HISTÓRIA E ORIGENS – POVO - WAUJÁ
- WAURÁ - (ARAWÁK)
Tribo Waujá
História Aruak /Arawak no Alto Xingu
A Primeira Notícia Histórica sobre os Waujá foi registrada pelo Etnólogo Alemão Karl Von Den Steinen (Mülheim, 1855 — Cromberg, 1929) Médico, Explorador e Antropólogo Alemão.
Ficamos sabendo claramente que os Custenaús e os Trumaís eram encontrados no baixo rio.
Não conseguimos entender o que queriam dizer com "vaurá.
Seria uma Tríbu?" (Steinen 1942).
Uma semana mais tarde ele obteve a confirmação entre os Suyá - que lhe desenharam um mapa hidrográfico, no qual se encontravam representadas a maioria das tribos do Alto Xingu (Steinen 1942) - de que "vaurá" era um grande grupo que habitava o baixo Baávi.
A História desse povo de Língua Arawak na região da bacia dos formadores do Rio Xingu começou, no entanto, há pelo menos Mil Anos antes da chegada de Karl Von Den Steinen.
As Investigações Arqueológicas no Alto Xingu, iniciadas por Dole (1961/1962), avançaram significativamente na década de 1990 com o trabalho de Heckenberger (1996), o qual permitiu traçar um quadro preciso e extenso das mudanças e continuidades socioculturais nessa enorme e arqueologicamente pouco explorada área da periferia meridional da Amazônia.
Povos de língua Arawak - Waujá e Mehinako - que hoje habitam essa região são os descendentes diretos de vários grupos imigrados do extremo sudoeste da bacia amazônica e que estabeleceram as primeiras Aldeias Xinguanas a partir dos anos 800 e 900.
A Natureza dos Vestígios e as datações radiocarbônicas no intervalo entre o anos 1000 e 1600 apontam para uma ocupação caracterizada por um padrão de assentamento predominantemente sedentário baseado em grandes e populosas aldeias circulares (de 40 a 50 acres) com praça central, por amplas transformações da paisagem, pela construção de obras públicas destinadas à defesa das aldeias - valetas, paliçadas e caminhos terrestres elevados - e por uma tecnologia cerâmica particular a essa região desde a referida data (Heckenberger 2001).
A Cerâmica é um dos domínios tecnológicos e artísticos de maior vigor interpretativo sobre a História pré-cabralina.
Cerâmica Waujá
Cerâmica Waurá
No Alto Xingu, o equipamento doméstico mantém-se praticamente o mesmo desde os últimos 1000 anos, evidenciando uma impressionante continuidade cultural.
Torradores de Beiju, suportes cônicos e grandes panelas de bordas extrovertidas arredondados ou achatadas continuam sendo intensamente fabricadas e utilizadas pelos Waujá.
Essas evidências encontradas nos Sítios Arawak da bacia dos formadores do Xingu estão muito além de serem casos isolados, elas associam-se muito precisamente a uma série de outros sítios de características similares distribuídos por um extenso "Corredor" da periferia meridional da Amazônia - precisamente de Mojos (Bolívia) ao Alto Xingu, passando pelo Alá Madeira e incluindo o Alto Acre -, apontando para uma co-evolução de Sistemas Culturais Arawak por volta do ano 1000 (Heckenberger 1996).
O Traço Central e Globalizador desses Sistemas Arawak é a "Integração Sociopolítica regional baseada em cultura e ideologia comuns e padrões desenvolvidos de troca (comércio, casamento, visitação e cerimonialismo intertribal)"(Heckenberger 2001); eu incluiria ainda o aspecto das alianças de guerra.
De acordo com as evidências dos vários sítios já escavados e a história oral Carib, sabe-se que em meados do Século XVIII já estava consolidado o modelo do Sistema Sociocultural Multiétnico atualmente conhecido.
Nessa área uma lacuna de investigação ainda está por ser preenchida, trata-se da Etnohistória das relações entre os Arawak e Carib Xinguanos, os grupos que deram origem a esse Sistema Multiétnico.
Heckenberger (1996) fez a sua pesquisa entre os Kuikuro, um grupo Carib, portanto as suas interpretações são devedoras dos pontos de vista que os Kuikuro imprimiram na História Xinguana.
Índio Kuikuro
Povo Kuikuro
Agora é necessário seguir as trilhas dos três últimos grupos Arawak que ainda preservam a sua História Oral, os Waujá, os Mehinako e os Yawalapiti.
Povo Waujá
Povo Mehinako
Índios -Mehinako
Povo Yawalapiti
Índios Yawalapiti
O entendimento da História Xinguana será mais rico quanto mais pontos de vista forem confrontados.
O Estudo dos Rituais parece ser um dos melhores caminhos para isso, como demonstra o estudo de Menezes Bastos (1990) sobre o Yawari entre os Kamayurá.
Povo Yawarí
ETNIA KAMAYURÁ
A MUSICOLÓGICA KAMAYURÁ - Menezes Bastos
A Música Ritual, por exemplo, performatiza uma delicadíssima "linguagem de historicização" das relações entre os Xinguanos.
Para os Waujá, em especial, a Música é sempre História, seja ela sobre um passado recente, envolvendo fatos simples da vida, sobre encontros com outras tribos, ou sobre o tempo em que os animais eram gente e falavam.
O Estudo Extensivo dos Rituais permitirá esclarecer as fortes hipóteses que indicam o Sistema Social Xinguano assentado sobre uma base ideológica Arawak, isso porque está nos rituais os elementos atualizadores da "Etiqueta da Xinguanidade" e da estilização das relações sociais em nível regional, tais elementos são claramente depreendidos das etnografias disponíveis sobre o assunto.
Existem apenas duas Etnografias que podem ser consideradas "Completas" sobre os Rituais Intertribais Xinguanos, uma de Agostinho (1974) e a outra de Menezes Bastos (1990).
“LÍNGUA WAUJÁ” (ARAWÁK):
LIVRO WAUJÁ - APAPAATAI
Tais preocupações
intensificaram-se após a publicação do artigo de Krauss (1992) que estimou que 90% das
línguas do mundo estariam em perigo de extinguir-se no século XXI.
De acordo com Moore, Galucio e Gabas Jr. (2008), a questão do desaparecimento das línguas indígenas vem chamando a atenção da comunidade internacional, com notícias da situação precária em que se encontram a maioria
das línguas nativas e da necessidade dos governos nacionais, procurarem medidas
urgentes para sua preservação e documentação.
Nesse aspecto é relevante retomar o Artigo 231 da Constituição Federal do
Brasil que diz:
São reconhecidos aos índios sua organização social,
costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre suas
terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e
fazer respeitar todos seus bens (BRASIL, 1988).
Embora essa língua não seja considerada como em extremo perigo de extinção, ela é apresentada
pela UNESCO
(2009) como uma língua de vitalidade
vulnerável.
Em termos estritamente científicos concordamos com Krauss (1992), no sentido que:
Obviously,
for scientific purposes, it is most urgent to document languages before they
disappear.
The
urgent increases with the proximity to extinction”.
"Obviamente, para fins
científicos, é mais urgente para idiomas do documento antes que eles
desapareçam; O urgente aumenta com a proximidade à extinção ".
Nesse sentido, descrever os aspectos fonológicos da língua Wauja é registrar um dos seus
maiores bens culturais.
CONSTITUI UMA PARTE
IMPORTANTE, POIS TEREMOS, ASSIM, UM RETRATO DA LÍNGUA WAUJÁ REGISTRADA DESDE A
DÉCADA DE 50.
O Povo Waujá, atualmente,
está dividido em três aldeias: Piyulaga (Aldeia Principal), Aruak e Lupuene.
Essas aldeias encontram-se no Alto Xingu, Parque Nacional do
Xingu, no Estado de Mato Grosso.
Língua Waujá (ou Waurá), que pertence à Família Linguística Arawák /Aruak.
O Método Linguístico utilizado de Adolfo Constenla Umaña
(2000), se dedica a recuperar, quando possível, a estrutura de
línguas que possuem dados transcritos.
Créditos : Adriana Viana Postigo
O Povo e a Língua Waujá
Os Wauja, à diferença de outros povos
indígenas do Brasil, mantêm vivo o uso da língua materna, ela é usada
na comunicação diária por todas as faixas etárias: crianças, jovens, adultos e
idosos.
O Povo Wauja é constituído por
aproximadamente 410
pessoas, de acordo com o Instituto Socioambiental
(2006).
A Riqueza de Cultura material dos Waujá é imensa.
São conhecidos pela Beleza de sua Arte Cerâmica, Grafismos em Cestos, Arte Plumária e Máscaras Rituais.
Possuem uma Mito-Cosmologia
complexa e fascinante, na qual os Animais,
Humanos e Extra-Humanos possuem vínculos que permeiam a concepção de mundo e as práticas de xamanismo.
A língua Waujá está Classificada como pertencente à Família linguística Arawák.
Esta é a maior família
linguística das Américas no que se refere ao número de línguas, incluindo as ramificações
internas e abrange a maior área geográfica de qualquer grupo linguístico da
América Latina.
Sobre a relações internas
entre as línguas da família Arawák, Rodrigues (1986) afirma que “SÃO AINDA POUCO
CONHECIDAS NOS SEUS DETALHES.
EMBORA UM GRANDE NÚMERO DESSAS LÍNGUAS ESTEJA SENDO ESTUDADO, NÃO HÁ
AINDA BONS ESTUDOS COMPARATIVOS PARA DETERMINAR COMO SE RELACIONAM UMAS COM AS
OUTRAS”.
A Falta de Estudos Comparativos é ainda mais problemático em
se tratando, sobretudo, da classificação interna da família como um todo.
AS
LISTAS DE PALAVRAS
O Acervo sobre a língua Wauja é relativamente pequeno, sendo formado pelas listas de Carvalho (1951),
Bridgeman e a lista do Intercontinental
Dictionary Series (IDS).
Há, também, a lista de
palavras de Steinen (1940[1896]) e Corbera
Mori (2006, 2008).
A lista de palavras de Carvalho (1951) é composta por 288 ITENS DE FAUNA REGIONAL DO XINGU,
EM 11 LÍNGUAS INDÍGENAS:
KUIKURO, KALAPALO, MATIPÚ, NARUÓTO, UALAPITI,
MEHINAKU, WAURÁ, SUIÁ, TRUMAI, KAMAIURÁ E AWETÍ.
Esta lista está organizada pelos campos seguintes
semânticos: Mamíferos; Aves; Répteis e Anfíbios, Peixes e Invertebrados.
A lista de Bridgeman é um manuscrito
inédito de 318 itens,
disponível na Biblioteca do
Museu Nacional e no CEDAE (IEL-UNICAMP).
À diferença do material de Carvalho (1951), a lista de Bridgeman
está constituída tanto por palavras isoladas quanto por frases curtas, todas em
transcrição fonética preliminar.
A lista do Intercontinental
Dictionary Series (IDS) possui aproximadamente 1.000 palavras, todas
em transcrição fonêmica provisória.
BUSCAR UMA COMPARAÇÃO COM DADOS ATUAIS, A SEREM COLETADOS EM CAMPO,
A FIM DE ENCONTRAR CORRELAÇÕES ENTRE OS DADOS ANTIGOS E ATUAIS, PODEM, ENTÃO,
ESCLARECER MELHOR AS VARIAÇÕES FONÉTICAS E FONOLÓGICAS, QUE HOUVER.
A Maioria dos Waurás habitam as margens do Rio Batovi do qual eles tiram seus pescados, como a matrinxá e o pintado que os índios tanto apreciam, pois o Batovi é rico nessas duas espécies de peixes.
Detentores de tecnologia mais avançada que muitos dos seus vizinhos, os Waurás são grandes ceramistas.
Infelizmente para os Waurás, algumas das argilas mais cobiçadas pelos seus artistas está hoje praticamente fora de seu alcance.
Ocorre que quando foi delimitado o Parque Indígena do Xingu, foi deixado de fora parte significativa de seu território tradicional.
Essa área inclui a Kamukuaka, uma Caverna Sagrada do Cerimonial Waurá, localizada ao lado de uma queda d'água no Rio Batovi-Tamitatoala.
A Ocupação do Kamukuaka vem tendo conseqüências econômicas dramáticas para os Waurás.
A área adjacente ao Local Sagrado, ao longo do Batovi, é fonte de matéria prima, incluindo argilas para a indústria de cerâmica, plantas medicinais e conchas utilizadas no escambo.
Há também notícias de invasores, que pescam no território Waurá, sem respeito pelo período da ova.
Apesar dos protestos dos Waurás, a área chamada de Kamukuaka já foi tomada pelos ranchos e o gado, no Alto Batovi.
O Local Sagrado consiste de uma grande casa de pedra ao lado de uma cachoeira.
À boca da caverna estão esculpidas imagens das partes da mulher que geram a vida.
Os Waurás acreditam que essas esculturas tem o poder de aumentar a fertilidade das coisas vivas.
Segundo a tradição oral da tribo, a caverna existe desde antes antes do começo do mundo e da criação dos homens.
Contam os mais velhos, que o sol vivia na caverna quando ainda caminhava sobre a terra em forma humana.
Um dia, irado, tentou destruir a casa.
Daí o buraco em um dos lados da caverna.
Kamukuaka é também a residência dos espíritos Waurás, chamados de Inyãkãnãu, ou, "aqueles que ensinam".
Os Espíritos guiam os líderes, que aparecem para eles em visões, ajudando-os a curar os doentes e a promover a harmonia na aldeia.
Hoje, sem acesso a Kamukuaka, os jovens Waurás conhecem o lugar sagrado apenas através dos depoimentos dos mais velhos.
Seu mais importante cerimonial foi transferido para um lugar próximo à aldeia.
Ao contrário dos seus vizinhos ao norte, os Kayapós, para a Etnia Waurá, a guerra é vista como degradação moral.
Lideranças Caiapó / Kaiapó
A explicação está na lenda:
"O Sol oferece um rifle ao ancestral dos Waurás, mas a pessoa vira o objeto em suas mãos, sem saber para que serve.
O Sol tira o rifle e oferece-o ao ancestral dos guerreiros, que vivem ao norte da tribo.
Esse Índio também não sabe o que fazer com o objeto.
O Sol oferece-o então ao ancestral do homem branco.
Território Waurá na reserva do Xingú |
O Homem Branco imediatamente leva o rifle ao ombro e atira várias vezes, marcando sua posse da tecnologia superior que será sua.
O Sol dá arcos de madeira aos índios, que ficam satisfeitos.
Depois o Sol passou uma caneca, pedindo a todos que bebessem seu conteúdo.
O Ancestral dos Waurás aproximou-se, mas viu que a caneca estava cheia de sangue.
Recusou-se então a beber.
Mas quando a caneca foi oferecida ao guerreiro, ele bebeu dela com sofreguidão.
É por isso que os homens brancos e os guerreiros indígenas são hoje tão violentos, por que gostam do gosto do sangue.
Aos Waurá terminou por ser oferecida uma caneca de mandioca.
Por isso não são pessoas violentas".
Com a Paz Xinguana, a maneira com que os Waurás se referem à outras tribos modificou-se.
Hoje, graças à realidade do parque e suas fronteiras estáveis, que força com que as tribos vivam sem conflito e até adotem práticas similares, os Waurás vêm reconhecendo todos os índios como um só grupo.
Até os Guerreiros ao norte passaram de Apalunaun - nossos inimigos - para Apawaun - nossos amigos.
Tem havido ainda casamentos entre os Waurás e os Kayapós, antes considerados impossíveis - à exceção do Seqüestro.
ACESSE OS LINKS:
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LIVROS:
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LIVROS:
Livro - Central ARAWAKS - William Curtis Farabee
Livro - História dos Waujá
Oração Waurá
Parque Indígena do XINGÚ
Livro - Quarup - Antonio Callado
Um Século de Antropologia no Xingú - Karl Von Den Steinen
YAMINAWÁ
FOTOS:
Awaulukum Waurá
CERÂMICA WAURÁ
CERÂMICA WAURÁ
Dança Yowma Waujá
KUARUP - XINGÚ
NASSA ARMADILHA DE PESCA WAURÁ
PESCA WAURÁ
TATUAGENS FEMININAS KAMAYURÁ
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WAUJÁ - DANÇA DAS MÁSCARAS
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Arte - Waujá
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