.
Os cristais
apresentam propriedade óptica e elétrica específicas e distintas das de quaisquer outros sólidos ou
fluidos, o que os torna extremamente úteis em aplicações eletro-ópticas e eletrônicas,
as quais dependem da sua estrutura, do tipo de ligações e das impurezas e
defeitos na malha cristalina de que eventualmente padeçam.
A maior
parte dos materiais apresenta defeitos na sua malha cristalina, em geral
resultantes da presença de átomos ou moléculas de outras substâncias ou de
defeitos no posicionamento da malha durante a cristalização.
Estes
defeitos conferem características particulares aos cristais, estando na base de
muitas tecnologias.
São defeitos
na malha cristalina do Silício, induzidas, por exemplo, pela presença átomos de Germânio ou Gálio,
que permitem o aparecimento de semicondutores, a base da atual tecnologia eletrônica.
Os efeitos
mais conhecidos da estrutura cristalina são os piezoelétricos, que estão
na base, entre outras coisas, dos relógios de quartzo e das balanças
eletrônicas, os ferroelétricos, utilizados em detectores diversos, o efeito
piroelétrico, usado em detectores de calor, termômetros e detectores de
intrusão, e, acima de tudo, a formação de semicondutores, os quais estão
na base de toda a eletrônica dos transístores e díodos aos computadores.
Outras
propriedades dos cristais estão a levar à utilização tecnológica da supercondutividade a
altas temperaturas e a crescentes desenvolvimentos no campo da física da
matéria condensada que poderão abrir novas áreas tecnológicas.
O
comportamento óptico dos cristais está na base do laser, do maser, das
câmaras fotográficas e de filmar digitais, dos díodos emissores de
luz (LED’s) e de todos os desenvolvimentos em matéria de fotoeletrônica que
estão a revolucionar o mundo tecnológico.
O pleocroísmo exibido
por muitos cristais abre novas perspectivas em termos de óptica e da sua
utilização em técnicas analíticas.
Forma dos cristais
Na natureza
encontram-se cristais de formas muito diversificadas, dependentes da forma de
arranjo das cargas elétricas nos átomos ou moléculas que formam o cristal e das
condições em que a cristalização se deu, por exemplo, a água, pode assumir
múltiplas formas cristalinas em função da forma como o cristal se formou: a neve e
um cubo de gelo são formas completamente distintas de cristais de água,
com estrutura diferenciada em função das condições de cristalização.
Pelas razões
atrás apontadas, a forma dos cristais depende não só das características do
material de que o cristal é formado, mas também das condições de formação um
caso extremo é o Carbono: a altas pressões e temperaturas forma o diamante,
a altas temperaturas e baixas pressões forma grafite, substâncias que á primeira
vista nada têm em comum.
Cristais
Cristais de insulina obtidos por
cristalização no Espaço exterior (em condições de microgravidade).
Um cristal é
um sólido no qual os constituintes, sejam eles átomos, moléculas ou íons,
estão organizados num padrão tridimensional bem definido, que se repete no
espaço, formando uma estrutura com uma geometria específica.
Em química e mineralogia,
um cristal é uma forma da matéria na qual as partículas constituintes
estão agregadas regularmente, criando uma estrutura cristalina que se
manifesta macroscopicamente por assumir a forma externa de um sólido de
faces planas regularmente arranjadas, em geral com elevado grau de simetria
tridimensional.
Cristais e vidros
Embora o
termo cristal tenha um significado preciso no âmbito da
ciência dos materiais e da física do estado sólido, em linguagem coloquial o
termo é utilizado de forma muito abrangente para designar objetos sólidos que
apresentam características de brilho e forma bem marcados, em geral associados
a formas geométricas simples.
Se alguns
são cristais, como o gelo, a neve e o sal de cozinha, outros são na realidade
vítreos, isto é são compostos por materiais cujos átomos não apresentam
qualquer ordenação especifica.
Apesar de em
geral o arrefecimento de uma substância conduzir à formação de cristais (isto é
à cristalização), tal não é uma verdade universal. Misturas de substâncias
muito heterogêneas raramente cristalizam e em alguns casos o arrefecimento pode
ser tão rápido que as moléculas ou átomos perdem mobilidade antes de poderem
atingir a posição correta na malha cristalina.
Um material
não cristalino, como o vulgar vidro, não apresenta ordenação espacial dos
seus átomos ou moléculas ao longo de distâncias consideráveis, face ao raio
desses átomos ou moléculas, pelo que é denominado amorfo ou vítreo.
Estes materiais são em geral denominados sólidos amorfos, sendo um exemplo
geológico conhecido a obsidiana.
Na linguagem
corrente e no comércio, a palavra cristal é utilizada para
designar vidros de elevada transparência e qualidade, genericamente
comercializados como cristais.
Estes
cristais de vidro não são mais do que vidro com um elevado teor de óxido
de chumbo, os quais, como vidros que são, não têm estrutura cristalina, já que
neles os átomos não apresentam qualquer forma de arranjo regular.
Tais vidros,
apesar de denominados cristais, não podem de forma alguma ser
considerados um cristal no sentido utilizado no presente texto.
Estrutura e formação dos cristais
Célula unitária da estrutura de um cristal de
sal (NaCl). Note-se a ordenação dos átomos.
Num cristal
a posição de cada um dos átomos, moléculas ou íons que o constituem, que para
economia discursiva passaremos a designar (de forma menos correta) por
partículas, é determinada pelas posições ocupadas já existentes.
Assim, no
momento de cristalização, a partícula forma com as suas vizinhas um conjunto de
ligações químicas (de qualquer tipo, indo das iônicas às ligações fracas) que
determina a posição espacial que tenderá a ocupar.
Em resultado
desse processo, forma-se uma estrutura tridimensional, mantida de forma mais ou
menos rígida pelas ligações entre partículas, que se vai progressivamente
propagando no espaço, formado assim um sólido que tenderá, pela expressão
macroscópica desta ordenação interna, a ter uma forte tendência para a
simetria.
São esses os
sólidos a que chamamos cristais.
As
estruturas cristalinas ocorrem em todos os tipos de materiais com todo o tipo
de ligações intermoleculares e inter-atômicas.
Quase todas
as ligações metálicas por nuvem de elétrons coexistem com um estado
policristalino, já que os metais em estado amorfo ou monocristalino raramente
existem na natureza.
A
generalidade dos sais cristaliza, já que as ligações iônicas, formadas a partir
da condensação de soluções, ou da solidificação de sais em fusão, formam malhas
cristalinas muito estáveis.
Daí que
quase todos os sais em estado sólido sejam cristais.
As ligações
covalentes também são muito comuns em cristais, em particular em cristais
orgânicos (como os açucares e as proteínas puras).
Outro
exemplo de cristais com ligações covalentes são o diamante e a grafite.
Os polímeros em
geral apresentam regiões cristalinas, mas o comprimento das cadeias dificulta a
cristalização total.
Para além as
ligações atrás referidas, as forças de van der Waals assumem um
importante papel na formação dos cristais, controlando a aproximação das
moléculas e mantendo-as nos seus mínimos energéticos.
Em geral, os
cristais formam-se a partir de substâncias fluidas à medida que estas vão
sofrendo solidificação ou precipitação (caso se trate de uma solução).
A forma mais
comum de cristalização consiste na existência de uma solução, a partir da qual
o material que forma o cristal vai precipitando e, no processo, cada átomo ou
molécula vai assumindo uma posição que é determinada pelos átomos ou moléculas
vizinhas.
O Gálio é um metal que forma grandes
cristais.
A arrumação
das partículas, e a sua persistência no lugar que ocupam na malha cristalina, é
determinada pela existência de um mínimo energético nessa posição,
correspondente à otimização das ligações formadas entre as partículas.
Um exemplo
típico deste processo é a formação de gelo: quando o movimento browniano induzido
pelo calor é suficientemente pequeno para permitir que as moléculas de água se
liguem de forma estável (em água pura aos 0º C),
as ligações entre as zonas de polarização elétrica positiva e negativa das
moléculas são imobilizadas por ligações de van der Waals (assim
denominadas em homenagem a Johannes Diderik van der Waals), as quais as
mantêm em posição.
Em
resultado, as moléculas da água vão sendo progressivamente presas na estrutura,
formando-se o gelo.
Devido à
formação desta rede, e à redução de entropia que corresponde à ordenação
das moléculas, o gelo tem uma energia interna inferior à da água, daí que seja
necessário fornecer um calor de fusão (igual àquele que ele liberta
quando solidifica) para o transformar novamente em água.
Um cristal policromo de Bismuto.
É este calor
de fusão que explica a estabilidade dos cristais e a tendência das
substâncias puras, quando arrefecem, para assumir a forma cristalina (com
elevada ordenação espacial).
Os materiais
que quando solidificam não libertam um calor de fusão, como acontece com a
solidificação de um vidro, apesar de em geral serem considerados sólidos, são,
do ponto de vista termodinâmico, líquidos com viscosidade quase infinita, já
que as suas partículas não atingiram um estado de mínimo energético.
Outra forma
comum de cristalização, e a mais frequente em geologia, já que está presente
nos magmas e nas soluções hidrotermais, é a precipitação a partir de
uma solução.
Um exemplo
comum é o que acontece com as soluções sobressaturadas de sal comum (cloreto de
sódio): quando a quantidade de sal em solução excede a que pode ser mantida
àquela temperatura, os íons de Sódio e Potássio começam a
agregar-se de forma estruturada (em geral em torno de impurezas ou de um
cristal semente), crescendo rapidamente por remoção de sal da
solução. O mesmo acontece com a formação dos cristais no magma: a partir do
material fundido vão sendo precipitados cristais que crescem por agregação dos
átomos que os constituem.
Embora menos
comum, mas de forma alguma rara, é a formação de cristais a partir de um gás ou
mistura gasosa.
O exemplo
mais comum é o crescimento dos cristais de neve na atmosfera por ressublimação,
ou sublimação regressiva, ao ocorrer à passagem de vapor de água (um gás) diretamente
para sólido.
O mesmo
acontece com a formação de cristais de enxofre nas sulfataras e de
outros cristais em torno das fumarolas.
Um policristal de quartzo, uma das
substâncias cristalinas mais comuns na Terra.
Em condições
ideais, o resultado dos processos de cristalização seria a formação de um único
cristal, no qual todos os átomos ou moléculas encontrassem o seu lugar numa
malha cristalina comum.
Na
realidade, porque o processo se inicia em múltiplos lugares e é instável no seu
desenvolvimento, forma-se em geral uma miríade de cristais que se vão fundindo com
as óbvias imperfeições daí resultantes, à medida que as suas superfícies de
crescimento se interceptam.
Os sólidos
policristalinos assim formados, apesar de localmente manterem a simetria
imposta pela malha cristalina, assumem formas complexas onde a simetria geral
pode não ser imediatamente perceptível ou mesmo não existir.
Através de
processos de deposição controlada, é possível crescer grandes monocristais, como
por exemplo, os necessários para aplicações fotoelétricas.
Devido às
suas especiais propriedades e beleza são também criados cristais geminados,
resultado de um crescimento simétrico em torno de um eixo predefinido.
Dimensões
Habitualmente
com alguns centímetros de comprimento, foram encontrados cristais com mais de
10 m na Caverna dos Cristais em Naica, no México.
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